Saturday, January 03, 2015

Quem não divulga se esconde

Pedro J. Bondaczuk

O ano de 2014 foi, para mim, dos mais gratificantes. Não o esquecerei jamais enquanto viver. É verdade que não fiquei rico nos 365 dias recém-findos (a não ser de idéias e de sonhos). Até tentei dar uma “ajudazinha” ao acaso, fazendo uma aposta na megassena da virada, assim como milhões de brasileiros fizeram. Das seis dezenas que escolhi e assinalei no volante, todavia, consegui a façanha de não acertar, a rigor, nenhuma. Vá ser ruim de palpite assim na... Deixa pra lá! Não foi ainda desta vez que garanti a independência financeira dos meus quatro filhos e dois netos.

Ademais, não me tornei famoso, a não ser em meu restritíssimo círculo de conhecidos. Não conquistei nenhum prêmio literário. Não fui alvo de nenhuma homenagem por minha atuação como redator, sobretudo na internet, que me possibilita exibir meus textos para um público potencialmente “infinito” (ou quase isso). “Então, por quais cargas d’água esse sujeitinho meio estranho e vaidoso considera 2014 um ano tão gratificante se tudo em sua vida se manteve como sempre foi?!”, deve estar vociferando aquele leitor sumamente crítico e mordaz, perpetuamente mau-humorado, buscando defeitos e pretextos para espinafrar qualquer um com que cisme, acrescentando à interrogação uma infinidade de pontos de exclamação para dar maior ênfase à sua impaciência.

Calma! Eu explico. Antes, observo que, embora não pareça, detesto escrever sobre mim mesmo. Prefiro que outros o façam, mesmo que seja para criticar o que sou (o que só é possível para quem me conhece pessoalmente), ou o que faço, (o que amplia, em muito, o universo de meus potenciais analistas). Ocorre que nem um e nem outro, há décadas, escreve reles linha sobre mim. Não, pelo menos, nos meios de comunicação, incluindo, aí, a internet, com seus blogs e sites. Já da minha parte, não me canso de escrever sobre escritores do presente e do passado, famosos ou obscuros, brasileiros ou de outras tantas partes do mundo. Já escrevi pelo menos 500 textos do tipo (e provavelmente essa cifra está muitíssimo subestimada), sem jamais sequer insinuar algo de negativo sobre suas pessoas ou suas obras. E isso me incomoda? Estaria mentindo caso afirmasse que não. É questão de vaidade? Talvez, mas só um pouquinho. O motivo é, sobretudo, prático: é de divulgação. Afinal, quem não é divulgado (e não se divulga) se esconde. E escondido, não tem porque reclamar de fracassos literários ou de qualquer outro tipo.

Ademais, volta e meia sou “cutucado” por leitores para que escreva mais a meu respeito: onde nasci, o que gosto, o que detesto, como foi minha infância, quais são minhas idéias e opiniões etc.etc.etc. e vai por aí afora. Por isso, correndo o risco de parecer que adoto o culto à personalidade (no caso, a minha) ou que adoro meu próprio umbigo como se fosse uma divindade (o que está anos-luz de corresponder à realidade), me arrisco e escrevo, volta e meia, textos que têm, como personagem, sabem quem? A minha insignificante figura. Mas não expliquei ainda o motivo de 2014 haver sido, para mim, ano tão especial e gratificante. Afinal, não fiquei rico, nem famoso e nem mesmo ganhei nenhum prêmio (como ocorria até recentemente)  e nem fui homenageado por ninguém.       

Ocorre que, finalmente, concluí mais um livro, “Eros e Tanatos”, em que relaciono três dezenas de escritores, que exaltaram com alma e entusiasmo a vida, mas que... cometeram suicídio, por várias razões. Alguns o fizeram por descobrir que eram portadores de doenças incuráveis, outros por desgosto amoroso, outros por não conseguirem se livrar do álcool e das drogas, outros ainda num acesso de insânia. E os motivos são bastante variáveis. Todos, contudo, deixaram que na “luta renhida entre Eros e Tanatos, o segundo triunfasse. “Só isso?”, perguntará aquele leitor chato que mencionei, já engatilhando uma crítica raivosa eivada de ironia. Bem, não é pouco, mas não é só isso. Ampliei, também, meu livro de contos, “Passarela de sonhos”, acrescentando cinco novas histórias. Querem mais? Fiz importantes acréscimos ao livro “Copas ganhas e perdidas”, que pretendia ter publicado no ano passado, mas que não o fiz, por não haver conseguido fechar acordo com nenhuma editora. Ele ficou, agora, mais completo e atual, com as adições das circunstâncias e decepções proporcionadas pelo Mundial sediado no Brasil, com destaque, óbvio, para os 7 a 1 que a Alemanha nos infligiu.

Agora, são quinze os livros escritos e acabados (eram  dezoito, mas três eu abortei definitivamente, destruindo os originais, por não satisfazerem o padrão de qualidade que eu auto me impus) que vêm se juntar aos quatro que publiquei (“Quadros de Natal”, “Por uma nova utopia”, “Cronos e Narciso” e “Lance fatal”, pela ordem). Eles são os seguintes, em ordem alfabética: “A capital da esperança” (sobre os escritores de Brasília), “Arte que resgata” (ensaios), “Baú de tesouros” (crônicas), “Copas ganhas e perdidas” (autobiográfico), “Desafio da Esfinge” (crônicas), “Dimensões infinitas” (ensaios), “Eros e Tanatos” (biografias), “Guerra dos sexos” (ensaios), “Jornalismo é paixão” (artigos sobre jornalismo), “País da luz” (crônicas), “Passarela de sonhos” (contos), “Planeta emoção” (crônicas), “Reflexões para hoje e sempre” (reflexões diárias), “Selva de pedra” (crônicas) e “Sem eira e nem beira” (contos). Ufa!!!

E por que trago tudo isso à baila, e neste espaço em que deveria tratar exclusivamente de assuntos, digamos, mais sérios referentes à Literatura? Um dos motivos é a esperança (remotíssima) de interessar alguma editora, já que sei que muitos editores são meus seguidores no Facebook, embora nenhum deles, em tempo algum, tenha mostrado o mais remoto interesse em publicar qualquer dos meus livros. Outro é, quem sabe, despertar o interesse de algum empresário, amante das artes e da literatura, para patrocinar a publicação de alguma dessas obras, recorrendo à lei de incentivo à cultura, que lhe garante abatimento no Imposto de Renda. Mas a principal razão é, mesmo, a de satisfazer a curiosidade de dezenas e dezenas de leitores que me solicitaram que escrevesse mais sobre mim e minhas atividades literárias. Afinal de contas, divulgação é essencial e em qualquer atividade. E... quem não divulga, se esconde. Esconder-me, asseguro-lhes, é a última coisa que já me passou pela cabeça.


Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk 

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