Reforma tributária
Pedro J. Bondaczuk
O secretário da Receita
Federal, Osíris Lopes Filho, em recente entrevista, mostrou-se
surpreso com o nível de sonegação que constatou somente nas 30 mil
maiores empresas do País.
De cada real arrecadado, 71
centavos são sonegados, o que corresponde a 71% dos recursos que
deveriam ser arrecadados aos cofres públicos, constatou. A pergunta
óbvia que se faz é: Por que tanta gente sonega? Seria apenas em
decorrência da distorção cultural do "levar vantagem em
tudo"? Seria falta de patriotismo, de espírito cívico ou
excesso de cobiça? Em alguns casos, até pode ser. Mas atribuir
somente a esses fatores o problema seria uma conclusão, no mínimo,
infantil.
O sistema tributário
brasileiro é deficiente, confuso, ambíguo e requer, há muito, uma
reforma, que vem sendo seguidamente adiada, não se sabe até quando.
Desde tempos bastante remotos, cidadãos, de diversas sociedades
nacionais, sempre relutaram em pagar tributos.
Não por não acreditarem na
necessidade de financiar uma administração, um Estado, uma nação,
mas porque nem sempre, ou quase nunca, o dinheiro arrecadado era
aplicado em benefício geral. Reis, imperadores, presidentes e
primeiros-ministros, pelo mundo afora, e ao longo do tempo,
enriqueceram e tornaram parentes, amigos e apaniguados abastados às
custas dos cofres públicos.
Isto nunca foi novidade em
lugar algum. No Império Romano, o funcionário mais respeitado e
simultaneamente mais temido e odiado era o coletor de impostos. Hoje,
guardadas as proporções, não é muito diferente. Ainda mais no
nosso caso, já que temos uma parafernália tributária de deixar
qualquer empresário maluco.
Várias reformas foram
anunciadas e até tentadas. A rigor, o assunto manteve-se em
evidência quase que o tempo todo, ao longo dos três últimos
governos. Jogou-se uma infinidade de retórica fora mas, de prático,
não houve qualquer avanço.
Somos favoráveis `existência
de somente seis impostos, e não os mais de 50 que existem
atualmente, apenas para que sejam sonegados. A racionalização
permitiria que muitas empresas, hoje agindo na ilegalidade, ficassem
regularizadas e pudessem investir, produzir mais, aumentar as vendas
e aí sim permitir que o Estado tivesse aumento de arrecadação.
Através da expansão da base tributável.
A fórmula, por sinal, sequer
é nova ou é nossa. Foi enunciada pelo economista norte-americano
Arthur Laffer, em 1970. Afirmou, o Prêmio Nobel de Economia, nessa
ocasião: "A redução de impostos leva à recuperação dos
investimentos e ao crescimento". Infelizmente, nós teimamos em
nos manter na contramão da mais elementar lógica.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 18 de julho de 1994).
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