Líder carismático
Pedro J. Bondaczuk
O Partido Democrata dos
Estados Unidos tem, em suas fileiras, um político com um perfil muito parecido
com o do atual presidente norte-americano, Ronald Reagan. Em seu Estado goza de
grande popularidade, que vem crescendo à medida em que se desenvolve a sua
administração, marcada pela competência e pela probidade.
Pode-se
afirmar, inclusive, que em termos de aceitação junto ao eleitorado, ele supera,
juntos, todos os demais pré-candidatos do seu partido à corrida pela Casa
Branca. Só que ele não está nesta disputa, por uma decisão pessoal, anunciada
ainda em janeiro do ano passado, quando as candidaturas mal estavam sendo
esboçadas. Trata-se do governador novaiorquino Mário Cuomo.
Muitos
observadores nos Estados Unidos entendem que a sua manifestação pública de que
ficaria afastado da luta sucessória de 1988 não passa de uma hábil estratégia.
Estaria baseada na sua constatação da ausência de lideranças nacionais dentro
do Partido Democrata.
De
acordo com o entendimento desses analistas, o político estaria numa espécie de
“regra de três”. Ou seja, esperaria que as pesquisas, que certamente vão ser
feitas em grande profusão neste ano, mostrassem que nenhum dos pré-candidatos
tem cacife para enfrentar o possível postulante republicano à Casa Branca, o
vice-presidente George Bush, que além de sua própria habilidade, conta com os
recentes sucessos, em termos de entendimento com a URSS, do presidente Ronald
Reagan. Se isso viesse a acontecer, o nome do governador de Nova York surgiria
como a salvação dos democratas aos olhos dos convencionais.
Mário
Cuomo, no entanto, nega que seja essa a sua intenção. Afirmou, em várias
ocasiões, que a máxima magistratura do país não o atrai, pelo menos neste
momento. Caso ele se mantenha aferrado a essa posição, o partido terá que
apostar, mesmo, no ex-senador pelo Colorado, Gary Hart, que está visivelmente
desgastado diante dos eleitores, por causa do escândalo extraconjugal em que se
envolveu, quando teria mantido um romance com a atriz e modelo Donna Rice,
fartamente explorado pela imprensa.
Há
quem diga que este é o momento dos democratas ousarem e investirem no pastor
Jesse Jackson, o único outro nome que o partido dispõe no momento que é
conhecido nacionalmente. Estes entendem que o país evoluiu muito no que diz
respeito a direitos civis. E que o fato do pregador ser negro, não irá
influenciar na escolha do eleitorado.
De
qualquer forma, pode estar surgindo um outro Reagan, pelo menos com um carisma
idêntico ao do ex-governador da Califórnia, só que num outro partido.
Dificilmente Cuomo resistirá e ficará fora desta parada.
(Artigo
publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 12 de janeiro de
1988).
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