Novo astro em ascensão
Pedro J. Bondaczuk
A
cidade de Nova York costuma inovar, em termos políticos, e isto ocorre não é de
hoje. Muita gente ainda se recorda, por exemplo, do prefeito Fiorello la
Guardia, homem de origem italiana (morreu vítima de câncer), que na década de
40 livrou essa metrópole da bancarrota e a governou por quatro gestões.
Em
1977, o irrequieto e até um tanto folclórico Edward Irving Koch repetiu o
feito, embora não no mesmo tempo de administração. Obteve "apenas"
três mandatos, já que o quarto que postulava ele perdeu, anteontem, ao ser
derrotado nas eleições primárias do Partido Democrata. Estas consagraram um
nome que já vinha em ascensão nas fileiras partidárias e que agora ganha a
chance de uma projeção definitiva, de um destaque em âmbito nacional. Trata-se
de David Dinkins.
Em
novembro próximo, esse político, fiel ao reverendo Jesse Jackson, pode fazer
história e tornar-se o primeiro prefeito negro de Nova York. Frise-se que a
cidade tem vivido periódicos surtos de violência racial. Aliás, está mal saindo
de um deles, agora, originado há três semanas, quando um grupo de rapazes
brancos assassinou a porretadas, com um bastão de beisebol, um jovem negro.
O
líder democrata, agora candidato oficial do Partido à prefeitura, conquistou a
fama de pacificador justamente nesse episódio. Críticos seus acusam-no de ter
agido com "oportunismo". Seus defensores, no entanto,
contra-argumentam que Dinkins teve, isto sim, foi um extraordinário senso de
"oportunidade".
De
qualquer forma, tudo indica que pode estar surgindo, agora, nesta que é uma
autêntica "capital do mundo capitalista" (embora não seja, sequer, a
sede do Estado do mesmo nome), um novo astro, em nível nacional, com
aspirações, inclusive (posto que a longo prazo) a uma candidatura à Presidência
da República. Talvez não no pleito de 1992, pois que nesse, provavelmente, o
reverendo Jesse Jackson deverá fazer a sua última tentativa de disputar a Casa
Branca. Mas no de 1996, certamente, se nenhum acidente de percurso em sua carreira
política acontecer, isso deverá fatalmente se verificar.
Quanto
a Koch, ao que nos parece, o que aconteceu foi um reflexo da campanha
presidencial do ano passado. Recordamo-nos que o prefeito novaiorquino, na
oportunidade, sustentou uma polêmica com o então pré-candidato negro e fez,
inclusive, algumas colocações desastradas, consideradas racistas.
O
pessoal do Harlem, do Bronx, de Manhattan e de outras comunidades negras não o
perdoou. A maioria cerrou fileiras em torno de Dinkins. E, convenhamos, nem
todos agiram dessa forma por convicção, apenas, de que ele seja o melhor. Koch,
ao que se depreende, pecou por falar demais, e quando não deveria.
(Artigo
publicado na página 16, Internacional, do Correio Popular, em 14 de setembro de
1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment