Tuesday, April 30, 2013


Para quem conhece a fundo a história da humanidade, com toda violência, vícios, maldade e destruição que ela registra, não consegue deixar de se espantar que esse animal, dotado de inteligência e de livre-arbítrio, mas que se utiliza tão mal dessas características, tenha a capacidade de amar. Afinal, o amor é exatamente o oposto de tantas maldades, taras e patifarias que caracterizam o ser humano. No entanto, esse sublime sentimento tem o condão de modificar comportamentos. Só ele é capaz de amansar as mais perigosas e sanguinárias feras, tornando-as dóceis, amáveis e gentis. Por isso, é a única esperança de redenção da espécie na construção de um mundo melhor e mais justo. Não se pode, pois, deixar de dar razão ao ensaísta Stendhal, quando afirma: “O amor é o milagre da civilização”. E que milagre!

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Falta de visão do governo iraquiano


Pedro J. Bondaczuk


As exigências do Iraque, acerca da soberania sobre o canal do Shatt-Al-Arab, no atual estágio das negociações de paz de Genebra, quando elas mal se iniciam, equivale a uma admissão de Bagdá de que não desejava, em momento algum, na verdade, um fim honroso para o conflito que sustentou por oito anos com o Irã. Queria era uma rendição da República Islâmica, o que nos parece uma ingenuidade.

É preciso ter em mente que foi justamente uma questão envolvendo essa via navegável que levou as dias nações ao confronto armado em 1980. O presidente iraquiano, general Saddam Hussein, subestimando a capacidade de recuperação iraniana, valendo-se do caos causado pela Revolução do aiatolá Ruhollah Khomeini, resolveu transformar em "letra morta", nessa ocasião, o Tratado de Argel de 1975.

Esse acordo previa que o Shatt-Al-Arab fosse dividido por uma linha imaginária exatamente ao meio, ficando cada nação com uma parte da sua soberania. Ocorre que o canal é o único meio de saída do Iraque para o Golfo Pérsico, enquanto o Irã tem quilômetros e mais quilômetros de costas dando para essas águas. O que poderia, e deveria, ser feito, antes de se recorrer às armas, seria uma flexibilização no seu uso entre os dois governos. Isto se houvesse o bom senso, que não houve. Ambos resolveram tomar o assunto como pretexto para a resolução pelas armas de uma velha pendência.

Khomeini, por exemplo, tem uma certa mágoa contra o Iraque, por ter sido forçado a deixar Bagdá, que o acolheu no início do seu exílio forçado, nos primeiros anos da década de 70, tendo que seguir para Paris. Por isso, a partir do momento em que seu país foi agredido, em 22 de setembro de 1980, mesmo estando em desvantagem naquele momento, face à desorganização das suas Forças Armadas e à imobilização de sua Aeronáutica, por causa de um boicote dos Estados Unidos, que impedia que os persas adquirissem peças de reposição para seus caças, todos norte-americanos, resolveu "topar a parada".

Talvez o dirigente confiasse que o sentimento religioso do povo do Iraque iria se sobrepujar ao seu patriotismo. Afinal, 50% da população iraquiana é da seita xiita, da qual Khomeini é uma espécie de papa. Não foi isso o que aconteceu. E deu noi que deu: a maior carnificina desde a Segunda Guerra Mundial.

A exigência de Bagdá, logo no início das conversações de Genebra, portanto, equivale a fazer voltar todo o esforço de paz gasto pelas Nações Unidas à estaca zero. Ela surge em um momento em que sequer os dois principais tópicos da Resolução 598 foram ainda cumpridos. Eles são: o recuo dos dois exércitos para fronteiras internacionalmente reconhecidas (ou seja, dividindo o Shatt-Al-Arab ao meio) e a troca de prisioneiros de guerra. Está faltando, portanto, clarividência a Saddam Hussein.

(Artigo publicado na página 14, Internacional, do Correio Popular, em 1 de setembro de 1988)

    
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Da origem da linguagem

Pedro J. Bondaczuk

O filósofo inglês Herbert Spencer foi um dos pensadores mais influentes, e mais polêmicos, do século XIX. Foi expoente do chamado “positivismo”, que tinha em Auguste Comte seu principal nome e cujas idéias inspiraram os “pais” da  República brasileira. Tanto que o lema constante em nossa bandeira, “Ordem e Progresso”, é de inspiração positivista. E a influência dessa corrente filosófica no Brasil não se restringiu a isso. Foi além, muito além, principalmente no que se refere à Educação. Aliás, nossa bandeira é a única do mundo a ter alguma inscrição. Pena que essa exemplar proposição nunca tenha passado de mera intenção. Na prática, não é o que a grande maioria dos nossos políticos busca para o País. Enfim...

Spencer nasceu na cidade inglesa de Derby, em 27 de abril de 1820. Morreu, aos 83 anos de idade, em Brighton, no início do século XX, ou seja, em 8 de dezembro de 1903. A despeito de ser filósofo, foi um dos pensadores que lançaram as bases da Sociologia, disciplina à            qual aplicou idéias características das ciências naturais. Embora não concorde com todas as suas proposições, aprendi muito com a leitura de seus livros. E concordo plenamente com sua conclusão que o indivíduo é mais importante do que a sociedade e, por extensão, que o Estado que integra. Ambos existem para servi-lo, e não ao contrário conforme muitos entendem mundo afora.

Não se trata de anarquismo, ou seja, da defesa de extinção de todas as instituições. Trata-se, isso sim, de colocar as coisas em seus devidos lugares. Até porque, ambos são conceitos abstratos. Concreto é o ser humano que os integra. E a lógica mais comezinha indica que não é o criador que deva servir à criatura, mas o inverso. 

Acabo de ler um dos livros de Herbert Spencer, bastante instigante, posto que dos menos conhecidos de sua relativamente pequena bibliografia. Trata-se da obra “Do progresso – sua lei e sua causa”. De forma bastante didática e metódica, o filósofo expõe sua tese e demonstra-a com argumentos sólidos e fartura de exemplos. E convence. Pelo menos eu fiquei convencido a propósito do que expõe. Sua proposição principal pode ser resumida nas seguintes palavras: “Desde as mais remotas transformações cósmicas, de que ainda existem sinais, até aos mais recentes resultados da civilização, vê-se que o progresso consiste essencialmente na passagem do homogêneo para o heterogêneo”. Ou seja, trata-se de um processo de “análise”, que parte do geral para o particular, e não o contrário, o de “síntese”, como proposto por diversos filósofos.

O que me chama a atenção, em particular, é sua tese sobre a origem da linguagem, tema pelo qual tenho  fascínio, até por razões bastante óbvias. Afinal, a palavra é minha “ferramenta” principal, com a qual exerço minha atividade de “escrevinhador” e assim garanto meu sustento pessoal e o da minha família. É com ela que me identifico e me realizo. É o instrumento pelo qual me comunico com o mundo e com que tenho o retorno dessa comunicação. Não concebo nenhum relacionamento, por elementar que seja, somente por gestos (como, certamente, ocorreu com nossos remotíssimos ancestrais, antes da criação da linguagem oral, sofisticada, mais tarde, com a escrita).

Spencer escreveu, a propósito: “É fato já estabelecido que, nas formas primitivas da linguagem, entraram como únicos elementos os nomes e os verbos. Na gradual multiplicação das partes do discurso, a partir das referidas, na divisão dos verbos em ativos e passivos, e na dos nomes em abstratos e concretos; na distinção de modos, tempos, números, pessoas e casos; na formação dos verbos auxiliares, dos adjetivos, advérbios, pronomes, preposições e artigos, assim como na diversidade de ordens, gêneros e variedades destas partes, com as quais as raças civilizadas exprimem as mais delicadas modificações do pensamento; em tudo isso, repetimos, se vê a passagem do homogêneo para o heterogêneo”.

O “geral”, de que se partiu, foram os substantivos, ou seja, a nomeação de todas as coisas, animadas ou inanimadas, e os verbos, a “ação”. Os demais elementos vieram na sequência. Provavelmente, foram criados muito tempo depois da criação dos dois elementos originais, quem sabe séculos ou até milênios, à medida que nossos remotos ancestrais sofisticavam a forma de expressar o que queriam e pensavam, para torná-la cada vez mais clara ou menos ambígua. É evidente que não há nenhuma prova de que as coisas tenham ocorrido da maneira proposta por Spencer. Mas é o que a lógica indica (embora o homem, convenhamos, nem sempre seja lógico no que pensa ou faz).

Como explicar, todavia, a variedade de idiomas e de dialetos que há no mundo, estimados em torno de vinte mil? Cada um deles nasceu de forma independente, autônoma, sem nenhuma relação de um com o outro? Spencer conclui que não. Baseia-se nos estudos de alguns filólogos para defender a tese que o “homogêneo”, da criação da linguagem, foi uma língua comum que, conforme as circunstâncias de cada grupo humano, sofreu as transformações que a diferenciaram tanto e que não se deu de repente, mas no correr do tempo, na sucessão de gerações, processo que pode, também, ter demorado séculos, se não milênios.

O filósofo afirmou, a propósito: “A filologia descobriu há muito tempo que em todas as línguas se podem agrupar as palavras em famílias com uma origem comum. Um nome primitivo, aplicado indiretamente a uma classe de coisas ou ações mal definidas, modifica-se, depois, de diferentes maneiras para exprimir as divisões fundamentais da classe. Estes vários nomes, derivados duma única raiz, são, por sua vez, origem doutros, e assim sucessivamente. E graças a este sistema de formar, por derivação e composição, termos que exprimem as diferenças mais imperceptíveis, formam-se grupos de palavras tão heterogêneas que, ao não-iniciado, parece incrível que tenham a mesma origem”.

A linguagem humana é dinâmica, diria, figurativamente, que é “viva”. Transforma-se, a todo o momento, com a criação permanente de novas palavras, enquanto muitas outras se tornam arcaicas, por falta de uso. E essas mudanças ocorrem não em uma única língua específica, por exemplo, o português, o inglês, o chinês etc. Verifica-se em “todas”, sendo em umas mais e em outras menos, mas todas elas sempre se transformam. Em todas são criadas novas palavras, enquanto tantas outras são descartadas, por algum tipo de inadequação.

Herbert Spencer vale-se dessa tese para comprovar sua proposição principal, referente ao progresso. Ou seja, que este “sempre” parte do homogêneo para o heterogêneo, e não o contrário. Cita muitos outros exemplos, da astronomia, da física ou da biologia, para demonstrar sua afirmação. Não as reproduzirei, óbvio, porquanto meu interesse centraliza-se, pelas razões expostas, especialmente na “invenção” da linguagem. 

O filósofo conclui: “A multiplicação de línguas dá também testemunho da passagem do homogêneo para o heterogêneo. Seja como pensam Max Muller e Bunsen, que todas as línguas derivam do mesmo tronco, seja como entendem outros filólogos, que procedem de duas ou mais, será sempre certo que, se numerosas famílias de línguas – como as indo-européias – têm a mesma filiação, chegaram a diferenciar-se entre si por um processo de contínua divergência. A própria propagação dos homens pela superfície da terra, dando lugar à diferenciação das raças produziu simultaneament5e a diferenciação das línguas – verdade que se justifica com o exemplo dos dialetos particulares que se falam nas diferentes regiões de cada nação”.

Não faz sentido? Claro que sim!! Para mais detalhes, a propósito, recomendo-lhe, curioso leitor: leia o livro citado de Herbert Spencer. Você só terá a ganhar. É, com certeza, deliciosa aventura intelectual e uma forma inteligente de fugir da mesmice que anda por aí.

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Monday, April 29, 2013


Talento é fundamental para o sucesso em qualquer empreendimento a que nos lancemos, mas só ele é insuficiente. São inúmeros os casos de pessoas reconhecidamente talentosas que fracassaram na vida, para espanto dos que as conheciam, porque lhes faltou um “algo mais”. Ocorre que, além do domínio da atividade a que nos dediquemos, é preciso coragem, organização, autodisciplina e vontade, muita vontade de trabalhar, entre outras virtudes. Somado a tudo isso, é necessário, ainda, ser persistente, ter entusiasmo e nunca desistir face a eventuais fracassos. Ou seja, paciência é indispensável em tudo o que viermos a fazer. Ademais, mesmo com tudo isso, nunca se tem certeza absoluta do sucesso. Mas quem não contar com essas características, pode estar certo de uma coisa: o fracasso será inevitável. Gustave de Flaubert foi mais longe. Concluiu que “talento é paciência sem fim”.

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Coração solitário

Pedro J. Bondaczuk 

Estas coloridas pétalas
esparzidas pelo chão,
o inebriante perfume
e este irreal clarão
(brilhante, potente luz
que revelam meu mundo)
buscam eliminar a tristeza
e o acre cheiro de bolor,
dissipar a atroz treva
e tornar menos precário
o estado tão lamentável
deste meu temerário
e imprudente coração,
que vive tão solitário.

Meus versos forçados, vazios,
vazias canções arrítmicas,
o vazio na minha alma,
o vazio no meu mundo,
o vazio em minha vida,
o vazio em meu temário,
revelam o vazio existente
no meu coração solitário.

O Amor, que busco nas formas,
o Amor, essência da vida,
o Amor que trago nos olhos,
o Amor que insinuo no corpo,
o Amor que revelo nas mãos,
o Amor que cedo, por amor,
Amor trocado em Amor,
Amor que dou, não empresto,
de nada me tem valido.
O Amor é um grande falsário!

Embora distribuindo Amor,
sendo, até mesmo, perdulário,
não passo de poeta falido
e de coração solitário.

Meus instantes de tédio,
minha cisma e vagar,
as estrelas, que são minhas
em todas noites de luar,
formam, apenas, o corolário
de cismas e inquietações
que se resumem em penas,
de queixas, extenso rosário,
e insatisfação contínua
de um coração solitário.

(Poema composto em Campinas, em 24 de novembro de 1968).

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As “bruxarias” do “Bruxo do Cosme Velho”

Pedro J. Bondaczuk

O escritor Machado de Assis – também conhecido pela alcunha de “Bruxo do Cosme Velho” –   destacou-se dos demais – do seu tempo e do nosso, por que não? – e é tido, com toda a justiça, paradigma da Literatura brasileira, por uma série de virtudes, entre as quais destaco a intemporalidade. Não só essa, é claro, mas é uma das que mais me chamam a atenção.

Embora fidelíssimo narrador dos usos e costumes de determinada época – a segunda metade do já tão remoto século XIX – soube captar e, sobretudo, transmitir com clareza e autenticidade, aquele quê de imutável no ser humano. Ou seja, seu comportamento, suas ambições, seus ideais, seus vícios e contradições. Enfim, suas virtudes e defeitos que sobrevivem à sucessão de gerações e estão mais arraigados do que nunca no homem deste terceiro milênio da era cristã.

É considerado “bruxo” por essa e por outras tantas aptidões, que só podem ser (posto que figuradamente) frutos de bruxaria. Cosme Velho, no caso, foi acrescentado a esse apelido por se tratar do bairro carioca em que o escritor residiu. 

Ler as descrições dos cenários em que Machado de Assis situou suas histórias – romances, contos e novelas – é como estar diante de uma fotografia (que, a propósito, ainda sequer havia sido inventada quando produziu sua obra e, mesmo que fosse, seria  processo de captação de imagem acessível a pouquíssimas pessoas), tamanha a perfeição com que descreveu ruas, casas, lojas, praias, morros, igrejas etc. etc. etc., notadamente do Rio de Janeiro, então capital do Império. Fez isso com riqueza ímpar de detalhes, como raros outros escritores conseguiram e conseguem fazer. E seu talento descritivo não se restringia à paisagem, mas exorbitava na apresentação ao leitor dos seus personagens.         

Tudo, neles, é autêntico. Seus trajes (que se usados hoje seriam apenas a título de fantasias de Carnaval, tanto que a moda se transformou), os acessórios de que lançavam mão (como bengalas, pincenez, cartolas e caixas de rapé, entre tantos outros utensílios, hoje peças de museu), os veículos de transporte de seu tempo (já havia bondes a tração animal, tanto que ele escreveu jocoso e delicioso manual de como entendia que os passageiros deveriam se comportar no trajeto) e, sobretudo, algo que apenas muitas décadas depois outros escritores viriam a fazer: seus perfis psicológicos. “Entrou” na mente de cada um deles, para descrever o que pensavam e sentiam, para justificar suas ações e reações, tornando-os tão verossímeis.

Todavia, a despeito dessa fidelidade á sua época, nenhuma de suas histórias, mas nenhuma mesmo, tem o sabor de coisas velhas, arcaicas, ultrapassadas, com cheiro e gosto de bolor. Podemos cruzar, a qualquer momento, e em qualquer lugar, nas ruas, nas praças, nos shoppings, nas boates, nos hotéis, nos estádios de futebol ou no metrô do Rio de Janeiro (ou de outra cidade brasileira qualquer), por exemplo, com Capitu, posto que trajada com as vestimentas deste século XXI, mas sem perder as características de mistério e dissimulação da original. Ou com Bentinho, Escobar, Helena, Iaiá Garcia e outro tipo qualquer dos inesquecíveis personagens que criou.

Isso é o que mais me fascina em Machado de Assis: a autenticidade, sem a mínima perda de atualidade. Seus livros poderão ser lidos nos séculos XXII, XXIII, XXV, XXX ou mais (se o mundo continuar existindo, claro, o que nem mesmo é provável, dados os crescentes e iminentes perigos que ameaçam nossa espécie de extinção) com idêntico interesse dos leitores desse tempo, além do nosso, por permanecerem atuais.

Estou seguro de que nossos descendentes desse futuro tão distante, caso venham de fato a existir, terão as características básicas dos tipos que o “Bruxo do Cosme Velho” criou e deu vida. Haverá, ainda, uma Capitu, um Bentinho, um Escobar, uma Helena  e tantos outros,  posto que trajados à forma desse tempo e tendo por palco as megalópoles de então.        

Machado de Assis, todavia, não foi apenas o notável (para mim inigualável) ficcionista, que ainda hoje causa assombro nos que o lêem pela primeira vez. Foi escritor eclético, que se aventurou (e fê-lo com competência) por vários outros gêneros. Em poesia, é fato, suas incursões foram esporádicas e raras. Todavia, deixou para a posteridade poemas marcantes, sobretudo sonetos. Escreveu, também, peças de teatro, embora nenhuma tenha alcançado o brilho dos seus contos e, principalmente, romances. Mas na crônica, foi mestre. Foi modelo para gerações e mais gerações de cronistas, e bons, de que nossa Literatura e nossa imprensa sempre tiveram (e felizmente têm) com fartura.

Nenhum, todavia, é comparável ao “Bruxo do Cosme Velho”. Quem mais se aproximou dele, em criatividade e até em prestígio, e quase um século depois, foi o capixaba Rubem Braga, sobre cujo centenário de nascimento já tive a oportunidade de escrever. Ainda hoje, Machado de Assis é tido, e com justiça (e quem duvidar que leia as crônicas que escreveu) como referencial, como parâmetro, como paradigma de bom cronista. Considero-o, também, magnífico jornalista.

O quê? Vocês estranharam essa afirmação?! Não deveriam. Não, leitor, não me enganei. Explico. Naqueles tempos românticos em que a imprensa ainda engatinhava (e não somente no Brasil, já que a existência de jornais diários é fenômeno relativamente recente no mundo), escritores e jornalistas se confundiam. Uns exerciam a função dos outros e vice-versa. As redações estavam repletas de “cultores das belas letras”, como se dizia na época. Aliás, praticamente todos os que   atuavam na imprensa tinham veleidades literárias. Ou já tinham livros publicados e eram expoentes dos círculos literários de então ou tinham pretensões de escrevê-los e publicá-los. Eram, pois, todos escritores-jornalistas ou jornalistas-escritores.

Praticamente toda a obra ficcional de Machado de Assis teve a “avant-premiere” em jornais e revistas. Seus romances eram publicados em fascículos, em capítulos (não sei dizer se semanais ou mensais), encartados em jornais, antes de serem reunidos, e não raro só anos depois de escritos, em livros, que eram objetos de luxo, raros, ao alcance de poucos e restritos leitores e acessíveis a pouquíssimos e mais raros ainda escritores, que tinham que fazer das tripas coração para terem esse privilégio.. Seus contos ilustravam  revistas da época, quase todas (ao menos nominalmente)  voltadas ao público feminino, embora poucas, pouquíssimas mulheres na ocasião tivessem acesso à educação, pelo menos a formal (ao contrário do que ocorre hoje, em que são maioria nas escolas e nas universidades).  

Machado de Assis lançou-se, firmou-se e projetou-se no mundo das letras em um contexto tão adverso que a maioria de nós, caso tivéssemos que encarar idênticas circunstâncias, jamais cogitaríamos em fazer literatura, em um país então hiper atrasado, posto que imenso, mas carente de tudo: de transportes, comunicação e, sobretudo, de educação, com taxas de analfabetismo absurdas, beirando os 90% da população, se não mais. Isso sem falar de sua origem.

Era mulato, filho de lavadeira, nascido numa época marcada pelo preconceito racial em que a escravidão ainda era brutal realidade, e era legal, tida e havida como coisa “normal” pela incipiente e atrasada sociedade pós-colonial brasileira, e, para completar sua desdita, era gago. E... ainda assim, chegou onde chegou. É miraculoso! Aduza-se a isso o fato de jamais ter freqüentado escola, tendo aprendido a ler  e a escrever quando aprendiz de tipógrafo. Por isso, tudo o que se disser ou se escrever sobre o talento e a genialidade de Machado de Assis será pouco, nunca será exagerado. E não só pelas circunstâncias adversas de sua vida, que soube superar com tanta determinação, mas antes e principalmente pela absurdamente alta qualidade da sua obra. Só pode, mesmo, ser coisa de “bruxo” e da mais grossa “bruxaria”.     

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Sunday, April 28, 2013


As pessoas que aprendem a ser felizes, em geral, vivem mais do que as outras e, quando isso não ocorre, têm uma vida com muito, muitíssimo mais qualidade. A felicidade, afinal, é um aprendizado, um exercício, uma postura de vida, uma predisposição. Tem, como alguns de seus principais ingredientes, a tolerância, o bom-humor, o sorriso espontâneo e a alegria de viver. Com o tempo, é possível aprender a gozá-la plenamente, valorizando pessoas, coisas e acontecimentos do cotidiano e desejando pouco e só aquilo que esteja ao nosso alcance. Todos poderemos conseguir essa desejável ventura se estivermos predispostos a ela. O poeta Johann Wolfgang Göethe, que em idade provecta, ainda usufruía das delícias do amor, escreveu, em um de seus poemas: “Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”. E, de fato, é. Por isso, o aprendizado que devemos procurar com maior afinco é o de como sermos felizes.

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Momento de distensão

Pedro J. Bondaczuk

As relações entre os Estados Unidos e o Irã entraram, desde a eleição, no ano passado, do moderado Mohammed Khatami para a presidência iraniana, em seu momento mais favorável desde 1979. Naquele ano, o aiatolá Ruhollah Khomeini retornou do exílio na França, expulsou o xá Mohammed Rheza Pahlevi do poder e implantou uma República Islâmica no país, para substituir a monarquia deposta.

O monarca fugitivo, que estava com câncer avançado, foi acolhido primeiramente no Egito. No entanto, em maio de 1979, os Estados Unidos acolheram-no, em um hospital de Nova York, para tratamento médico. Tal fato causou profunda irritação nos xiitas iranianos. Em 4 de novembro de 1979, em represália a esse gesto humanitário, um grupo de estudantes islâmicos ocupou a embaixada norte-americana em Teerã, fazendo mais de 70 reféns. Aos poucos, os cativos foram sendo libertados, até que restassem 53, que ficaram retidos durante 444 dias.

O presidente dos EUA da época, Jimmy Carter, planejou uma operação militar de resgate. Foi um fiasco. Aviões e helicópteros norte-americanos não conseguiram decolar do deserto salgado de Tabas, nos arredores de Teerã, o que causou zombarias do mundo todo. Estava em andamento a campanha para a eleição presidencial, marcada para novembro de 1980. O fracasso na operação militar de resgate acabou determinando a vitória do adversário de Carter, o republicano Ronald Reagan.

Os estudantes islâmicos somente libertaram seus reféns no dia da posse do novo presidente norte-americano, em 20 de janeiro de 1981. Desde 1979, os dois países não mantêm relações diplomáticas. Os EUA incluíram o Irã na relação dos Estados que adotam a prática do terrorismo como estratégia política. Na primeira Guerra do Golfo, os norte-americanos armaram o Iraque, que por pouco não consegue fabricar sua bomba atômica, com a conivência (involuntária nesse caso) de Washington.

Mais tarde, tiveram que enfrentar Saddam Hussein, que lutou contra os norte-americanos com muitas armas que estes próprios lhe forneceram. Por baixo do pano, no entanto, contrariando determinações do Congresso dos EUA, o presidente Ronald Reagan também vendeu armamentos aos iranianos e utilizou o dinheiro arrecadado para financiar os guerrilheiros da Nicarágua, que lutavam contra os sandinistas no poder. O caso ficou conhecido mundialmente como "escândalo Irã-contras".

Em 1988, os dois países envolveram-se em uma série de incidentes armados no Golfo Pérsico, que culminaram com a derrubada, por parte da Marinha norte-americana, de um avião de passageiros iraniano, com 270 pessoas a bordo. O governo dos EUA argumentou que se tratou de um "engano", mas recebeu unânime condenação internacional.

A distensão entre os dois países começou, de fato, em 1989, com a morte, em 3 de junho, do aiatolá Khomeini. O Irã foi incluído na lista dos Estados terroristas por supostamente apoiar, com homens e armas, o grupo xiita libanês Hezbollah (Partido de Deus), que seqüestrou vários cidadãos norte-americanos, durante na guerra civil no Líbano. Na quarta-feira passada, em um depoimento na Casa Branca, o presidente Bill Clinton admitiu que pretende restabelecer em breve relações diplomáticas "amistosas e estáveis" com o Irã.

(Artigo publicado no Correio Popular em 20 de junho de 1998).

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Centenário do mestre da crônica

Pedro J. Bondaczuk

O Brasil sempre produziu excelentes cronistas, entre seus grandes expoentes literários. Há quem afirme que o gênero, misto de jornalismo e de Literatura, tenha nascido no País. Não nasceu. Mas não vem ao caso. Nem por isso deixou de produzir expoentes, notáveis redatores desses deliciosos retratos do cotidiano, meio que sem regras, ora confundindo-se com artigos, ora com poesia em prosa, ora, até mesmo, com o conto, dependendo de quem seja o autor e do tema que aborda.

Machado de Assis é tido como uma espécie de parâmetro, de paradigma da crônica no País. Concordo! Depois dele, o cronista que goza de maior reputação, e com toda a justiça, passados vinte e dois anos da sua morte (completados em dezembro), é o capixaba Rubem Braga, cujo centenário de nascimento se comemora exatamente neste sábado, 12 de janeiro. Há uma série de cerimônias e homenagens programadas em vários locais do País e nos meios de comunicação, para marcar o evento.

Um deles será o programa especial no canal de televisão a cabo Globo News (e ele foi, a partir de 1975, funcionário da Rede Globo), recordando vários aspectos de sua vitoriosa carreira. E diversos jornais vão publicar, certamente, matérias alusivas à data, Brasil afora. Nada mais justo. Há até consenso entre cronistas que Rubem Braga foi o mestre de todos nós. Praticamente delineou o caminho sobre o que fazer para uma crônica parecer (e ser) saborosa e duradoura e o que o autor deve evitar para que o leitor não a ignore e não deixe de lê-la.

Não afirmo, como muitos o fazem afoitamente, que esse capixaba, nascido em Cachoeiro do Itapemirim (a mesma cidade natal do cantor Roberto Carlos) tenha sido o “maior cronista” de todos os tempos de País. Igualmente, não digo que não foi. Esse tipo de generalização é, como qualquer outro, incorreto e injusto. Ademais é uma avaliação sumamente subjetiva essa de apontar fulano como sendo melhor do que beltrano, em qualquer atividade, desde que, claro, ambos desempenhem suas funções com idêntica habilidade, criatividade e correção, o que ocorre com grande frequência. É questão, sobretudo, de gosto.

Mas que Rubem Braga foi excelente cronista, um dos mais bem sucedidos da história do jornalismo e da Literatura (já que o gênero é uma espécie de “ponte” entre as duas atividades), disso não há a menor dúvida. Seria burrice, ou desconhecimento, ou alienação contestar. Não podemos nos esquecer, porém, de Fernando Sabino, de Luís Fernando Veríssimo e de tantos outros, do passado e do presente, cujos nomes prefiro não declinar, para não cometer a injustiça de omitir algum. Cito, porém, alguns poetas que se destacaram, igualmente, na crônica, como os casos de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Cecília Meirelles, Mário Quintana, Vinícius de Moraes (cujo centenário de nascimento igualmente se comemora em 2013 e que, oportunamente, tratarei com mais vagar e destaque) e Affonso Romano de Sant’Anna, entre tantos, e tantos, e tantos cultores do gênero no País.

Como se vê, o Brasil sempre teve (e ainda tem) magníficos cronistas. Todavia, sempre houve entre os que já morreram e há, entre os que ainda, para nossa felicidade, permanecem na ativa, consenso no reconhecimento da magistralidade de Rubem Braga. De fato, ele foi “magister” de todos nós, e de várias gerações. Inclusive meu, embora minhas crônicas não passem de ridículas caricaturas quando comparadas às desse magnífico mestre. Pudera! O homem foi um gênio na especialidade.

Poucos se lembram que ele teve formação jurídica, embora não me conste que tenha advogado algum dia, ou promotor público, ou mesmo juiz. Se o foi, não conseguiu projeção no mundo da interpretação e execução de leis. Sua vocação não era essa. Era a de cronista do cotidiano que fez, como mágico da palavra que sempre foi, de acontecimentos e coisas corriqueiras e triviais, obras primas de jornalismo-literatura, já que a crônica, reitero, é um meio termo entre as duas disciplinas, podendo ser catalogada, sem que seja errado, tanto em uma, quanto na outra.

Rubem Braga iniciou seu curso de Direito no Rio de Janeiro, mas concluiu-o na Faculdade de Belo Horizonte, no tenso e dramático ano de 1932, o da Revolução Constitucionalista, para forçar o então ditador Getúlio Vargas a respeitar a Constituição. O movimento, em termos práticos, de nada valeu, apesar das muitas vítimas que deixou em seu rastro. O caudilho gaúcho continuou, e ainda por muitos anos (por treze, para ser exato) fazendo suas próprias leis e o que lhe dava na cabeça.

A estréia de Rubem Braga nas redações de jornais – que iria freqüentar até sua morte, em 19 de dezembro de 1990 – se deu em sua Cachoeiro do Itapemirim natal, no “Correio do Sul”, em que publicou suas primeiras crônicas. No mesmo ano em que se formou em Direito, foi contratado pelo Diário da Tarde, com a incumbência de assinar uma coluna diária. Não ficou muito tempo nesse jornal, mas não por ter sido despedido, mas por haver sido promovido.

Explico: Rubem Braga foi convocado a fazer, como repórter, a cobertura da Revolução Constitucionalista para todos os jornais do grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Fez um trabalho tão competente, que foi transferido, em 1933, para o Diário de São Paulo, na capital paulista. Só retornou ao Rio de Janeiro em 1935. Nesse ano, obteve transferência para o “Diário da Noite”, do mesmo grupo, com a obrigação de também escrever para “O Jornal”.

Não vou transcrever seu brilhante currículo jornalístico (pelo menos não hoje), pois essa não é a proposta destas reflexões. Só vou acrescentar que trabalhou por certo tempo no Recife, em Belo Horizonte – onde publicou seu primeiro livro de crônicas, “O conde e o passarinho” – e na Itália, na cobertura das peripécias da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.

Fez várias outras viagens internacionais, cobrindo importantes eventos. Esteve, por exemplo, na Argentina, reportando a eleição de Juan Domingo Perón; nos Estados Unidos, para acompanhar a reeleição de Dwight David Eisenhower na presidência norte-americana e passou uma temporada de seis meses em Paris (quem me dera!), como correspondente europeu do Correio da Manhã. Chegou, até, a ser embaixador do Brasil no Marrocos, no curtíssimo mandato de Jânio Quadros, que viria a renunciar alguns meses após a posse alegando estar sendo vítima de “forças ocultas”.

De tantas atividades jornalísticas que exerceu, todavia, o que ficou, mesmo, para a posteridade foi sua atuação numa que aparentemente era a menos destacável, tida como de menor importância em qualquer jornal: a função de cronista. São estranhas, mesmo, as circunstâncias da vida!

Essa estranheza, porém, vem acompanhada de uma preciosa lição (outra das tantas deixadas por Rubem Braga ou que têm relação com sua vida): devemos executar toda tarefa que nos for designada, por menor que nos pareça, ou de fato seja, com a mesma competência, aplicação, entusiasmo, paixão e eficiência. Afinal, não sabemos em qual delas nos sairemos melhor e qual será a valorizada pela posteridade, após nossa morte. E, como cronista (também) esse ilustre filho de Cachoeiro do Itapemirim foi nota dez!!! Hoje é lembrado não tanto como o primoroso repórter que foi, mas, sobretudo, como mestre da crônica, gênero tão pouco valorizado, contudo que exige tanto de quem o exerce em termos de competência e de criatividade.

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