Desespero infundado
Pedro J. Bondaczuk
A
Ponte Preta está vivendo ainda a "síndrome do rebaixamento". Afinal,
foram dois no ano passado, o da série A-1 do Campeonato Paulista e o da Segunda
Divisão do Brasileiro. A torcida, que viveu esses dramas em 1995, está
sensibilíssima. Ao primeiro insucesso do time (aliás, à exceção do empate em
casa com o Olímpia, as derrotas frente a Bragantino, Portuguesa Santista e
Lousano Paulista foram resultados absolutamente normais) volta o baixo astral.
Haveria motivos para desânimo? Claro que não! Há muita água ainda para rolar na
competição, que mal chega à sua metade.
O
ano, para a Ponte Preta, começou incerto. O novo presidente, Nivaldo Baldo,
assumiu em meio à pior crise já vivida na história do clube. Contas se acumulavam
aos montões. Não havia dinheiro em caixa sequer para as despesas básicas,
quanto mais para se montar um time forte. A torcida estava desanimada e, pior,
humilhada. Optou-se por uma solução caseira. Não havia outro remédio. Antes do
início do campeonato, as expectativas dos torcedores mais ferrenhos estavam
longe de um retorno à série A-1. Os objetivos básicos eram o saneamento das
finanças, a reorganização da administração e manter a Ponte em uma posição
intermediária na tabela.
Todavia,
o time "feijão com arroz" surpreendeu nos primeiros jogos. Estreou
com uma vitória de raça em Santo André. E o adversário não era nenhuma
"galinha morta", como demonstrou mais tarde. A seguir, arrancou um
excelente empate em Ribeirão Preto, frente ao Comercial. Até o jogo com o
Olímpia, vinha vencendo todos os jogos no Moisés Lucarelli. E vai continuar
vencedor. O que não se pode, nesta fase da disputa, é se deixar levar pelo
desânimo e nem dar ouvidos aos "corneteiros". De repente, surge até
uma chance concreta de volta à série A-1, já que serão três a subir. Por que
não?! Claro que se deve cobrar empenho do time. Se este, tecnicamente, não é
brilhante (e não é mesmo), precisa suprir suas deficiências com raça e
combatividade. E com calma. O ataque não pode continuar perdendo tanto gol. É
necessário mais chutes de fora da área, sem medo de errar.
A
defesa até que vem cumprindo seu papel. E mais do que isso, extrapola sua
função. É só verificar o retrospecto. Mais da metade dos gols da Ponte Preta
foram feitos por zagueiros. Mas o meio de campo precisa colocar-se melhor. Os
volantes têm que proteger com maior eficácia os avanços dos laterais e
eventualmente dos centrais. O meia-armador deve estar mais atento aos rebotes
na área adversária, atuar como o fator surpresa e impedir contra-ataques. E,
acima de tudo, o time deve jogar cada partida como se fosse a final de uma Copa
do Mundo, em termos de garra.
Por
falar nisso, cabe o registro do lançamento do livro "Enciclopédia dos
Mundiais de Futebol", do jornalista Orlando Duarte (Editora Makron Books),
com patrocínio de José Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim. A
nova edição já está atualizada, com o tetra dos EUA. É a memória do nosso
futebol preservada graças ao talento de um dos melhores (senão o melhor)
cronistas esportivos do País.
(Artigo
publicado no caderno de Esportes do Correio Popular, em setembro de 1994).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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