Pedro J. Bondaczuk
O fanatismo, quer político, quer ideológico, quer religioso ou até mesmo esportivo, não está restrito a países considerados mais atrasados, como se supõe. Ao contrário, suas conseqüências maiores foram provocadas em sociedades super-evoluídas, como a germânica, por exemplo, na década de 1940, com a Segunda Guerra Mundial.
A paranóica idéia de superioridade de uma raça sobre outra levou a humanidade a assistir o trágico “Holocausto” dos judeus, povo que tem sido vítima, através da História, de seguidos episódios de insânia e perseguição, desde a destruição de Jerusalém, no ano 70, até nossos dias.
Dada sua imensa capacidade de sobreviver em qualquer situação e até de se sobressair, mercê de sua engenhosidade, em qualquer sociedade, esse grupo étnico é, ainda hoje, discriminado, segregado, ameaçado e achincalhado.
A história dos hebreus é uma sucessão de agressões por parte de outros povos, que a princípio discriminavam o seu Deus único, Jeová. Posteriormente, os judeus foram perseguidos por sua riqueza, por sua sabedoria, por seu espírito de iniciativa e por outras tantas virtudes, encaradas como defeitos pelos perseguidores.
Os negros, os asiáticos e os índios passaram, por motivos diferentes, por processos semelhantes, em diversas épocas dessa autêntica crônica de insânia e selvajaria, que é a maior parte da História Universal, onde, na maioria das vezes, os “feitos” de generais sanguinários, como Alexandre, Napoleão e outros tantos milhares deles, são glorificados, em detrimento da ação construtiva de tantos pensadores e cientistas, que tornaram a vida de todos nós muito mais fácil.
No tempo em que o Império Romano era a única superpotência, quando a vontade mais estapafúrdia e irracional de algum de seus múltiplos dementes imperadores era lei, os povos conquistados eram considerados inferiores e, por isso, escravizados.
Spartacus, no entanto, sublevou meio milhão de escravos em Roma e por cerca de três anos deu uma lição nos orgulhosos e corruptos patrícios imperiais, colocando em xeque seu poder e mostrando que a “superioridade” latina, enquanto raça, era balela, manifestação paranóica de toda uma sociedade e que o domínio mundial que exercia então era meramente circunstancial.
Nos Estados Unidos, volta e meia, há um recrudescimento desses bandos de pobres de espírito, tipo Ku-Klux-Klan, “Ordem da Irmandade do Silêncio” e outras confrarias tão estúpidas e risíveis quanto estas, ou ainda piores. A impressão que se tem, diariamente, diante do noticiário internacional, é que apenas as Jihads Islâmicas, Brigadas Vermelhas ou Baader-Meinhoffs é que procuram, através da força, de carros-bombas, seqüestros e assassinatos, impor seus pontos de vista caolhos e equivocados aos demais.
Essas manifestações doentias, contudo, de fuga da realidade, de exacerbada paranóia, que têm na sua base um estúpido complexo de superioridade, aparecem em todas as sociedades organizadas. Desde o paupérrimo e oprimido Afeganistão, aos superpoderosos Estados Unidos e União Européia. Desde os multimilionários Japão e Suíça, aos miseráveis Chade e Etiópia. Afinal, nenhum povo detém o monopólio da estupidez humana.
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