Homem das mil faces
Pedro J. Bondaczuk
Sou homem de mil faces
de múltiplas peculiaridades,
calidoscópio de desejos,
que embora mil, são diferentes
(alguns inconseqüentes).
Porém, o maior desejo
é não ter qualquer desejo!
Sou criador de ilusões
e fabrico, noite e dia,
sonhos altos, grandes sonhos
que a Vida, fera, loba,
segue, lesta, devorando.
Vivendo minha fantasia,
dia e noite, noite e dia,
construo a minha biografia
desta realidade tão fria.
Sou homem de mil faces,
herdeiro da humanidade.
Genética colcha de retalhos
compõe minha personalidade.
Na mais íntima estrutura,
teimosamente, perdura,
o primitivo ancestral.
Do Cro-Magnon,
imerso na noite do tempo,
do Homem de Neanderthal,
e do Homem de Java
sou legítimo herdeiro.
Dos surpreendente egípcio,
do indiano, hebreu, hitita,
do grego, medo-persa, mongol
e até do povo que habita
a terra onde nasce o sol;
do assírio, chinês, romano,
de senhores e de escravos,
do autóctone americano
e dos vários povos eslavos,
trago marcas e resquícios,
que teimosamente perduram
em minha íntima estrutura.
Sou homem de mil faces,
múltiplas, peculiares,
todas, todas me pertencem e
em todas há tudo de mim.
Mesmo que conservando
intacta a personalidade
que a genética me legou,
a minha peculiaridade
é que, na verdade, sou
o sumário da humanidade!!
(Poema composto em Campinas, em 9 de julho de 1968).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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