Importância da edição
Pedro
J. Bondaczuk
Muitos não se dão conta
da importância da edição. Aliás, a maioria absoluta das pessoas sequer sabe o
que um editor faz e muito menos os nomes dos principais, que garantem o sucesso
e a qualidade dos jornais, noticiários de rádio e TV e até da maioria dos
sítios (ou “sites”, como queiram) da internet. Esse é um assunto sobre o qual,
modéstia a parte, posso falar de cátedra. Já fiz todos os tipos de edição
possíveis e imagináveis: de jornais, revistas, noticiários de rádio, de
televisão e de sites da internet, até, creiam, de livros. Daí trazer à baila, aqui
esse tema. Ou seja, sei do que estou falando.
Sem entrar muito em
detalhes, o Editor é o sujeito que decide e que elabora (diria, “burila”,
embora não redija) as matérias que serão divulgadas em sua editoria. Muitos
pensam que a decisão sobre qual reportagem será publicada em um jornal, por
exemplo, cabe ao repórter. Estão enganados.
Embora sem negar a
importância deles (e nem poderia), esses abnegados (e sofridos) profissionais
são subordinados ao editor. Este é que irá determinar o que e como será
publicado em sua editoria (Opinião, Política Nacional, Cidades, Internacional,
Esportes etc.).
Isso funciona quer em
jornal impresso, quer no falado ou televisado. O que muda são os parâmetros. O
editor de jornal trabalha tendo a centimetragem por referencial, enquanto que o
de rádio e o de TV tem por referência a unidade de tempo, no caso, os segundos.
Uma boa edição valoriza
um mau texto, mas a recíproca é verdadeira. Ou seja, se for desastrada e
inepta, arruína as melhores reportagens. Noventa por cento dos méritos,
portanto, do sucesso dos repórteres que conquistam os mais cobiçados prêmios de
jornalismo no País e no mundo são do editor, embora isso jamais seja
reconhecido. Não importa. O que vale a esse profissional é a certeza de um
trabalho bem feito.
Se o editor é
importante em jornais, revistas, rádio, televisão e sites da internet, também o
é na publicação de livros. Uma edição mal-feita, confusa e sem imaginação,
arruína obras até dos mais talentosos e badalados escritores. Até de um Machado
de Assis, Carlos Drummond de Andrade ou Honoré de Balzac, entre outros. Em
contrapartida, conheço casos de textos eivados de defeitos crescerem nas mãos
de excelentes editores.
Muitos não se
preocupam, por exemplo, com o corpo (o tamanho das letras) com que o livro será
impresso. Alguns editores, para economizar papel, usam-no pequenininho, quase
microscópico, dificultando a leitura. Isso pode afetar as vendas,
principalmente se o comprador tiver o hábito (muitos têm e eu também tenho) de
folhear a obra a ser adquirida, antes de concretizar a compra. É um detalhe
aparentemente sem importância, mas que tem trazido prejuízos a muitos
escritores, sem que estes sequer desconfiem.
Não custa ao editor
caprichar na edição, mesmo que seu nome não apareça em parte alguma do livro (e
não aparece mesmo). Ele deve atentar para coisas mínimas (já que para o
essencial até o mais relapso deles atenta). Por exemplo, não custa sugerir ao
autor que coloque ilustrações em pontos estratégicos da obra, mesmo que isso
venha a aumentar o custo. Se o livro for bom, esse aumento de preço será até
benéfico ao autor, já que seus direitos autorais (que oscilam entre 20% e 30%)
serão calculados sobre o preço de capa. Se a edição for caprichada (e o texto
for bom, claro), o comprador não se importará em pagar um pouco a mais pelo
produto (embora o livro no Brasil ainda seja caríssimo).
Outra coisa que pode (e
deve) ser feita na edição de um livro (além da escolha de um corpo de bom
tamanho e das ilustrações), é um índice bem-elaborado, além de uma ênfase a
cada novo capítulo (e para isso não custa utilizar capitulares na abertura de
cada um deles). E, caso se trate de alguma obra que exija estudo do leitor
(como de filosofia ou de outra disciplina específica qualquer), o editor deve
atentar para as notas nos rodapés das páginas e no final do volume, com a
respectiva bibliografia.
Quem sofre mais com
edições mal-feitas são os que publicam livros do próprio bolso. Ou seja, são os
que contratam “gráficas”, e não editoras, para a impressão das suas obras.
Nestes casos, quase sempre (para não dizer invariavelmente) são eles mesmos que
fazem a edição. Ou, quando não, deixam-na a cargo de algum funcionário da
gráfica. Claro que ele não se importará com detalhes. Sua preocupação será com
o custo de produção, de olho, logicamente, no lucro que possa ter. E o
resultado, salvo raríssimas exceções, é um monumental encalhe Certamente, por
sua relevância, voltarei ao assunto qualquer dia desses.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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