ONU estimula consumo de
insetos
Pedro
J. Bondaczuk
O hábito de consumir
insetos na alimentação não é nenhuma idéia nova (maluca, para muitos) e o fato
de eu trazer isso à baila, portanto, não se trata de nenhuma tentativa minha de
chocar o leitor, com vistas a fazer sensacionalismo. Esse não é e nunca foi meu
intuito. Recebi alguns e-mails insinuando que esse é um tema de mau gosto e que
eu deveria procurar outro assunto para tratar, que não ele. Ou seja, sugerem-me
que fuja da realidade, que “quebre o espelho” que reflete algo que não querem
ver, achando que com isso será afastado o que os assusta, ou incomoda, ou, no
caso, os “enoja”. Não será. O espelho, no caso, não tem culpa alguma da
existência de coisas eventualmente feias (e nem é o caso) ou incômodas ou
nojentas.
Destaco que o tema nem
mesmo é original – há milhares de artigos, livros, textos de palestras etc. –
que já podem, inclusive, ser pesquisados comodamente na internet, tratando
dele. Novo, então, não é mesmo!! Historiadores sérios e renomados apontam, por
exemplo, que o consumo de insetos como fonte de alimento foi prática recorrente
e bastante comum, e por milênios, de diversas civilizações. Além disso, estudos
comprovam que eles são consumidos, na atualidade, em pleno século XXI, por cerca
de 2,5 bilhões de pessoas mundo afora!!
Quem reclama da minha
abordagem, no meu entender, é que é desinformado. E é, justamente, com o
objetivo de informá-lo que trago à baila esse tema, e com o máximo de
informação que puder colher (e, principalmente, de objetividade no relato).
Houve quem achasse que resolvi fazer uma “brincadeira” com os leitores.
Todavia, nunca brinco quando se trata de informar, tarefa que considero
seriíssima, até em virtude da minha formação jornalística, da qual me orgulho.
O assunto é tão sério,
que até a Organização das Nações Unidas (ONU) o pautou para debates. Tanto que
o organismo mundial programou para este ano de 2013 uma “nova” conferência para
incentivar o consumo de insetos como forma de reduzir e até eventualmente eliminar
a subnutrição e a desnutrição sobretudo entre as paupérrimas populações de
países do chamado Terceiro Mundo. E por que eu digo “nova”? Porque ela será a
segunda promovida pela ONU para tratar do mesmo assunto. A primeira foi
realizada em 2008, na Tailândia.
O consultor da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o professor
holandês Arnold Van Huis, catedrático da Universidade Wageningen, pondera sobre
o que se pretende com essas conferências. “Não queremos substituir totalmente a
carne da dieta, mas precisamos de outras fontes de nutrientes, já que, até
2020, o consumo de carne, no mundo, deve dobrar”. O leitor desatento certamente
está raciocinando: “Por que se preocupar com um problema que deve ocorrer tão
remotamente?” Só que não está fazendo as contas direito. Para 2020, faltam
apenas sete anos e não século ou mesmo décadas. Com o dobro de demanda, e em
tão pouco tempo, dificilmente tantas pessoas farão o barulho que os europeus
estão fazendo por denúncias de que vários subprodutos de origem animal
(principalmente hambúrgueres) e outros tantos embutidos supostamente contêm
carne de cavalo. E daí?!
O consultor da FAO
enfatiza os aumentos de custos econômicos e os prejuízos ambientais que a
demanda por mais carne vai gerar: “A criação de gado e porco ocupa espaço,
consome muita água e comida e libera 18% dos gases que contribuem para o efeito
estufa”, advertiu. E esse acréscimo de problemas, reitero, não irá acontecer em
algum remotíssimo amanhã, mas logo mais, em somente sete anos! Diante disso, o
especialista pondera: “Já os insetos comestíveis que estamos estudando, além de
fonte de proteína, gordura e micronutrientes, são menos poluentes e convertem
alimento de forma mais eficiente”.
Em um informe que li
ainda ontem, constatei que há por volta de 1.700 espécies de insetos que já
fazem parte do cardápio de milhões de pessoas, em regiões da África, Ásia e
América Latina (e assisti, não faz muito, documentário, no canal de televisão
fechado “Discovery Civilization”, que dá
conta do consumo deles em vastas áreas da Oceania), cuja utilização é tão
frequente quanto a de peixes e de frango. Da minha parte, todavia, dispenso
essas nutritivas “guloseimas”. Estou fora!
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