Monday, June 10, 2013

ONU estimula consumo de insetos

Pedro J. Bondaczuk

O hábito de consumir insetos na alimentação não é nenhuma idéia nova (maluca, para muitos) e o fato de eu trazer isso à baila, portanto, não se trata de nenhuma tentativa minha de chocar o leitor, com vistas a fazer sensacionalismo. Esse não é e nunca foi meu intuito. Recebi alguns e-mails insinuando que esse é um tema de mau gosto e que eu deveria procurar outro assunto para tratar, que não ele. Ou seja, sugerem-me que fuja da realidade, que “quebre o espelho” que reflete algo que não querem ver, achando que com isso será afastado o que os assusta, ou incomoda, ou, no caso, os “enoja”. Não será. O espelho, no caso, não tem culpa alguma da existência de coisas eventualmente feias (e nem é o caso) ou incômodas ou nojentas.

Destaco que o tema nem mesmo é original – há milhares de artigos, livros, textos de palestras etc. – que já podem, inclusive, ser pesquisados comodamente na internet, tratando dele. Novo, então, não é mesmo!! Historiadores sérios e renomados apontam, por exemplo, que o consumo de insetos como fonte de alimento foi prática recorrente e bastante comum, e por milênios, de diversas civilizações. Além disso, estudos comprovam que eles são consumidos, na atualidade, em pleno século XXI, por cerca de 2,5 bilhões de pessoas mundo afora!!

Quem reclama da minha abordagem, no meu entender, é que é desinformado. E é, justamente, com o objetivo de informá-lo que trago à baila esse tema, e com o máximo de informação que puder colher (e, principalmente, de objetividade no relato). Houve quem achasse que resolvi fazer uma “brincadeira” com os leitores. Todavia, nunca brinco quando se trata de informar, tarefa que considero seriíssima, até em virtude da minha formação jornalística, da qual me orgulho.

O assunto é tão sério, que até a Organização das Nações Unidas (ONU) o pautou para debates. Tanto que o organismo mundial programou para este ano de 2013 uma “nova” conferência para incentivar o consumo de insetos como forma de reduzir e até eventualmente eliminar a subnutrição e a desnutrição sobretudo entre as paupérrimas populações de países do chamado Terceiro Mundo. E por que eu digo “nova”? Porque ela será a segunda promovida pela ONU para tratar do mesmo assunto. A primeira foi realizada em 2008, na Tailândia.

O consultor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o professor holandês Arnold Van Huis, catedrático da Universidade Wageningen, pondera sobre o que se pretende com essas conferências. “Não queremos substituir totalmente a carne da dieta, mas precisamos de outras fontes de nutrientes, já que, até 2020, o consumo de carne, no mundo, deve dobrar”. O leitor desatento certamente está raciocinando: “Por que se preocupar com um problema que deve ocorrer tão remotamente?” Só que não está fazendo as contas direito. Para 2020, faltam apenas sete anos e não século ou mesmo décadas. Com o dobro de demanda, e em tão pouco tempo, dificilmente tantas pessoas farão o barulho que os europeus estão fazendo por denúncias de que vários subprodutos de origem animal (principalmente hambúrgueres) e outros tantos embutidos supostamente contêm carne de cavalo. E daí?!

O consultor da FAO enfatiza os aumentos de custos econômicos e os prejuízos ambientais que a demanda por mais carne vai gerar: “A criação de gado e porco ocupa espaço, consome muita água e comida e libera 18% dos gases que contribuem para o efeito estufa”, advertiu. E esse acréscimo de problemas, reitero, não irá acontecer em algum remotíssimo amanhã, mas logo mais, em somente sete anos! Diante disso, o especialista pondera: “Já os insetos comestíveis que estamos estudando, além de fonte de proteína, gordura e micronutrientes, são menos poluentes e convertem alimento de forma mais eficiente”.

Em um informe que li ainda ontem, constatei que há por volta de 1.700 espécies de insetos que já fazem parte do cardápio de milhões de pessoas, em regiões da África, Ásia e América Latina (e assisti, não faz muito, documentário, no canal de televisão fechado “Discovery Civilization”,  que dá conta do consumo deles em vastas áreas da Oceania), cuja utilização é tão frequente quanto a de peixes e de frango. Da minha parte, todavia, dispenso essas nutritivas “guloseimas”. Estou fora!


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