A rica e fascinante
Literatura Brasileira
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura Brasileira
(sem nenhum ufanismo) é das mais ricas, variadas e fascinantes do mundo. Por
mais que alguém a conheça a fundo (e estes “experts”, convenhamos, são
pouquíssimos), presumo (e mais que isso, concluo sem qualquer margem para
equívocos, com base na pura lógica), que nenhum deles a conhece (talvez algum
dia conheça, sabe-se lá) em toda sua extensão. Os maiores especialistas têm, na
ponta da língua, autores, livros, estilos etc. dos “figurões” do mundo
literário, das estrelas nacionais, dos que conseguiram projeção e conseqüente
(e rara) consagração. Estes, todavia, qualquer estudante aplicado, que nem
precisa ser aluno de algum curso universitário de Letras, mas do ensino
secundário, conhece, mesmo que superficialmente. Poucos, todavia, atentam para
as características regionais da nossa literatura.
Apesar dos habitantes
de cada um dos 27 Estados do País serem, todos, brasileiros, de falarem e de
escreverem utilizando o mesmíssimo idioma, os escritores de cada uma dessas
unidades da federação expressam-se de formas diferentes. Refletem culturas
regionais típicas, próprias, características, únicas. Valem-se de dialetos
locais, nem sempre compreensíveis pelos que habitam outras localidades. Agem
como se pertencessem a países distintos, que não o Brasil. Ainda assim, bem ou
mal, nos entendemos. Muitos expoentes literários locais são absolutamente
desconhecidos em âmbito nacional, embora sejam muito bons e de não ficarem nada
a dever, em termos de criatividade e de qualidade, aos grandes “figurões”.
Cite, paciente leitor, que ache que estou exagerando, por exemplo, três
escritores amapaenses. Ou três sergipanos. Ou mesmo três paraenses. Ou três de
outros Estados, excetuando-se o eixo Rio-São Paulo. Não conseguiu? Não se
amofine. A imensa maioria não consegue. Mas esses Estados os têm, e em razoável
quantidade. E vários são muito bons, na realidade, são excelentes.
Até mesmo escritores
consagrados em âmbito nacional, que lograram conquistar uma cadeira na
seletíssima e elitizada casa de Machado de Assis são conhecidos por poucos
brasileiros. Querem ver como não estou exagerando? Desafio-os a citarem, sem
consultarem o Google, dez membros (não importa de quando) da Academia Brasileira
de Letras. Não conseguiram? É o que pensei! Contudo, para chegar lá, todos os
que lá chegaram reuniram méritos literários para tal. São (ou foram) mestres da
Literatura e do idioma. Em suma, o que falta, no Brasil, não são escritores.
Carecemos, isso sim, de “leitores” em idêntica proporção aos que escrevem e
publicam livros. E, sobretudo, temos profunda carência de interesse, de reais
oportunidades para maiúsculos talentos que morrem anônimos, mesmo sendo
excelentes literatos. Em suma, carecemos de divulgação.
Há cerca de 50 anos
venho me dedicando, de corpo e alma (e de dois anos para cá em tempo integral,
com média de oito horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados) ao
estudo de Literatura: a mundial, mas, sobretudo, a doméstica, a local, a
brasileira. Quando num arroubo narcisista já acho que conheço, digamos
(exagerando) 2% dos melhores escritores e de suas respectivas obras, de
repente, sou forçado a cair na realidade e concluir que estou distante anos-luz
de conhecer até mesmo esse irrisório porcentual. Volta e meia caem-me, em mãos,
livros de autores de que nunca ouvi falar, que jamais suspeitava que
existissem, de qualidade beirando à perfeição, e sou forçado a admitir que nada
sei sobre a matéria. Esclareço que estudo com tanto afinco a Literatura não por
obrigação, por aspirar algum cargo ou posição relacionados com as chamadas
“belas letras”. Nada disso. Faço-o livre e espontaneamente, sem que ninguém me
obrigue e nem cobre, por puríssimo prazer, por se tratar da minha paixão, daquilo
que me diverte e me instrui, que é minha obsessão.
Abordei, nos últimos
dez anos, escritores e livros de pelo menos duas regiões específicas do País
(que me lembro): os de Brasília, quando do 50º aniversário de fundação da
“Capital da Esperança” e os da Bahia (neste caso, apenas os ficcionistas e os
mais conhecidos). Cometi inúmeras injustiças, omitindo autores e obras
marcantes e não, claro, deliberadamente, mas por pura ignorância. E olhem que
tratei, apenas, de duas regiões brasileiras específicas. Tentarei,
oportunamente, trazer à baila expoentes dos outros 26 Estados, consciente de
que irei omitir, por desconhecer, dezenas, centenas, quiçá milhares de
escritores. Ainda assim, entendo que essa pesquisa, com todas as suas falhas,
seja válida, para que nós, brasileiros, conheçamos um pouquinho mais da nossa
rica, variada e fascinante Literatura. Começarei – e não me perguntem a razão
dessa opção – por “alguns” escritores de Santa Catarina. Aguardem-me!!!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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