Sunday, August 19, 2012

Corrida armamentista

Pedro J. Bondaczuk

A corrida armamentista convencional há tempos chegou ao Oriente Médio e ao Golfo Pérsico, mediante maciços fornecimentos de armas dos Estados Unidos, União Soviética e de vários outros países, ocidentais e/ou orientais.

Todavia, de uns tempos para cá, aumentam os indícios de que árabes e judeus, em breve, estarão correndo atrás de bombas atômicas, se é que já não estão. Israel já vem sendo acusado de possuir tais artefatos, e em grande profusão. As suspeitas de que isso seja verdade se acentuaram depois que o técnico israelense, Mordechai Vanunu, que anteontem foi condenado por traição ao seu país, fez uma denúncia a esse respeito.

Seu seqüestro em Roma e a forma como o caso foi tratado pelas autoridades de Tel Aviv só conseguiram reforçar a impressão de que, desgraçadamente, a corrida nuclear no Oriente Médio é um fato líquido e certo.

Os países dessa região seguem na contramão das superpotências. Enquanto estas colocam um pé no freio e negociam tratados e mais tratados para a eliminação desses terríveis agentes de morte, árabes e judeus parecem entender que a salvação está na destruição.

Estas considerações nós fazemos a propósito da ameaça do Estado judeu de destruir plataformas de lançamento de mísseis da Arábia Saudita, do tipo CSS-2, de fabricação chinesa, com alcance de 3.200 quilômetros, capazes de atingir qualquer área do Oriente Médio.

Tais foguetes, inclusive, têm condições para transportar ogivas nucleares, o que desperta a suspeita de que os sauditas, se não tiverem uma bomba A, podem estar, pelo menos, cogitando em possuir uma.

Depois do que aconteceu com o Irã, abastecido com toda a sorte de armamentos, por baixo do pano, por cerca de 28 países, encabeçados pelos Estados Unidos, não dá para se duvidar de mais nada. Ademais, não existe grande segredo para a fabricação de uma ogiva nuclear.

O difícil é a obtenção do material físsil. Como o homem é, pela própria natureza, corruptível, não é impossível que alguém contrabandeie alguns quilos de plutônio para o país “x” ou “y”, desde que corra muito dinheiro. O risco de um “doomsday” (Dia do Juízo Final) ser provocado por um outro Estado, que não seja uma das superpotências, é muito maior.

Estas detêm tais armamentos em seus arsenais há muito tempo e por isso sabem bem de seus riscos. Seus líderes têm mais equilíbrio e os mecanismos para a detenção de algum eventual aventureiro ou louco são muitos, e quase perfeitos. Mas alguém pode dizer a mesma coisa, face ao retrospecto dos últimos 40 anos, dos dirigentes do Oriente Médio?!

(Artigo publicado na página 12, Internacional, do Correio Popular, em 26 de março de 1988)

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