Tuesday, January 15, 2013

Guerra fica mais equilibrada

Pedro J. Bondaczsuk

A guerra ao narcotráfico começa a ganhar alguns contornos de equilíbrio, com a determinação do presidente norte-americano, George Bush, de pelo menos conter a expansão dessa sinistra ameaça (entre tantas existentes neste final melancólico de milênio) contra a humanidade.

Até aqui, a despeito de todos os esforços empreendidos por pessoas e por governos, a vantagem estava com as organizações criminosas. Tal situação determinou, inclusive, o destino de milhares, de milhões de seres humanos, em várias partes do Planeta, que tiveram a desventura de cair escravos desse vício.

Alguns, raríssimos, conseguiram encontrar o caminho de volta à sanidade física e mental. Outros, foram submetidos até a lobotomias, e nem assim se livraram da cocaína, da maconha, da morfina, da heroína e de tantos outros alcalóides sumamente nocivos, mas intensamente procurados e principalmente por jovens.

Bush decidiu atacar de frente o flagelo e desta vez não somente numa de suas vertentes, a da produção, mas também na do consumo. Para isso, está buscando alianças por todas as partes. Da sociedade como um todo, das instituições financeiras para que não permitam a “lavagem” desse dinheiro sujo que vai enriquecer criminosos cínicos e insensíveis, dos governos dos países aliados e até das Forças Armadas norte-americanas.

É claro que o presidente está ciente dos riscos que está correndo com a sua ação. De acordo com versões da Imprensa dos Estados Unidos, negadas por Bush (talvez até por razões estratégicas), mas que são extremamente verossímeis, ele e sua família estariam sob a mira dos narcotraficantes. E não se poderia esperar outra atitude por parte de bandidos.

Quem não tem o mínimo escrúpulo em matar o filho dos outros lentamente, mediante uma tortura terrível e persistente, não titubearia em fazer qualquer tipo de chantagem. Aliás, esta sempre foi a sua arma preferida. Na guerra que os barões da cocaína declararam aos Estados Unidos e à Colômbia (isto formalmente, pois de forma informal a sua simples existência já é uma agressão a toda a humanidade), certamente eles não irão lutar às claras.

O terrorismo, seguramente, os assassinatos e a corrupção serão as suas estratégias. E a intimidação, a ameaça velada e covarde, a ação encoberta e traiçoeira. Que ninguém se engane em pensar que não tem nada a ver com o problema. Todos estamos nesta luta.

É indispensável que se perca a mania de acharmos que somos invulneráveis. Que as coisas ruins somente acontecem às outras famílias, e nunca à nossa. Ninguém, absolutamente ninguém, por melhor que tenha educado seus filhos, está a salvo da tragédia de o ver viciado.

Por isso, é mister que esta guerra tenha um vencedor e que este, obviamente, seja o lado contrário ao dos narcotraficantes. Caso contrário...

(Artigo publicado na página 14, Internacional, do Correio Popular, em 28 de setembro de 1989).

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