Pontes
Pedro J. Bondaczuk
Minha vida tem
sido uma busca
por justiça e
pela criação
de liames, de
pontes concretas
que liguem o
real ao ideal.
Constante
pesquisa do que sou,
de olho no que
possa vir a ser,
sem pensar no
que esperam de mim.
Muitas vezes
perco-me em vazios,
fico sem ter
referenciais
e ao tentar
livrar-me do atoleiro
vacilo e
atolo-me mais e mais.
Sob os pés que
trilham este trecho
esquecido e
singular do tempo,
abrem-se
fundas, famintas valas,
perdem-se
esperanças e crenças.
Mas volto a
lançar pontes de barro,
renovo com
freqüência o alento
e, munido de
exemplar paciência,
disponho-me a
recomeçar.
E os dias, com
suas circunstâncias,
macetes e
peculiaridades,
as horas,
passageiras fugazes,
as muitas
ausências e distâncias,
são valas
escuras e profundas,
famintas,
insaciáveis gargantas.
Hienas
famélicas e vorazes,
encurvadas,
sempre a gargalhar
dos meus tolos
sonhos infantis:
devoram toda e
cada esperança
nova. Forçam a
me renovar.
Não houvesse
você, alma gêmea,
que partilha
ilusão e a vida,
sonhos, sorte,
azar e destino,
fé e tudo o
quanto ainda sou;
não houvesse
você, companheira,
que segue
através do meu caminho
repisando os
rastros dos meus passos,
e jamais eu
lançaria pontes
sobre abismos
e valas profundos
e ao invés de
apenas meus desejos
eles destruiriam
meu ser.
Vem para meus
braços, doce amada.
Sinta...Sinta
o mudo desespero
que vibra na
fragílima carne.
Sinta...Sinta
na sua estrutura
minha
virilidade, euforia,
meu carnal e
instintivo amor.
Acolhe neste
seu ventre fértil
sementes
sagradas do amanhã.
Faça gerar em
suas entranhas,
para lançar
sobre o fundo abismo
a nossa
concretíssima ponte
entre o
efêmero humano e Deus.
(Poema composto em Campinas em 5 de abril de 1971)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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