Literatura a quatro mãos
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura é “sempre”
uma atividade solitária e, sobretudo, individual. Certo? Errado! Erradíssimo!
Nem sempre ocorre isso. Há inúmeros casos de livros escritos a quatro mãos e,
às vezes, até a seis, como é o caso de “A volta”, escrito pelo trio Andréia
Leininger, Bruce Leininger e Ken Gross.
“E essa parceria
funciona?”, pergunta um leitor, com o qual levantei a questão, em uma de nossas
periódicas trocas de e-mails, muito antes de cogitar de trazer o tema a baila.
A resposta é: provavelmente “sim”. Caso contrário, é óbvio, não haveria tantas
publicações de obras que contam com co-autorias.
Apenas numa relação colhidas
a esmo, cito quatro livros escritos dessa forma. São eles: o já citado “A
volta”; “Cartas entre amigos”, de Fábio de Melo e Gabriel Chalita; “Maioridade
penal”, do jornalista e repórter do canal de televisão a cabo ESPN André Pilhal
e do goleiro Rogério Ceni e “Eu, Christiane F.”, de Kal Hermann e Horst Rieck.
O par (ou o trio, ou o
quarteto, ou seja lá o que for), em geral divide tarefas. Enquanto um se
encarrega das pesquisas, da digitação final e da revisão, o outro fica
responsável pelo texto. Há casos, contudo, em que os parceiros dividem, também,
a redação, o que fica evidente na leitura, dadas as diferenças de estilos,
perfeitamente detectáveis.
Na maior parte das
vezes, estas parcerias ocorrem na produção de livros científicos, de educação,
psicologia, sociologia etc. É o caso da dupla norte-americana William Masters e
Virginia E. Johnson, que escreveu inúmeras obras sobre o comportamento sexual
dos casais. Ou do trio Professor José Dornelles, Stephen Spinelli e Andrew
Zakarakhis”, autores de “Empreendedorismo”..
Outro livro com essas
características é o imperdível “O elo perdido da Medicina” – cuja leitura
recomendo. Foi escrito por uma dupla de ases, cada qual na sua especialidade.
Da união de talentos do eminente, competente, experiente e sábio médico, Dr.
Eduardo Almeida, e do não menos competente, proficiente e hábil escritor e jornalista
Luís Peazê, nasceu esta obra polêmica, instigante e sumamente útil, lançada há
uns dez anos pela Imago Editora.
Mas nem sempre a
parceira é feita para a produção de obras científicas. A dupla francesa Émile
Erkmann e Alexandre Chatrian, por exemplo, escreveu inúmeros romances de
sucesso, entre os quais destaco “Waterloo”, em que mistura fatos históricos
reais com ficção.
Há escritores que, para
dividir custos e somar forças na hora de divulgar sua obra, se unem para
publicar contos, dividindo o volume meio a meio, ou alternando histórias, ou
seja, intercalando as de um e as de outro. Já li, também, poesia, e da boa,
respeitando esse tipo de parceria.
Presumo, pois, que isso
funcione, e muito bem. Só não sei como os parceiros fazem para dividir os
direitos autorais. Provavelmente redigem e assinam um contrato prévio ou,
simplesmente, ficam apalavrados e honram a palavra empenhada (o que, hoje em
dia, infelizmente, não é tão comum assim).
Como se vê, a palavra
“sempre”, assim como sua antônima “nunca”, tem que ser utilizada com extrema
parcimônia e em ocasiões específicas. Ambas sugerem, em graus opostos,
eternidade, característica que, claro, ser humano algum tem.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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