Reagan impõe sua
liderança
Pedro J.
Bondaczuk
O chamado “Grupo dos Sete”, que congrega as nações mais
ricas do mundo capitalista, não escondia, ontem, ao término da 14ª reunião de
cúpula desse seleto clube que toma de fato as decisões no Ocidente (de caráter
político e econômico) uma certa preocupação. É que o encontro de Toronto é o
último com a presença de seu grande líder, aquele que deu à entidade informal
coesão nas ações e que tornou seus integrantes mais prósperos do que nunca.
No próximo ano, Ronald Reagan não
irá participar da conferência, já que seu mandato presidencial termina em 20 de
janeiro de 1989. E qualquer que seja o seu sucessor, o republicano George Bush
ou o democrata Michael Dukakis, dificilmente ele conseguirá ter a mesma ascendência
sobre os seus pares que teve este bem-sucedido ex-ator.
Se as atuas pesquisas de opinião
nos Estados Unidos forem confirmadas nas urnas em 8 de novembro próximo, o novo
ocupante da Casa Branca, quando ocorrer a próxima reunião de cúpula, deverá ser
o governador de Massachusetts. Ou seja, um político ainda inexperiente na arena
internacional.
Além disso, pelo menos baseado
naquilo que ele disse até agora, em seus discursos de campanha, sua política
econômica envolve um certo ranço de protecionismo, incompatível com o
pensamento e a “práxis” da maioria dos integrantes desse clube de ricos.
Se o novo presidente
norte-americano vier a ser o atual vice, as coisas não deverão ficar muito
melhores. É verdade que George Bush comunga das idéias de Reagan acerca da
liberdade comercial. Mas seu próprio temperamento não condiz com o espírito de
liderança que o “Grupo dos Sete” requer.
Por outro lado, pensar em
entregar esse papel ao dirigente de algum dos outros seis países, é algo que
não deve dar certo. A candidata natural a tal liderança, caso isso fosse
possível, seria a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. Ocorre que os
Estados Unidos, pelo seu poder e pela sua imensa riqueza, não podem, não devem
e certamente não vão ficar numa posição subalterna perante os seus pares.
Daí a preocupação que os
dirigentes do Japão, Alemanha Ocidental, Grã-Bretanha, França, Itália e Canadá
mal podiam esconder, ontem., em Toronto, embora ninguém dissesse isso à
imprensa. Reagan pode ter cometido muitos erros em política externa, e de fato
os cometeu. Pode ter assustado, em determinados momentos, com a sua
impulsividade, o mundo, que chegou a temer um confronto entre as
superpotências, e assustou.
Mas ninguém pode negar que na
média, entre as falhas e acertos de suas duas gestões, estes últimos
prevaleceram. Ele deixará, no início de 1989, aa Casa Branca como um autêntico
vencedor. E fará falta, não tenham dúvidas.
(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 22
de junho de 1988).
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