Tabu
é a atração da campanha
Pedro J. Bondaczuk
A campanha para o primeiro turno das eleições do
corrente ano entrou na sua reta final, no correr desta semana, com o início da
propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, na quinta-feira. E de
uma forma atabalhoada, já que não foram todos os brasileiros que tiveram suas
salas de visitas invadidas por políticos com a mesma e velha retórica de
sempre.
Em alguns Estados, processos pendentes de registros
de candidaturas fizeram com que os que postulam nos representar no Congresso ou
dirigir nossos destinos pelos próximos cinco anos não pudessem aparecer na
telinha mágica, que costuma fazer tantas cabeças e que nem sempre é aproveitada
da melhor maneira, levando em conta o seu poder de penetração.
Em termos de disputa pelos governos estaduais, as
pesquisas de opinião que circulam por aí mostram que o eleitor, pelo menos
neste momento, a dois meses da votação, voltou a uma postura tradicional, após
ter saído do sério nas eleições presidenciais do ano passado.
A maioria dos favoritos apresenta um perfil
perfeitamente delineado: é composta por conservadores, em geral com longa
militância política e com idade relativamente alta. Uma exceção é Leonel
Brizola, no Rio de Janeiro, no que diz respeito à posição ideológica, embora se
enquadre nos outros itens.
Mas o caso fluminense é todo especial, já que o
veterano ex-governador desse Estado e do Rio Grande do Sul, de onde é
originário, conquistou de vez a confiança da população local. Ali é o seu feudo
e ele não perde para ninguém.
Em São Paulo, o fenômeno Maluf volta a se repetir,
embora o candidato pedessista garanta que desta vez não vai acontecer o que
ocorreu em três ocasiões consecutivas quando ele nadou, nadou, nadou e acabou
morrendo na praia.
Em 1986, partiu na dianteira, como agora, e acabou
sendo atropelado na reta final por Orestes Quércia. Em 1988, postulou a
prefeitura da Capital e parecia ser imbatível praticamente até vésperas do
pleito. Porém, novamente, tropeçou numa surpresa e foi derrotado por Luiza
Erundina da Silva. Finalmente, no ano passado, embora não liderasse as
pesquisas no Estado para a Presidência da República, Maluf chegou a ser
considerado concorrente de peso para Fernando Collor de Mello e Luís Inácio
Lula da Silva.
Foi, por sinal, muito bem votado, principalmente no
interior paulista. Porém, os votos interioranos foram insuficientes para sequer
ameaçar os três favoritos de então. Por enquanto, o autêntico tabu que pesa
sobre o candidato do PDS, o de não ganhar eleições, é o único interesse
despertado pela campanha. No mais, o que se está observando é o mesmo
blá-blá-blá tão nosso conhecido.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 5 de agosto de 1990)
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