Sinal
de alarme
Pedro J. Bondaczuk
A forma como o time da Ponte Preta começou este
campeonato, ganhando apenas uma partida, empatando outra e perdendo três –
sendo que um empate e uma derrota ocorreram em casa – deixa o torcedor
angustiado e apreensivo diante do que pode acontecer. Já ficou claro, para
decepção dessa fiel e apaixonada torcida, que mais uma vez o destino será lutar
para fugir do rebaixamento e não a disputa pelos primeiros lugares, como
ocorreu em quatro ocasiões nas décadas de 70 e 80.
O atual plantel, analisado nome a nome, até que é de
boa qualidade. Todavia, de novo o clube incorreu no erro da improvisação, que
jamais deu resultado positivo em nada, e muito menos no futebol. O time foi
montado às pressas e os jogadores se conheceram, virtualmente, às vésperas da
estréia.
Wanderley Paiva chegou ao clube cinco dias antes do
primeiro jogo, em Araras, contra o entrosado União São João, que mantém a mesma
estrutura há pelo menos três campeonatos. A derrota, por um a zero, nessas
circunstâncias, até que saiu barata, o que, convenhamos, não serve de nenhum
consolo a essa sofrida torcida que, desde 1982, não sabe o que é estar por
cima. Pelo contrário, por causa exatamente dessas improvisações, teve que
amargar uma Segunda Divisão, da qual saiu graças a muita luta.
Ressalte-se que, com todos os vexames que o time
aprontou – no ano passado a Ponte Preta foi salva pelo gongo, nas últimas
rodadas, graças ao excelente trabalho realizado pelo técnico Givanildo – seus
fidelíssimos torcedores nunca deixaram de lhe dar apoio. Acompanharam a equipe
para toda a parte, sempre acreditando que as coisas iriam melhorar e que na
próxima temporada alguma coisa seria feita para reviver seus momentos de
glória.
É verdade que muitos da velha guarda se afastaram do
Moisés Lucarelli. Mas não em sinal de repúdio ou de falta de confiança. O
pontepretano que se preza jamais deixa de acreditar. Tem na Ponte a sua grande
paixão e é movido pela esperança.
Os que deixaram de comparecer aos jogos o fizeram
por temer que seu coração não pudesse suportar tantos aborrecimentos. No final
do ano passado, quando terminou a seletiva, brilhantemente vencida pelo time
(improvisado) para o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, vários boatos
circularam entre a torcida.
Os comentários falavam de grandes contratações – até
o nome de Careca, atualmente no Japão, chegou a ser citado, como possível
novidade – e de um plantel renovado, de boa qualidade, para disputar título e
não ser, mais uma vez, mero figurante.
Infelizmente, como se vê, essas versões não tinham
qualquer fundo de verdade. Que as derrotas para União São João, Palmeiras e
Bragantino, contudo, não sirvam de detonadoras de mais uma crise. Que sejam
encaradas como um alerta e que diretoria, comissão técnica e jogadores se conscientizem
de que num campeonato de pontos corridos, como o deste ano, qualquer pontinho
perdido será muito difícil, quando não impossível, de recuperar. Já está na
hora de essa sofrida e fiel torcida ser tratada com o respeito que merece.
(Artigo publicado na página 2, Esportes, do Correio
Popular, em 7 de fevereiro de 1994)
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