Misticismo e mistificação
Pedro J. Bondaczuk
O
"misticismo" nem sempre é devidamente entendido ou
corretamente interpretado. Não se trata de alienação, como supõem
os desavisados e néscios, e muito menos de práticas de rituais
vazios, exóticos e sem qualquer significado. Não é, também, a
autoflagelação, o prazer no sofrimento, a mortificação física
como alguns idiotas masoquistas entendem.
Mística
é aquela pessoa que sente a divindade em si. É o indivíduo que tem
a certeza da existência de um Deus (embora não tenha meios de
comprovar esse conhecimento de maneira concreta e não disponha de
condições de descrever nem a sua natureza e nem a extensão do seu
poder) e sabe que é parte integrante Dele.
É
quem faz da sua vida uma obra de arte, ligado, de maneira definitiva
ao transcendente. Não precisa que lhe ensinem como se conduzir face
aos semelhantes, pois é amoroso, solidário, altruísta, honesto,
produtivo, leal etc.
É
quem tem na meditação um exercício permanente de crescimento
espiritual e engrandecimento pessoal e possui uma fé inabalável,
embora não se prenda a dogmas de qualquer natureza. Não se atém a
religiões específicas, pois sabe que todas desembocam em um único
e grande caminho, que é o da busca de Deus. Exercita a "religação"
com o Ente superior, Criador de todas as coisas, constantemente.
Já
o termo "mistificador" tem outro sentido e de caráter
pejorativo. Significa enganador, embusteiro ou, (numa expressão mais
popular, bem nossa), vigarista. Não entende o mistério da criação,
da divindade, do sentido real da existência, mas dá a entender que
sim, e consegue enganar os tolos e os incautos com uma série de
conceitos infantis e absurdos.
Garante
estar de posse da "verdade" com exclusividade e insinua que
as demais pessoas não estão preparadas para ela. Ou, num outro
extremo, busca apregoar um ateísmo que, na verdade, não possui (não
é possível que haja alguém tão estúpido a ponto de achar que o
universo, e tudo o que nele há, surgiram por acaso, sem uma
inteligência superior que direcionasse esse processo).
Buscar,
portanto, o misticismo, é uma atitude racional, sensata e
inteligente. A vida, com certeza, não se resume somente nisso que se
vê: sofrimento, maldade, egoísmo, ambição, violência e tudo o
que torna este mundo maravilhoso um lugar tão difícil de viver. Mas
ser um mistificador é enganar-se a si mesmo. E isso é o suprassumo
da tolice.
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