Remédio pode ser veneno
Pedro J. Bondaczuk
O
presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, Isaac
Benchimol, divulgou, durante a semana, uma nota que é no mínimo preocupante.
Afirmou que o consumo de medicamentos no País, inclusive os de tarja negra, que
só podem ser vendidos sob receita médica, aumentou em pelo menos 50% nos
últimos dois anos.
A
maioria dos que adquirem esses remédios o faz por conta própria ou por
indicação de amigos, quando não "receitados" por balconistas de
farmácias. Além de temerária, para não dizer estúpida, a automedicação põe em
risco a vida dos que agem dessa maneira.
Muitos
poderiam argumentar que é tão caro o serviço privado de saúde no País, e tão
ruim o público, que este acaba sendo o único recurso que resta à camada mais
pobre da população, que é a grande maioria. Bobagem. O mesmo medicamento que
serve para curar as doenças para as quais foi desenvolvido tende a matar, ou
provocar problemas sérios, aos que não deveriam fazer uso dele.
Em
certos casos, automedicar-se equivale a tentar cometer suicídio por
envenenamento, posto que muitas vezes de maneira lenta e, portanto, mais
dolorosa e angustiante.
A
nota da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro destinou-se,
igualmente, aos médicos. Objetivou esclarecê-los para que se tornem mais
criteriosos na hora de receitar remédios. Benchimol chamou a atenção, em
especial, para os antidepressivos, como o Prozac.
As
pessoas precisam perder a mania de recorrer aos "calmantes" sempre
que os problemas se acumulem e se sintam angustiadas. Há maneiras muito mais
agradáveis, prudentes e sobretudo saudáveis de se livrar das tensões do dia a
dia. Até mesmo uma boa conversa faz melhores efeitos contra o nervosismo do que
o ato de engolir pílulas e mais pílulas, em geral por conta própria.
Diz
um ditado muito popular entre nós que de "médico, economista e técnico de
futebol todo brasileiro tem um pouco". Pois no primeiro caso, quem se
achar um entendido no organismo humano, mesmo sem ter cursado Medicina, na
verdade é um estúpido. Não tem amor à vida.
Por
outro lado, é necessária rigorosa fiscalização para impedir que simples
balconistas "receitem" e vendam medicamentos sem a respectiva
receita. Quem age assim, em vez de estar ajudando uma pessoa doente, está contribuindo
para agravar o seu mal. Ou, o que é provável, para matá-la.
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