Quem
não divulga se esconde
Pedro J. Bondaczuk
O ano de 2014 foi, para mim, dos
mais gratificantes. Não o esquecerei jamais enquanto viver. É verdade que não
fiquei rico nos 365 dias recém-findos (a não ser de idéias e de sonhos). Até
tentei dar uma “ajudazinha” ao acaso, fazendo uma aposta na megassena da
virada, assim como milhões de brasileiros fizeram. Das seis dezenas que escolhi
e assinalei no volante, todavia, consegui a façanha de não acertar, a rigor,
nenhuma. Vá ser ruim de palpite assim na... Deixa pra lá! Não foi ainda desta
vez que garanti a independência financeira dos meus quatro filhos e dois netos.
Ademais, não me tornei famoso, a
não ser em meu restritíssimo círculo de conhecidos. Não conquistei nenhum
prêmio literário. Não fui alvo de nenhuma homenagem por minha atuação como
redator, sobretudo na internet, que me possibilita exibir meus textos para um
público potencialmente “infinito” (ou quase isso). “Então, por quais cargas
d’água esse sujeitinho meio estranho e vaidoso considera 2014 um ano tão
gratificante se tudo em sua vida se manteve como sempre foi?!”, deve estar
vociferando aquele leitor sumamente crítico e mordaz, perpetuamente
mau-humorado, buscando defeitos e pretextos para espinafrar qualquer um com que
cisme, acrescentando à interrogação uma infinidade de pontos de exclamação para
dar maior ênfase à sua impaciência.
Calma! Eu explico. Antes, observo
que, embora não pareça, detesto escrever sobre mim mesmo. Prefiro que outros o
façam, mesmo que seja para criticar o que sou (o que só é possível para quem me
conhece pessoalmente), ou o que faço, (o que amplia, em muito, o universo de
meus potenciais analistas). Ocorre que nem um e nem outro, há décadas, escreve
reles linha sobre mim. Não, pelo menos, nos meios de comunicação, incluindo,
aí, a internet, com seus blogs e sites. Já da minha parte, não me canso de
escrever sobre escritores do presente e do passado, famosos ou obscuros,
brasileiros ou de outras tantas partes do mundo. Já escrevi pelo menos 500
textos do tipo (e provavelmente essa cifra está muitíssimo subestimada), sem
jamais sequer insinuar algo de negativo sobre suas pessoas ou suas obras. E
isso me incomoda? Estaria mentindo caso afirmasse que não. É questão de
vaidade? Talvez, mas só um pouquinho. O motivo é, sobretudo, prático: é de
divulgação. Afinal, quem não é divulgado (e não se divulga) se esconde. E
escondido, não tem porque reclamar de fracassos literários ou de qualquer outro
tipo.
Ademais, volta e meia sou
“cutucado” por leitores para que escreva mais a meu respeito: onde nasci, o que
gosto, o que detesto, como foi minha infância, quais são minhas idéias e
opiniões etc.etc.etc. e vai por aí afora. Por isso, correndo o risco de parecer
que adoto o culto à personalidade (no caso, a minha) ou que adoro meu próprio
umbigo como se fosse uma divindade (o que está anos-luz de corresponder à
realidade), me arrisco e escrevo, volta e meia, textos que têm, como
personagem, sabem quem? A minha insignificante figura. Mas não expliquei ainda
o motivo de 2014 haver sido, para mim, ano tão especial e gratificante. Afinal,
não fiquei rico, nem famoso e nem mesmo ganhei nenhum prêmio (como ocorria até
recentemente) e nem fui homenageado por
ninguém.
Ocorre que, finalmente, concluí
mais um livro, “Eros e Tanatos”, em que relaciono três dezenas de escritores,
que exaltaram com alma e entusiasmo a vida, mas que... cometeram suicídio, por
várias razões. Alguns o fizeram por descobrir que eram portadores de doenças
incuráveis, outros por desgosto amoroso, outros por não conseguirem se livrar
do álcool e das drogas, outros ainda num acesso de insânia. E os motivos são
bastante variáveis. Todos, contudo, deixaram que na “luta renhida entre Eros e
Tanatos, o segundo triunfasse. “Só isso?”, perguntará aquele leitor chato que
mencionei, já engatilhando uma crítica raivosa eivada de ironia. Bem, não é
pouco, mas não é só isso. Ampliei, também, meu livro de contos, “Passarela de
sonhos”, acrescentando cinco novas histórias. Querem mais? Fiz importantes
acréscimos ao livro “Copas ganhas e perdidas”, que pretendia ter publicado no
ano passado, mas que não o fiz, por não haver conseguido fechar acordo com
nenhuma editora. Ele ficou, agora, mais completo e atual, com as adições das
circunstâncias e decepções proporcionadas pelo Mundial sediado no Brasil, com
destaque, óbvio, para os 7 a 1 que a Alemanha nos infligiu.
Agora, são quinze os livros
escritos e acabados (eram dezoito, mas
três eu abortei definitivamente, destruindo os originais, por não satisfazerem
o padrão de qualidade que eu auto me impus) que vêm se juntar aos quatro que
publiquei (“Quadros de Natal”, “Por uma nova utopia”, “Cronos e Narciso” e
“Lance fatal”, pela ordem). Eles são os seguintes, em ordem alfabética: “A
capital da esperança” (sobre os escritores de Brasília), “Arte que resgata”
(ensaios), “Baú de tesouros” (crônicas), “Copas ganhas e perdidas”
(autobiográfico), “Desafio da Esfinge” (crônicas), “Dimensões infinitas”
(ensaios), “Eros e Tanatos” (biografias), “Guerra dos sexos” (ensaios),
“Jornalismo é paixão” (artigos sobre jornalismo), “País da luz” (crônicas),
“Passarela de sonhos” (contos), “Planeta emoção” (crônicas), “Reflexões para
hoje e sempre” (reflexões diárias), “Selva de pedra” (crônicas) e “Sem eira e
nem beira” (contos). Ufa!!!
E por que trago tudo isso à
baila, e neste espaço em que deveria tratar exclusivamente de assuntos,
digamos, mais sérios referentes à Literatura? Um dos motivos é a esperança
(remotíssima) de interessar alguma editora, já que sei que muitos editores são
meus seguidores no Facebook, embora nenhum deles, em tempo algum, tenha
mostrado o mais remoto interesse em publicar qualquer dos meus livros. Outro é,
quem sabe, despertar o interesse de algum empresário, amante das artes e da
literatura, para patrocinar a publicação de alguma dessas obras, recorrendo à
lei de incentivo à cultura, que lhe garante abatimento no Imposto de Renda. Mas
a principal razão é, mesmo, a de satisfazer a curiosidade de dezenas e dezenas
de leitores que me solicitaram que escrevesse mais sobre mim e minhas
atividades literárias. Afinal de contas, divulgação é essencial e em qualquer
atividade. E... quem não divulga, se esconde. Esconder-me, asseguro-lhes, é a
última coisa que já me passou pela cabeça.
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