Obsessão pela escrita

Pedro J. Bondaczuk

Dinamismo, entusiasmo e criatividade: estas são três características que ajudam muito quem se aventura nesta frustrante, mas sempre fascinante atividade de escritor. Aliás, elas são importantes para qualquer pessoa, seja qual for a tarefa que se proponha a fazer. Claro que para ter uma carreira literária bem-sucedida, apenas isso não basta. Mas que esses fatores ajudam (e muito) a fazer as coisas bem feitas, disso não resta a menor dúvida.

Das três características citadas, a criatividade é a principal. O sujeito criativo não apenas elabora textos mais originais do que os outros, como encontra soluções para problemas que à primeira vista pareçam insolúveis. Quem tem essa facilidade de criação, e é dinâmico, passa a ter um handicap a mais em relação aos concorrentes (e a concorrência é imensa!).. E se, além disso tudo, tiver entusiasmo pelo que faz (no nosso caso, a literatura), se torna, potencialmente, imbatível.

Mas tudo isso é garantia para o sucesso? Não! A carreira literária, como qualquer outra, é cheia de surpresas e tropeços. Você pode fazer tudo certo, ser dinâmico, criativo, entusiasmado; contar com vasta cultura, dominar completamente seu idioma, ter obsessão pela escrita, e ainda assim não chegar ao topo. Queira ou não, você depende sempre de um fator aleatório, que alguns chamam de sorte, outros de destino e que prefiro classificar de circunstâncias.

Se você aspira ao sucesso, tem que estar preparado para o fracasso. Não pode desanimar à primeira queda, à primeira crítica mordaz ao que escreveu, ao primeiro “não” de uma editora quando tenta publicar seu livro ou, pior, ao primeiro “encalhe”, caso este seja publicado. São circunstâncias comuns, até normais, na vida de qualquer escritor. Permanecer no chão, lamentando-se e culpando fulano, sicrano ou beltrano pelos seus insucessos será absolutamente estéril e improdutivo. A saída mais inteligente será a recomendada na letra do famoso samba:  “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”.

É difícil? Sim! É doloroso o “ferimento” do amor próprio? Sem dúvida! É dolorosíssimo! Mas esse tropeço é o fim do mundo? Em absoluto! Se você for dinâmico, saberá reagir de imediato. Absorverá as críticas, atentará para os erros ou imprecisões que cometeu, corrigirá as falhas e partirá para novas tentativas, uma, duas, dez, mil se for necessário.

Se tiver entusiasmo, saberá “vender seu peixe” pelo melhor preço. Contagiará até seus mais ferozes adversários para a sua causa. Escreverá mais e mais, melhor e melhor, pois esse escudo impenetrável não permitirá que o desânimo o abata. E se for criativo, saberá descobrir, rapidamente, o que o leitor espera de você e o satisfará plenamente e não apenas uma vez, mas inúmeras.

Portanto, caro colega de “loucura” (santa loucura!), incorpore não somente à sua carreira literária, mas, sobretudo, à sua vida, essas três características que, se não o impulsionarem ao sucesso, pelo menos amortecerão o impacto dos eventuais fracassos: dinamismo, entusiasmo e criatividade. E caso se sinta, de fato, um escritor, caso tenha absoluta certeza de que esta é a sua vocação, seja, antes e acima de tudo,  obcecado pelo texto perfeito. Sempre!!!

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