Aproxima-se "a mãe das
batalhas"
Pedro J. Bondaczuk
A
qualquer momento, certamente sem nenhum aviso prévio, deve começar a fase
decisiva da guerra do Golfo Pérsico, aquela que o presidente iraquiano Saddam
Hussein vem chamado de "a mãe de todas as batalhas", com resultados
previsíveis --- os aliados vão vencer --- mas sem que haja uma previsão quanto
à quantidade de mortos que irá deixar.
Outra
incógnita é quanto aos estragos que serão produzidos, não especificamente nos
bens econômicos do Iraque e do Kuwait, mas no já tão judiado Planeta. É
lamentável que as coisas tenham chegado ao ponto que chegaram, por pura
incompetência política das partes. Os militares não merecem reprovação, de
parte a parte. Afinal, estão realizando o seu "serviço".
Reprovável
foi, e continuará sendo (sabe-se até quando) a intransigência dos dois lados. A
falta de tato para negociar, a insensibilidade quanto à dor alheia, o próprio
desconhecimento da história, que mostra que jamais qualquer guerra foi solução
definitiva para as pendências surgidas.
Os
presidentes dos Estados Unidos e do Iraque esquecem-se que são transitórios,
meros acidentes temporais. Ambos irão passar, mais dia menos dia, encobertos
pelas brumas da história. E o que deixarão de lembrança no mundo? Cidades destruídas,
epidemias grassando por todas as partes e danos ao ecossistema do Golfo
Pérsico, com reflexos no restante do mundo, que podem ser até irreversíveis.
Quantas
famílias israelenses e kuwaitianas não irão exorcizar, através de gerações, o
nome de Saddam Hussein, responsável por tantas aflições que ele lhes causou!
Quantas mães iraquianas, por outro lado, não irão maldizer os nomes de George
Bush, John Major, François Mitterrand e outras personagens desta lamentável
guerra que lhes suprimiram filhos, maridos, irmãos e amigos, por causa da
incapacidade de negociar até o fim!
Não
somente pessoas, como até mesmo nações, passam, são transitórias. O cemitério
da história está repleto delas. O que permanece são as obras, não no sentido
material porquanto estas igualmente se revestem de enorme efemeridade.
Palácios,
monumentos e mansões construídos com muita pompa e desperdício em pouco tempo
envelhecem e são demolidos para dar lugar a outras edificações. O que fica é o
empenho de humanização desse animal que no dizer do escritor italiano
Pitigrilli é "o mais ávido dos parasitas. Certos animais vivem à custa de
outros animais, certas plantas sugam a linfa de outras plantas; o homem é
parasita dos animais, das plantas, dos minerais e dos outros homens".
(Artigo
publicado na página 13, A Guerra do Golfo, do Correio Popular, em 20 de
fevereiro de 1991).
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