Thursday, December 17, 2015

Sinal de alarme



Pedro J. Bondaczuk


A forma como o time da Ponte Preta começou este campeonato, ganhando apenas uma partida, empatando outra e perdendo três – sendo que um empate e uma derrota ocorreram em casa – deixa o torcedor angustiado e apreensivo diante do que pode acontecer. Já ficou claro, para decepção dessa fiel e apaixonada torcida, que mais uma vez o destino será lutar para fugir do rebaixamento e não a disputa pelos primeiros lugares, como ocorreu em quatro ocasiões nas décadas de 70 e 80.

O atual plantel, analisado nome a nome, até que é de boa qualidade. Todavia, de novo o clube incorreu no erro da improvisação, que jamais deu resultado positivo em nada, e muito menos no futebol. O time foi montado às pressas e os jogadores se conheceram, virtualmente, às vésperas da estréia.

Wanderley Paiva chegou ao clube cinco dias antes do primeiro jogo, em Araras, contra o entrosado União São João, que mantém a mesma estrutura há pelo menos três campeonatos. A derrota, por um a zero, nessas circunstâncias, até que saiu barata, o que, convenhamos, não serve de nenhum consolo a essa sofrida torcida que, desde 1982, não sabe o que é estar por cima. Pelo contrário, por causa exatamente dessas improvisações, teve que amargar uma Segunda Divisão, da qual saiu graças a muita luta.

Ressalte-se que, com todos os vexames que o time aprontou – no ano passado a Ponte Preta foi salva pelo gongo, nas últimas rodadas, graças ao excelente trabalho realizado pelo técnico Givanildo – seus fidelíssimos torcedores nunca deixaram de lhe dar apoio. Acompanharam a equipe para toda a parte, sempre acreditando que as coisas iriam melhorar e que na próxima temporada alguma coisa seria feita para reviver seus momentos de glória.

É verdade que muitos da velha guarda se afastaram do Moisés Lucarelli. Mas não em sinal de repúdio ou de falta de confiança. O pontepretano que se preza jamais deixa de acreditar. Tem na Ponte a sua grande paixão e é movido pela esperança.

Os que deixaram de comparecer aos jogos o fizeram por temer que seu coração não pudesse suportar tantos aborrecimentos. No final do ano passado, quando terminou a seletiva, brilhantemente vencida pelo time (improvisado) para o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, vários boatos circularam entre a torcida.

Os comentários falavam de grandes contratações – até o nome de Careca, atualmente no Japão, chegou a ser citado, como possível novidade – e de um plantel renovado, de boa qualidade, para disputar título e não ser, mais uma vez, mero figurante.

Infelizmente, como se vê, essas versões não tinham qualquer fundo de verdade. Que as derrotas para União São João, Palmeiras e Bragantino, contudo, não sirvam de detonadoras de mais uma crise. Que sejam encaradas como um alerta e que diretoria, comissão técnica e jogadores se conscientizem de que num campeonato de pontos corridos, como o deste ano, qualquer pontinho perdido será muito difícil, quando não impossível, de recuperar. Já está na hora de essa sofrida e fiel torcida ser tratada com o respeito que merece.

(Artigo publicado na página 2, Esportes, do Correio Popular, em 7 de fevereiro de 1994)


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