Incômodo recorde dos EUA
Pedro J. Bondaczuk
Os EUA são,
reconhecidamente, a nação mais rica e poderosa do mundo. Mas também detêm um
outro recorde, do qual nenhum norte-americano consegue se vangloriar. São o
país com o maior consumo de drogas do Planeta, a ponto do ex-presidente Richard
Nixon Ter declarado, ainda em 1971, em mensagem ao Congresso, que “o inimigo
número um da América é o abuso” do uso de tóxicos.
Entre
o imenso “arsenal de loucura” utilizado, especialmente por pessoas de condições
sociais mais elevadas, um dos principais é a cocaína, alcalóide obtido das
folhas de coca, planta cujo nome científico é “Erythroxylum coca”, e que é
largamente cultivada na América do Sul, especialmente na Bolívia, Colômbia,
Venezuela e parte do Peru.
Através
de processos químicos, é obtido um pó branco, o cloridrato de cocaína, que
aspirado pelas narinas, ou injetável no organismo, produz uma enganadora
sensação de euforia. Um estado de grande excitação psíquica.
Entretanto,
o uso continuado dessa droga causa uma intoxicação crônica, ou seja, vicia. O
vício com a cocaína é chamado pelos médicos de cocainomania. Produz, no infeliz
rebotalho humano que consome o “pó maldito”, alucinações visuais, auditivas,
cutâneas, além de uma patológica alteração no seu estado geral.
Sua
ação deletéria sobre o corpo e a mente é particularmente rápida e dolorosa,
levando a pessoa em pouco tempo à beira da loucura e da completa frouxidão
moral. Não é necessário um consumo muito continuado para se adquirir a
cocainomania. Mas a cura do vício, embora possível em alguns casos, é lenta e
dolorosa, sendo muito freqüentes as recaídas.
No
começo do século, as pessoas não tinham noção exata desse processo destruidor
da droga. Em 1910, por exemplo, o dr. Hamilton Wright, considerado o pai das
leis antinarcóticos nos EUA, denunciava que empreiteiros norte-americanos davam
cocaína a seus empregados negros para fazê-los trabalhar mais.
Atletas,
estudantes e profissionais liberais consumiam, também, indiscriminadamente, o
pó, no afã de obterem maiores performances em suas atividades. E acabaram se
arruinando e causando terríveis males aos seus familiares.
Hoje
é impressionante a quantidade de viciados nos EUA! E eles só conseguem é fazer
a fortuna desses desclassificados, que são os traficantes e os cabeças da
produção e comércio da terrível droga. Um quilo de cocaína pura está valendo,
naquele país, US$ 535 mil. Ou seja, US$ 535 por grama (algo em torno de Cr$ 2
milhões).
Para
que o leitor tenha uma idéia do volume de procura da droga pelos viciados,
basta dizer que apenas entre 26 de janeiro e 2 de fevereiro deste ano, portanto
no espaço de uma semana, as autoridades norte-americanas, responsáveis por
coibir esse comércio, apreenderam mais cocaína na Flórida do que em todo o ano
de 1981. E essas apreensões foram irrisórias em relação ao volume de entrada do
produto no país.
Por
essa razão, a guerra contra o vício (e seus mentores) deve intensificar-se em
todo o mundo, contando com a efetiva participação da Organização dos Estados
Americanos, da ONU e de vários outros organismos internacionais. Existe a
necessidade de que a legislação de combate ao tráfico se torne muito mais
severa do que atualmente. E que haja um empenho de fato dos diversos governos,
tanto dos países produtores, quanto dos consumidores, para pelo menos reduzir
substancialmente as proporções da venda e do consumo desse e de outros tóxicos.
Afinal,
conforme declaração recentemente firmada por todos os integrantes das Nações
Unidas, os comerciantes de drogas são, com todas as letras, os verdadeiros
“inimigos da humanidade”. Não há, portanto, porque se ter complacência com
eles!
(Artigo
publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 16 de fevereiro
de 1985).
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