A paixão, em si, é cega, e, a priori, nem é um bem e
nem um mal. Cabe-nos direcioná-la, para que se torne uma força irresistível e
benigna que atue a nosso favor. Sem ela, nada do que fizermos atingirá a
excelência e a perfeição. A paixão é como um legítimo cavalo puro-sangue. Um
animal desse tipo, forte, saudável e veloz, pode nos levar com mais rapidez e
segurança a qualquer lugar que queiramos. Para isso, porém, é indispensável que
seja domado. Se for xucro, nos derrubará da sela antes que sequer consigamos
piscar. Para nos ser útil, é indispensável que estabeleçamos com o animal uma
relação de mútua confiança, até mesmo de amizade. A paixão também é assim. É
mister que se lembre que ela pode ser definida como um comprometimento
irrestrito e absoluto, sem dúvidas ou vacilações, com uma pessoa, uma idéia ou
uma causa.
***
Antes de montarmos no puro-sangue da paixão, é
indispensável que tenhamos completa certeza da excelência de quem ou do que
queremos conquistar. Ou seja, temos que “domá-la”. Estabelecida, porém, essa
convicção, nada é mais seguro e rápido do que, no dorso do “cavalo” da paixão,
galoparmos, livres e confiantes, rumo ao sucesso e à felicidade. O humanista
Daisaku Ikeda, líder budista japonês, que além de tudo é poeta, nos alerta,
contudo, em seu livro “Vida um enigma, uma jóia preciosa”: “Controlar a paixão
é como correr num cavalo desembestado. Se as rédeas são relaxadas por um
instante, o cavaleiro pode ser jogado fora da sela. O certo é dominar e
utilizar as forças e energias, de modo que o cavaleiro e o animal se movam como
se fossem um só”. Essa é a cautela que falta a muita gente que se move, apenas,
pela paixão, sem nenhum resquício de razão.
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