Friday, July 28, 2017

Misticismo e mistificação



Pedro J. Bondaczuk


O "misticismo" nem sempre é devidamente entendido ou corretamente interpretado. Não se trata de alienação, como supõem os desavisados e néscios, e muito menos de práticas de rituais vazios, exóticos e sem qualquer significado. Não é, também, a autoflagelação, o prazer no sofrimento, a mortificação física como alguns idiotas masoquistas entendem.

Mística é aquela pessoa que sente a divindade em si. É o indivíduo que tem a certeza da existência de um Deus (embora não tenha meios de comprovar esse conhecimento de maneira concreta e não disponha de condições de descrever nem a sua natureza e nem a extensão do seu poder) e sabe que é parte integrante Dele.

É quem faz da sua vida uma obra de arte, ligado, de maneira definitiva ao transcendente. Não precisa que lhe ensinem como se conduzir face aos semelhantes, pois é amoroso, solidário, altruísta, honesto, produtivo, leal etc.

É quem tem na meditação um exercício permanente de crescimento espiritual e engrandecimento pessoal e possui uma fé inabalável, embora não se prenda a dogmas de qualquer natureza. Não se atém a religiões específicas, pois sabe que todas desembocam em um único e grande caminho, que é o da busca de Deus. Exercita a "religação" com o Ente superior, Criador de todas as coisas, constantemente.

Já o termo "mistificador" tem outro sentido e de caráter pejorativo. Significa enganador, embusteiro ou, (numa expressão mais popular, bem nossa), vigarista. Não entende o mistério da criação, da divindade, do sentido real da existência, mas dá a entender que sim, e consegue enganar os tolos e os incautos com uma série de conceitos infantis e absurdos.

Garante estar de posse da "verdade" com exclusividade e insinua que as demais pessoas não estão preparadas para ela. Ou, num outro extremo, busca apregoar um ateísmo que, na verdade, não possui (não é possível que haja alguém tão estúpido a ponto de achar que o universo, e tudo o que nele há, surgiram por acaso, sem uma inteligência superior que direcionasse esse processo).

Buscar, portanto, o misticismo, é uma atitude racional, sensata e inteligente. A vida, com certeza, não se resume somente nisso que se vê: sofrimento, maldade, egoísmo, ambição, violência e tudo o que torna este mundo maravilhoso um lugar tão difícil de viver. Mas ser um mistificador é enganar-se a si mesmo. E isso é o suprassumo da tolice.


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