Emoções fortes
Pedro J. Bondaczuk
O
segundo semestre do ano, que começa nesta sexta-feira, reserva emoções fortes
para os brasileiros, embora o primeiro também não fosse dos mais tranqüilos.
Além do trauma causado pelo ídolo da Fórmula 1, Ayrton Senna, em maio, a
população viveu (e vive) período de incerteza com a expectativa da introdução
do Real.
A
fase mais aguda do plano de estabilização econômica é aguardada com um misto de
desencanto, de temor, mas com uma pontinha de esperança. Na próxima
segunda-feira, por outro lado, a participação da seleção brasileira na Copa do
Mundo atinge sua fase aguda, com o início das oitavas de final, em que cada
partida é decisiva. Uma derrota e outro sonho vai para o espaço.
Findo
o burburinho da introdução do Real e acabada a tentativa da conquista do tetra
--- que todos esperam e confiam que será coroada de êxito --- novas emoções
fortes aguardam os brasileiros. A campanha para as eleições presidenciais, para
os governos dos Estados, Assembléias Legislativas e Congresso Nacional vão
esquentar e, provavelmente, pegar fogo.
Em
agosto, a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão terá início,
com possibilidades de alterar os resultados das pesquisas. Economia, futebol e
política, três paixões nacionais, que nos últimos tempos têm se constituído em
fontes de frustrações e aborrecimentos, terão momentos decisivos.
O
ideal é que em todos esses setores o País seja coroado de êxito. Que o Brasil,
finalmente, possa ter uma moeda que mereça esse nome e que, a partir daí,
surjam investimentos para a geração de empregos e haja uma arrecadação mais
volumosa de impostos em valor real, e não apenas nominal, para que possam ser
construídas mais estradas, hospitais, escolas e ocorra um resgate social de
milhões de pessoas alijadas da cidadania.
No
campo esportivo, as possibilidades de que o trauma do tetra finalmente seja
superado nunca foram tão concretas quanto agora. E nas urnas, espera-se que o
eleitor, finalmente, entenda o significado do seu voto e não o dê para qualquer
aventureiro bem apessoado, que fale bonito mas que não aja de acordo com as
palavras.
Todavia,
é uma atitude de prudência ir pensando em alternativas no caso do País
fracassar em uma, duas ou nas três empreitadas, para que a euforia de hoje não
torne a descambar para o derrotismo paralisante, que impeça que os brasileiros
recomecem, até que venham a acertar.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 29 de junho de 1994).
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