Tuesday, July 07, 2015

Tabu é a atração da campanha


Pedro J. Bondaczuk


A campanha para o primeiro turno das eleições do corrente ano entrou na sua reta final, no correr desta semana, com o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, na quinta-feira. E de uma forma atabalhoada, já que não foram todos os brasileiros que tiveram suas salas de visitas invadidas por políticos com a mesma e velha retórica de sempre.

Em alguns Estados, processos pendentes de registros de candidaturas fizeram com que os que postulam nos representar no Congresso ou dirigir nossos destinos pelos próximos cinco anos não pudessem aparecer na telinha mágica, que costuma fazer tantas cabeças e que nem sempre é aproveitada da melhor maneira, levando em conta o seu poder de penetração.

Em termos de disputa pelos governos estaduais, as pesquisas de opinião que circulam por aí mostram que o eleitor, pelo menos neste momento, a dois meses da votação, voltou a uma postura tradicional, após ter saído do sério nas eleições presidenciais do ano passado.
A maioria dos favoritos apresenta um perfil perfeitamente delineado: é composta por conservadores, em geral com longa militância política e com idade relativamente alta. Uma exceção é Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, no que diz respeito à posição ideológica, embora se enquadre nos outros itens.

Mas o caso fluminense é todo especial, já que o veterano ex-governador desse Estado e do Rio Grande do Sul, de onde é originário, conquistou de vez a confiança da população local. Ali é o seu feudo e ele não perde para ninguém.

Em São Paulo, o fenômeno Maluf volta a se repetir, embora o candidato pedessista garanta que desta vez não vai acontecer o que ocorreu em três ocasiões consecutivas quando ele nadou, nadou, nadou e acabou morrendo na praia.

Em 1986, partiu na dianteira, como agora, e acabou sendo atropelado na reta final por Orestes Quércia. Em 1988, postulou a prefeitura da Capital e parecia ser imbatível praticamente até vésperas do pleito. Porém, novamente, tropeçou numa surpresa e foi derrotado por Luiza Erundina da Silva. Finalmente, no ano passado, embora não liderasse as pesquisas no Estado para a Presidência da República, Maluf chegou a ser considerado concorrente de peso para Fernando Collor de Mello e Luís Inácio Lula da Silva.

Foi, por sinal, muito bem votado, principalmente no interior paulista. Porém, os votos interioranos foram insuficientes para sequer ameaçar os três favoritos de então. Por enquanto, o autêntico tabu que pesa sobre o candidato do PDS, o de não ganhar eleições, é o único interesse despertado pela campanha. No mais, o que se está observando é o mesmo blá-blá-blá tão nosso conhecido. 

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 5 de agosto de 1990)


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