Injustiças
sociais são maior ameaça
Pedro J. Bondaczuk
O
primeiro resultado positivo obtido na 7ª reunião de cúpula que o presidente
soviético, Mikhail Gorbachev, realizou com dirigentes norte-americanos – cinco
foram com Ronald Reagan e duas com George Bush – foi o fato de tais encontros
terem se tornado mais freqüentes.ç Transformaram-se quase que numa rotina.
Isto
demonstra que as superpotências, finalmente, após mais de quatro décadas de
guerra fria, adquiriram o hábito de dialogar, em substituição ao antigo costume
de trocar ameaças e acusações. Existem, ainda, muitos pontos de atrito entre os
Estados Unidos e a URSS e tais divergências, certamente, deverão existir
sempre, em decorrência da própria condição de liderança que os dois países
exercem no mundo.
Mas
hoje, ao contrário de há somente cinco anos, seus presidentes “conversam” sobre
os principais assuntos, com veemência e franqueza, mas igualmente com
cordialidade. Não ameaçam se destruir.
A
comunidade internacional já se acostumou, todas as vezes em que eles se reúnem,
com a assinatura de alguns acordos desarmamentistas, tornando mais distante o
espectro da guerra nuclear e, em conseqüência, o Planeta se sente cada vez mais
seguro, com a aproximação progressiva, da humanidade, de uma sonhada era de paz
irreversível.
Duas
pessoas, por maior afinidade que tenham, sempre terão um elenco considerável de
divergências, acerca das coisas, dos fatos e dos indivíduos que as cercam. Por
que não esperar o mesmo de países, principalmente em se tratando das duas
superpotênciais mundiais?
O
bom, neste tipo de contato tête-a-tête, inaugurado com a cúpula
Reagan-Gorbachev levada a efeito em 20 de novembro de 1985, em Genebra, é que
os interlocutores sempre acabam por encontrar um ponto de aproximação. Isto
impede que suas diferenças se ampliem por ausência de comunicação.
No
presente encontro de Washington houve mais divergências do que concordâncias.
Uma delas referiu-se ao processo de reunificação da Alemanha e à presença ou
não do Estado germânico reunificado na Organização do Tratado do Atlântico
Norte.
A
outra versou sobre a política do Cremlin em relação aos anseios autonomistas
das Repúblicas bálticas. No entanto, já ficaram muito para trás obstáculos
antes considerados intransponíveis, como a presença soviética no Afeganistão,
as tropas de Cuba em Angola, o Muro de Berlim e as ditaduras comunistas do
Leste europeu.
Os
entraves que sobraram são ridiculamente pequenos se comparados com os já
superados. Por isso, é lícito que a humanidade renove as esperanças de um mundo
melhor, de prosperidade e paz, nos anos vindouros. Mas tem que trabalhar para
isso.
(Artigo
publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 2 de junho de 1990).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment