Cafezinho revigorante
Pedro J. Bondaczuk
O
café tem sido objeto de estudos, quanto aos seus efeitos sobre o organismo, por
parte de várias instituições internacionais de pesquisa, desde que o valor
estimulante da planta foi descoberto (por acaso), no século retrasado, por um
pastor de ovelhas turco. Os pesquisadores tentaram provar (e não conseguiram)
eventuais efeitos maléficos da bebida, mesmo quando tomada de forma moderada.
Chegaram a dizer que era cancerígena, mas tiveram que se desdizer. Não se provou
coisa alguma a respeito de reações adversas, a não ser um discreto aumento de
acidez gástrica, e assim mesmo face a um consumo maior do que o recomendável.
Portanto, quem tem no cafezinho aquela pausa reconfortante do dia, após horas
seguidas de trabalho, não tem com o que se preocupar.
Pelo
contrário, embora o café não tenha valor nutritivo, está comprovada uma certa
utilidade medicinal (claro, sempre enfatizando o fato de dever ser tomado com
moderação). Uma xícara de tamanho médio contém cerca de 60 miligramos de
cafeína, alcalóide que estimula o cérebro (daí ser tão consumido pelos que
exercem atividades intelectuais ou artísticas), o rim e a circulação sangüínea.
Embora
haja quem pretenda provar o contrário, a bebida fortalece o coração e aumenta suas
batidas. Outro efeito benéfico é o do incremento do fluxo de urina, facilitando
a excreção dos subprodutos do metabolismo humano.
Quanto
a eventuais prejuízos ao organismo, estes só se manifestam em casos de exagero.
Aliás, muitos produtos que são santos remédios na dose adequada, costumam ser
fulminantes venenos quando esta não é bem determinada. É o caso, por exemplo,
do arsênico, que em dosagens mínimas, estabelecidas pelos especialistas, é
poderoso estimulante cardíaco. No entanto... Não h quem não conheça o
poder letal desse elemento químico.
O
mesmo acontece com o veneno da cascavel, que contém o ácido crotálico. O
excesso de café, portanto, também pode apresentar efeitos tóxicos, embora não
se tenha relatado ainda qualquer caso de intoxicação grave. Entre os problemas
que o exagero no consumo da bebida pode causar são citados a aceleração nas
pulsações, nervosismo, irritabilidade e insônia.
Cada
qual deve determinar o grau de tolerância do seu organismo a essa estimulante
infusão, já que o mesmo varia de pessoa para pessoa. O que pode ser normal para
mim, muitas vezes é exagerado para alguém que não tenha a mesma tolerância à
cafeína, e vice-versa.
Voltaire,
por exemplo, costumava tomar 57 xícaras por dia e garantia se sentir muito bem.
O romancista Honoré de Balzac não fazia por menos e consumia enormes
quantidades de café, que certamente contribuíram para a produção de sua vasta
obra, notadamente os 35 volumes da célebre "Comédia Humana". Conheço,
no entanto, pessoas que se sentem mal com apenas três xícarazinhas da bebida.
De qualquer forma, sempre que sentir a pressão do trabalho ou que estiver às
voltas com algum complicado problema que exija concentração e raciocínio, não
tenha receio: faça uma pausa para um revigorante cafezinho.
(Artigo publicado no jornal GenteCiente
em junho de 1998)
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