Saturday, June 30, 2012

Temos que amar, sobretudo, a humanidade, a despeito de suas fraquezas, aberrações, patifarias e contradições. Ou seja, devemos agir como recomendam lúcidos pregadores: “abominar o pecado, mas ter compaixão pelo pecador”. Aquele que não ama os semelhantes e, pior do que isso, que os abomina, jamais dedicará a vida na elaboração de uma obra cujos resultados não irá aproveitar. Nunca podemos perder de vista o fato de que somos efêmeros e que desconhecemos nosso tempo de vida. Quanto menos esperarmos, zás, alguma fatalidade (acidente, doença ou agressão), pode nos atingir e pôr fim à nossa aventura no mundo. E mortos, claro, de nada nos valerão nossos bens ou nossas virtudes ou nossas aptidões. Tudo o que fazemos, portanto, mesmo que não venhamos a nos dar conta, é para usufruto alheio.

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O que comprar:


Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista). – Preço: R$ 23,90.


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Homem das mil faces


Pedro J. Bondaczuk

Sou homem de mil faces
de múltiplas peculiaridades,
calidoscópio de desejos,
que embora mil, são diferentes
(alguns inconseqüentes).
Porém, o maior desejo
é não ter qualquer desejo!

Sou criador de ilusões
e fabrico, noite e dia,
sonhos altos, grandes sonhos
que a Vida, fera, loba,
segue, lesta, devorando.

Vivendo minha fantasia,
dia e noite, noite e dia,
construo a minha biografia
desta realidade tão fria.

Sou homem de mil faces,
herdeiro da humanidade.
Genética colcha de retalhos
compõe minha personalidade.

Na mais íntima estrutura,
teimosamente, perdura,
o primitivo ancestral.
Do Cro-Magnon,
imerso na noite do tempo,
do Homem de Neanderthal,
e do Homem de Java
sou legítimo herdeiro.
Dos surpreendente egípcio,
do indiano, hebreu, hitita,
do grego, medo-persa, mongol
e até do povo que habita
a terra onde nasce o sol;
do assírio, chinês, romano,
de senhores e de escravos,
do autóctone americano
e dos vários povos eslavos,
trago marcas e resquícios,
que teimosamente perduram
em minha íntima estrutura.

Sou homem de mil faces,
múltiplas, peculiares,
todas, todas me pertencem e
em todas há tudo de mim.

Mesmo que conservando
intacta a personalidade
que a genética me legou,
a minha peculiaridade
é que, na verdade, sou
o sumário da humanidade!!

(Poema composto em Campinas, em 9 de julho de 1968).


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Tornando o incrível crível

Pedro J. Bondaczuk

Há escritores que conseguem a façanha de tornar as histórias mais inverossímeis que se possam imaginar em perfeitamente críveis. Como fazem isso? Com seu talento, claro. Com um poder de convencimento excepcional. Sobretudo, com a criação de personagens tão vivos e tão autênticos que chegam a parecer pessoas que conhecemos e com as quais convivemos no dia a dia. Com descrições impecáveis de cenários e de fatos verídicos da época em que situam seus enredos. É habilidade rara, daí chamarem tanta atenção.

É certo que existe a contrapartida. Ou seja, há escritores que conseguem estragar as melhores histórias, cujos desfechos seriam naturais e lógicos, caso fossem claros e diretos, mas que, dada sua imperícia e falta de capricho e atenção , nos soam como incríveis, como ridículas e inverossímeis. Como detesto criticar colegas do meu métier, ficarei com os primeiros. Ou seja, com os que se destacam pela aptidão. E neste caso situo e enfatizo um dos autores de língua portuguesa que mais aprecio: Eça de Queiroz.

Acabo de reler seu romance “Os Maias”, que já havia me impressionado sobremaneira na primeira leitura, feita há cerca de quatro décadas, e atentei a detalhes que naquela ocasião não havia atentado. Raciocinem comigo. Vocês achariam possível que dois irmãos, separados praticamente no nascimento de um deles, com diferença de idades de no máximo dois anos, criados por famílias diferentes, vivendo em países diversos, cerca de vinte anos depois da separação se encontrassem e se apaixonassem um pelo outro, sem sequer desconfiarem (claro) do parentesco? Coincidências como esta podem ocorrer, não nego, mas qual a sua probabilidade? Creio que uma em um bilhão, se não mais.

Eu não me arriscaria a explorar um enredo desse tipo. Mas Eça de Queiroz se arriscou. E compôs um romance de tamanha grandeza, que é considerado, sem favor algum, um dos grandes clássicos da literatura mundial. No desenrolar da história, nem de longe desconfiamos que Carlos Eduardo Maia e Maria Eduarda são irmãos. Essa revelação bombástica, que se feita (ou sequer sugerida) nos primeiros episódios, soaria ridícula e inverossímil, ocorre, apenas, e de chofre, de forma direta e brutal, nos capítulos finais. E é tão chocante, e horrível, que causa a morte, por desgosto, do patriarca dos Maias, o avô de Carlos Eduardo (que o criou com carinho e esmero) e, claro, da bela e um tanto misteriosa Maria Eduarda.

O mérito maior de Eça está na criação de personagens tão verossímeis e marcantes, que ao longo da leitura e ao final dela nos tornamos “íntimos” deles. Apreciamos os de bom caráter, detestamos os pilantras e torcemos pelo sucesso do romance de Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Claro, antes de sermos cientificados de que são irmãos e de que seu relacionamento carnal é o clássico caso do social e moralmente condenável incesto.

Divertimo-nos, por exemplo, com a irreverência e uma certa irresponsabilidade de João Ega (supõe-se que se trate do próprio Eça de Queiroz, posto que com mudanças, aqui e ali, de idéias e comportamentos). Simpatizamos com o velho poeta Alencar, amigo de juventude do pai de Carlos Eduardo, Pedro, que se suicida depois que a mulher foge com um aventureiro qualquer, levando a filha e deixando-lhe o filho ainda bebê pára ser criado. Claro que a figura central, maior, pela qual nutrimos até indisfarçável reverência e filial carinho é o patriarca Afonso da Maia.

Mas os personagens que desfilam diante dos nossos olhos são muitos, cada qual com sua importância no enredo. Não há nenhum supérfluo. Como os dois Vilaças, primeiro o pai e, depois que este morre, o filho, ambos tutores dos bens e negócios do clã dos Maias. Como o inglês Brown, preceptor do garoto Carlos Eduardo, que o educa nos princípios rígidos da mente sã em um corpo são. Como o Eusebiozinho, figura patética, meio que adoentada, que ora nos desperta piedade, ora nos deixa irados com seu maucaratismo, notadamente oportunismo. Como o Craft, freqüentador do círculo de amigos do nosso herói, quer em Lisboa, no casarão batizado de Ramalhete, quer na quinta de Santa Olávia, na região do Porto. Como o diplomata finlandês Steibroken com suas canções. Como o Marquês Cruges. E como, principalmente, o ridículo e adiposo Damaso Salcede, que tem papel preponderante no enredo, como o clássico e traiçoeiro vilão.

As mulheres, óbvio, têm papel de destaque no romance. Sem falar da volúvel e pérfida mãe de Carlos Eduardo e de Maria Eduarda, que se tornaria a grande paixão de sua vida, se pode citar, por exemplo, Terezinha, “namoradinha” de infância do futuro médico, formado em Coimbra. Como Hermengarda, primeiro amor adúltero do jovem Maia. Como a ruiva Gouvarinho, que nutre por ele devastadora paixão e da qual ele se “enjoa”, após tumultuoso relacionamento proibido. Ou como Raquel Cohen, casada com um banqueiro, a grande paixão do amigo João da Ega. Todos esses personagens, e outros menos relevantes, é que dão vida ao enredo de “Os Maias” e lhe conferem verossimilhança, ou seja, tornam crível essa história incrível.

Coincidentemente, após a releitura do apaixonante romance de Eça de Queiroz, fiquei sabendo que o canal de TV a cabo Viva reprisaria a minissérie que a Rede Globo produziu e exibiu entre 9 de janeiro e 23 de março de 2001, baseada nessa magnífica obra do escritor português. Ela já está no ar desde 6 de março. Foi escrita por Maria Adelaide Amaral, João Emanuel Carneiro e Vincent Villan. Dirigida por Emílio di Biasi e Del Rangel, tem no elenco, nos principais papeis, Fábio Assunção, Ana Paula Arósio, Walmor Chagas, Leonardo Vieira, Simone Spoladore e Selton Melo, entre outros.

A minissérie tem uma diferença do livro: incorpora tramas e elementos de outro romance de Eça, “A relíquia”. Está aí, pois, uma excelente sugestão para quem não leu essa obra-prima, mas quer conhecê-la . Trata-se de produção literária entre as melhores da literatura de língua portuguesa e mundial (por que não?). Acompanhe essa reprise do Viva, que vai ao ar, de segunda a sexta-feira, no horário das 22 horas e conclua se exagerei em minha avaliação. Asseguro que não! Assista à minissérie, mas, de preferência, leiam, também, o livro de Eça de Queiroz. Vale a pena.

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Friday, June 29, 2012

As obras duradouras, que permanecem anos, séculos, quiçá milênios após a nossa morte e que beneficiam gerações, não importa seu tamanho ou natureza, são atos de amor. Não esse estereotipado, mutilado e distorcido, como é entendido por grande parte das pessoas, ou seja, a mera transação de corpos, almas e interesses, sem nenhum comprometimento profundo e genuíno. Este tipo de sentimento falso e ambíguo conduz, somente, à frustração, ao desespero, à decepção, à amargura e à solidão. O amor a que me refiro é aquele desprendido, abnegado, altruísta, que move céus e terras para proteger e beneficiar seus destinatários, sem esperar agradecimentos, vantagens e sequer reciprocidade. Claro que esta é desejável e, quando ocorre, nos descortina as delícias do Paraíso. Por esta emoção, sim, vale a pena viver e, se preciso, vale a pena morrer. Afinal, o amor é a fonte da vida e, principalmente, o que ela tem de melhor.

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Colocando o valor à mostra

Alex H. Bentley



A temporada, agora, é das grandes feiras e exposições, que deve culminar, de 31 de agosto próximo a 2 de setembro, com a Expomicro’88, no Palácio das Convenções do Anhembi, que vai se constituir num dos maiores eventos sobre informática de todo o mundo, trazendo grandes feras do círculo empresarial internacional para um contato mais direto com o empresário brasileiro.

Tais promoções, além do seu lógico e natural cunho comercial, têm outro mérito. O de propiciar uma saudável troca de experiências e permitir que o público e a grande imprensa vejam o que se produz entre nós nesse seleto e restrito campo industrial.

Não há como negar que, a despeito de equívocos e tropeções, o Brasil evoluiu muito neste setor. Há os que juram que a evolução seria maior sem a reserva de mercado, o que, no mínimo, é contestável. Outros entendem que esse mecanismo (embora reconhecendo que ele não é um primor de perfeição) satisfez o seu principal objetivo.

Estes acham que, sem ele, continuaríamos totalmente à margem desse processo industrial do futuro, dessa tecnologia de ponta, como meros importadores de máquinas e de programas, já que as empresas nacionais não conseguiriam suportar a avalanche da concorrência externa e fatalmente sucumbiriam.

É confortador ver que companhias que surgiram virtualmente do nada, na base da pura “raça” (como costumamos dizer daqueles que vencem exclusivamente em decorrência do seu empenho e dedicação) vão aos poucos se fortalecendo.

Muitas que eram micros, se tornaram pequenas. E as que ocupavam antes essa posição, viraram médias. E algumas já estão, até, ensaiando para entrar no seleto rol das grandes. Essa série de exposições que está acontecendo é uma mostra do poder empreendedor do empresário brasileiro.

Agora, está chegando o momento da saudável concorrência, da “seleção da espécie” no mundo comercial, onde o mais capaz, o mais organizado e o mais criativo, vai, não somente sobreviver, como prosperar bastante. E o que não tiver essas características, ou terá que desenvolver esse “punch”, ou se verá forçado a ceder lugar a quem tenha competência.

(Artigo meu, publicado sob pseudônimo, na página 11, Editoria de Informática do Correio Popular, em 19 de agosto de 1988).

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Irrestrita paixão

Pedro J. Bondaczuk

A paixão amorosa é, sempre foi e presumo que sempre será tema central da literatura, não importa em que gênero e nem a época em que a obra for produzida. Não se trata de prerrogativa, por exemplo, do Romantismo, como muitos (erroneamente) pensam e de nenhuma outra escola literária, específica. É atemporal e universal, como é esse próprio arrebatador sentimento. Bem, até aqui, eu não disse nada de novo. Contudo (observo), o óbvio, mesmo que soe (e seja) redundante, deve ser sempre ressaltado, porquanto há muitos (e põe muitos nisso) que não atentam a ele.

Acabei de ler uma novela antiga, antiqüíssima, escrita e publicada em meados do século XVIII (mais especificamente, em 1731, em Amsterdã), abordando devastadora paixão que, ao contrário do desfecho normal das histórias daquele período, não teve final feliz. Muito pelo contrário. Refiro-me ao livro “Manon Lescaut” (cujo título, no original francês é “Histoire du Chevalier dês Grieux et de Manon Lescaut”), de Antoine François Prevost, mais conhecido como Prevost d’Exile ou, mais ainda, como Abade Prevost. O enredo eu já conhecia, da ópera do mesmo nome, do italiano Giácomo Puccini, estreada em 1º de fevereiro de 1893 no Teatro Regio de Turim. Essa circunstância permitiu-me que atentasse a minúcias do livro, aquelas que via de regra fogem à nossa observação quando estamos empenhados em acompanhar a história em si.

Li a novela de Prevost de um só sopro. Vi-me transportado para o cenário desse magnífico drama, descrito com tamanha verdade e paixão, como se o autor tivesse vivido um amor tão avassalador e irrestrito, não fora ele um sacerdote e não estivesse impedido de viver experiências como as que narra, pelo voto de castidade que fez ao ser ordenado. A maneira como o abade descreve as peripécias e desventuras do cavalheiro Des Grieux e da volubilíssima Manon Lescaut multiplica seus méritos literários, já que não se trata de descrição de experiências pessoais, mas são frutos de arguta e competente observação.

A novela (bem como a ópera de Puccini, inspirada nela) é apresentada fora do devido contexto, como se fosse obra exclusiva, o que, de fato, não era. Era o sétimo (e último) volume das “Memoires et aventures d’un homme de qualité qui s’est retire du monde”. Dos seis livros precedentes, ninguém (ou poucos) se dão conta. A história é tão bem narrada, sem que reste o mínimo “fio solto”, que prescinde de qualquer contextualização. Ganhou vida própria e dessa forma consagrou o Abade Prevost como um dos maiores expoentes do Romantismo, tanto na França, quanto no mundo.

A bem da verdade, esse escritor teve passagem obscura na literatura do seu tempo, sem ganhar, por exemplo, a projeção e a reverência de um Victor Hugo, ou de um Honoré de Balzac ou mesmo de uma Madame Stael. Provavelmente permaneceria em rigorosa obscuridade e seria completamente esquecido, como tantos e tantos escritores do seu tempo (e de outro qualquer) não fosse a providencial intervenção de Giácomo Puccini.

Foi a interferência do compositor italiano, mais especificamente de sua ópera baseada na história da avassaladora paixão amorosa, tão bem escrita por Prevost, que tirou o escritor da obscuridade em que estava relegado, e há já mais de um século após sua morte (o abade morreu em 25 de novembro de 1763). Isso confirma uma impressão que sempre tive: a de que uma obra de real valor literário raramente passa batida. Mesmo que na época do seu lançamento seja ignorada pela crítica e pelo público, quase sempre, décadas ou até mesmo séculos depois, acabará caindo em mãos competentes e providenciais, nas de quem findará por lhe fazer justiça.

Foi o que ocorreu com a novela descrevendo a devastadora paixão do jovem Cavalheiro Des Grieux pela bela, mas volúvel e irresponsável Manon Lescaut. Os céticos podem apontar exageros e observar que ninguém suporta tantas traições e volubilidades como suportou o infeliz herói dessa história. Mas... quem pensa assim, tem certeza disso? Provavelmente, se confrontado com idêntica experiência, será o primeiro em igualar (se não em superar) a cega confiança do apaixonado De Grieux. Em minha longa experiência de vida já testemunhei inúmeros casos como os da novela, posto que não com finais tão infelizes. Mas com paixões de idêntica intensidade, quando não até maiores.

Leio, na enciclopédia eletrônica Wikipédia, a avaliação feita por Guy de Maupassant da magnífica personagem criada por Prevost, que peço licença para transcrever: “Eis Manon Lescaut, mais verdadeiramente mulher que todas as outras, ingenuamente descarada, pérfida, amante, perturbadora, espiritual, temível e charmosa. Nessa figura, tão plena de sedução e de instintiva perfídia, o escritor parece ter encarnado tudo que há de mais gentil, de mais envolvente, e de mais infame no ser feminino. Manon é a mulher por inteiro, como ela é, sempre foi e sempre será. No entanto, este pequeno hino em louvor à canalhice não convence todo mundo, da mesma forma poderíamos argumentar que a Virgem Maria representa o ‘eterno feminino’”.

Prevost compôs esta personagem com tamanha perícia, que não há leitor, por mais sisudo e empedernido que seja, que não se apaixone por essa mulher que, apesar de suas traquinices e traições, de fato amava (à sua maneira e profundamente) seu “príncipe encantado”. Tanto que morre em seus braços, após ambos empreenderem desesperada e suicida fuga do selvagem ajuntamento humano da América, ainda inóspita e deserta, para onde haviam sido exilados como pena dos delitos que cometeram na França. No seu derradeiro momento de vida, Manon foi, de fato, somente de Des Grieux, como este em momento algum duvidou que fosse. A paixão... Ah, a paixão! Quem consegue racionalizá-la e explicá-la? Afinal, racionalizada, e explicada, ela deixa de ser paixão! Ou não?


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Thursday, June 28, 2012

O ensaísta Henry David Thoreau constatou que “é preciso duas pessoas para falar a verdade – uma para falar e outra para ouvir”. Ou seja, para servir de testemunha do que foi dito. Mas onde está a verdade? Como poderá ser identificada em meio a um emaranhado de versões e de especulações? Por exemplo, o enigma do atentado de Dallas, que custou a vida do presidente John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, será algum dia decifrado? Chegaremos a conhecer, sem sombra de dúvidas, quem foi o assassino (ou, se for o caso, quais foram os assassinos)? A decifração, afinal, é sempre importante, pois, como indaga o escritor Osman Lins: “Decifrar não é um modo de apagar, de esquecer?”! Claro que sim! Mas como chegar à verdade, sem resvalar para as deturpações?

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Anote e Confira

GETÚLIO VARGAS

Ninguém pode negar a influência de Getúlio Vargas na vida política, econômica e social deste País. Ainda hoje, 30 anos após a sua morte, a figura desse estadista desperta paixões nos poucos contemporâneos que ainda estão vivos. E é exatamente esse homem grandioso (até mesmo em seus erros e defeitos) que será objeto de um especial da Rede Manchete, intitulado “Getúlio, a Vida e a História”. O texto e a direção desse trabalho estão entregues ao escritor Carlos Heitor Cony e a produção e edição ficam a cargo de Ana Maria Costábile. Como o leitor se recorda, o ex-presidente suicidou-se num tenebroso 24 de agosto do ano de 1954, no Palácio do Catete, da antiga capital federal, a cidade do Rio de Janeiro. Rede Manchete, canal 15 em UHF, às 22h15.

(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, “TEVÊ”, do Correio Popular, em 22 de agosto de 1984).


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O fascínio do circo

Pedro J. Bondaczuk

O circo é presença recorrente (e no meu caso, obrigatória) na memória de várias pessoas, notadamente as da minha geração. Lembro-me, com saudade, de várias tardes de domingo em que pude rir com espontaneidade e alegria das ingênuas travessuras dos palhaços; em que me mantive tenso, assustado e sem fôlego com as peripécias dos trapezistas (alguns faziam seus números com tamanha perícia e confiança, que dispensavam redes de proteção) e em que fiquei intrigado e confuso com os truques dos mágicos, que acreditava serem mesmo atos de magia. Nenhum outro tipo de diversão produziu-me, depois, (e nem produz agora) tão genuína, espontânea e completa satisfação.

Na minha memória foram retidos, e permanecem mais nítidos e vivos do que nunca, não apenas as atrações do picadeiro. Lembro-me dos cheiros de serragem dos circos que frequentei, dos gostos das guloseimas com que me deliciava durante e nos intervalos dos espetáculos, da rusticidade das arquibancadas de madeira, das luzes e dos sons que emanavam dessas imensas tendas, que eram garantia de novidades e, sobretudo, de diversão. De muita e sadia diversão.

Hoje, com o sem-número de opções que há para divertir e distrair as crianças, esse tipo de lazer vai perdendo, gradativamente, espaço. Infelizmente, parece fadado a desaparecer. Uma pena! Algumas companhias circenses ainda resistem galhardamente, mas atraem cada vez menos expectadores, principalmente seu público-alvo preferencial: meninos e meninas na faixa etária dos seis aos doze anos.

Antes do advento da televisão e muito antes do aparecimento dos jogos eletrônicos, dos vídeogames, numa época em que sequer se cogitava da existência de computadores, e muito menos desses práticos e cada vez mais acessíveis, os pessoais, batizados genericamente de “PX”, o circo era o grande e, virtualmente único meio de diversão das crianças fora de suas casas. Aos adultos estavam reservadas outras atrações (nerm tão atraentes assim), como o teatro, os cafés, os serões caseiros e outras tantas formas similares de lazer.

Estranho, sobremaneira, como esses locais tão importantes na vida de tantas pessoas, mundo afora, foram tão pouco utilizados na literatura, como cenários de tragédias e de comédias. Lembro-me, por exemplo, apenas de um conto, de Franz Kafka, intitulado (se não me falha a memória) de “O trapezista”, em que o ambiente circense é usado para a ambientação da obra literária. Claro que devem haver outros, mas poucos. Tanto que não me lembro de nenhum outro.

Todavia, um dos romances mais comentados da atualidade, sucesso de crítica e de vendas nos Estados Unidos, lançado em mais de trinta países e que está chegando, agora, ao Brasil, tem como “palco” do seu enredo justamente um desses locais que me despertam tamanha nostalgia e tão aguda saudade. Refiro-me ao livro “O circo da noite”, de Erin Morgenstern, lançamento da editora Intrínseca, com tradução de Claudio Carina. A história segue (guardadas as devidas proporções) a mesma linha de “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer e da série “Harry Potter”, da inglesa J. K. Rowling.

O enredo gira em torno de dois magos, Celia e Marco, envolvidos em um misterioso desafio e é ambientado, como o próprio título avisa, em um circo. Passa-se no século XIX, período em que, provavelmente, ocorreu o auge do interesse popular por esse tipo de espetáculo. Trata-se do livro de estréia da autora e, como se vê, ela, de cara, “acertou na mosca”. O sucesso do romance é tão grande, que já foi assinado contrato para ser levado às telas do cinema. Presumo que ouviremos falar muito, ainda, dessa jovem (tem 33 anos de idade), bonita (com “estampa” de estrela de Hollywood) e promissora romancista.

Muitos já se apressam em afirmar que Erin Morgenstern desponta como legítima “sucessora” dessas duas “Midas de saias” (que transformam em ouro tudo o que tocam) que são Stephenie Meyer e J. K. Rowling. Discordo dessa idéia de sucessão. Diria, como dizem os norte-americanos (não sem antes assumir ares de ironia): “bushit”. Ou seja, besteira!

Em literatura não existe essa história de sucessão. Todos podem conviver harmonicamente, não importando sua época, idade, tema, gênero ou estilo, já que, se a obra que produzirem for realmente boa, conviverá sem choques e nem competições, por anos, décadas, séculos ou, quem sabe, milênios após a morte dos respectivos autores. A propósito, lembro-me de um caso envolvendo o magnífico (e perdoem-me o adjetivo, mas ele merece) poeta gaúcho, Mário Quintana.

Perguntaram, em certa ocasião, ao meu ilustre conterrâneo, quem ele achava que era o melhor escritor daquela época. Ele não titubeou. Respondeu na bucha: “Parem com isso! O escritor não é cavalo de corrida que, para ser bom, tem que chegar na frente de outro”. E não tinha razão?! Claro que sim! O fato de apreciar Machado de Assis, por exemplo, não significa que o considere superior (ou inferior) a Jorge Luís Borges. Posso apreciar ambos (e aprecio mesmo), sem, necessariamente, considerar um melhor do que o outro. E isso vale em relação a todo e qualquer escritor.

Mas, voltando a Erin Morgenstern, e seu bem-sucedido livro de estréia, lembro de recentíssima entrevista dela publicada pela revista semanal “Época”. Indagada por que a literatura fantástica é tão popular atualmente (e ela segue, nitidamente, essa linha temática), a jovem (e belíssima) escritora respondeu: “Eu acho que a literatura fantástica tem crescido não só entre os leitores, mas tem chegado mais aos cinemas e à televisão. Eu cresci lendo contos de fadas e livros cheios de magia, e não precisei abandonar a fantasia quando me tornei adulta. Tenho impressão que muitos leitores também se sentem assim”. Eu também me sinto dessa maneira, ora, ora, Erin. Afinal, convive em mim (e conviverá enquanto eu viver), e mais viva do que nunca, a criança inquieta e curiosa que um dia fui (ou, na verdade, ainda sou).

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Wednesday, June 27, 2012

A narrativa histórica, mesmo sobre fatos tidos como consensuais, é caracterizada por versões, por interpretações, pela subjetividade de quem a narra, por maior que seja o seu empenho para retratar a verdade. “Assim se faz a história:/com a agressividade de poucos,/com a ingenuidade de muitos/e a dialética dos tolos”, dizem os versos de Affonso Romano de Sant’Anna. E há que se dar ouvido aos poetas, esses desbravadores da alma humana, que dissecam, em palavras aparentemente banais, as mais profundas emoções do homem.

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Janelas da consciência


Pedro J. Bondaczuk

Abri as janelas da consciência
e descortinei a eternidade!

Sou incógnita insolúvel,
o “x” da equação da vida
na ingente busca de solução.

Não sou nada! Não sei nada!
Nada quero de material!
Só meu mundo não tem trevas.
Mas nem meu sonho me é leal!

No poema, inconseqüente,
que quis, em vão, escrever,
está a minha alma revelada.

Quem me dera me encontrar,
na minha perpétua busca,
no meu mundo, a viver
a quimera insatisfeita,
a busca da felicidade.

Quem me dera ser monera,
cosmo, expressão sem alma,
ser luz, ser treva, ser pedra,
ser sonho buscando sonhos.

Vago, no universo infinito,
tentando descobrir meu “ego”,
a mística auto-revelação,
vacilante, tateante e cego.

Muito além do zênite supremo,
dos limites do inconcebível vácuo,
descortino, da vida, a essência:
abri as janelas da consciência!



(Poema composto em São Caetano do Sul, em 3 de agosto de 1964)


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Os dois lados da moeda

Pedro J. Bondaczuk

A paixão, sentimento extremo de apego por uma pessoa, entidade ou causa, é algo que sempre me fascinou. Muitos perguntam (e eu também me questiono, amiúde, a propósito) se é um mal que deve ser combatido e erradicado, ou algo desejável e até indispensável para obtermos êxito em qualquer empreitada. Sou de opinião de que tudo depende de controle. Ou seja, de você controlá-la e direcioná-la e não deixar que ela o controle e direcione. É possível isso? Não sei! Entendo que com força de vontade er autodisciplina seja. Mas não posso jurar.

A paixão, em si, é cega, e, a priori, nem é um bem e nem um mal. Escrevi isso, há algum tempo, numa das minhas tantas crônicas. Esse, porém, é um assunto recorrente, daqueles que nunca se esgotam e que sempre apresentam ângulos novos e originais. Da minha parte, não sei viver sem paixão. Sou apaixonado pela mulher que me acompanha há décadas, que me gerou quatro filhos e cuja ausência não concebo. Também sou pela literatura, minha forma de interpretar o mundo e de me comunicar com quem conheço e, principalmente, com quem não conheço e jamais virei a conhecer. Sou apaixonado pela beleza, pela bondade, pela solidariedade e vai por aí afora.

Alguém, em sã consciência, pode afirmar que essas paixões sejam negativas, obsessivas, destruidoras e que devem, portanto, ser descartadas? Creio que não. São frutos de reflexão, de cultivo do intelecto, de experiência de vida. Reitero, pois, que a paixão, em si, não é boa e nem má, aprioristicamente. Cabe-nos direcioná-la corretamente, para que se torne força irresistível e benigna que atue exclusivamente a nosso favor. Sem ela – como ressaltei em uma crônica, escrita há já algum tempo –, nada do que fizermos atingirá a excelência e a perfeição.

Volto à pergunta inicial: é possível controlá-la e direcioná-la e não deixar que ela nos controle e direcione? E reitero a resposta, depois de longa reflexão: sim! Muitos e muitos o fizeram. Michelangelo, por exemplo, estava dominado por intensa paixão ao esculpir a estátua de Moisés, em 1505 – que pode ser apreciada em todo seu esplendor na Igreja San Pietro in Vincoli, em Roma. Essa obra atingiu tamanho grau de perfeição, que seu ilustre autor, num momento de alucinação diante de tanta beleza, teria exclamado: “Parla, Moses!”. De fato, a estátua só falta falar.

Querem outro exemplo do quanto a paixão bem direcionada torna-se aliada na consecução de uma obra, a tal ponto excelente, que imortaliza nossa memória? Cito Dante Alighieri, que punha chispas pelos olhos ao erigir sua “Divina Comédia”, que o consagrou como um dos maiores poetas de todos os tempos. A mesma fúria criativa tomou conta de Beethoven, Tchaikowsky, Rembrandt, Rafael, Velazquez, Monet, Manet, Gauguin, Van Gogh e vai por aí afora. Faça, portanto, o que fizer, coloque paixão em sua obra e ela irá beirar à perfeição. Não acredita? Tente! Mas não perca o controle sobre ela. Não permita que ela o controle. Controle-a!

Em outra crônica, comparei-a a um legítimo cavalo puro-sangue. E ponderei: “Um animal desse tipo, forte, saudável e veloz, pode nos levar com mais rapidez e segurança a qualquer lugar que queiramos. Para isso, porém, é indispensável que seja domado. Se for xucro, nos derrubará da sela antes que sequer consigamos piscar. Para nos ser útil, é indispensável que estabeleçamos com o animal relação de mútua confiança, até mesmo de amizade. A paixão também é assim”.

Essa energia que tende a extrair de nós o melhor ou o pior, dependendo de a controlarmos ou nos deixarmos controlar por ela, pode ser definida, grosso modo, “como um comprometimento irrestrito e absoluto, sem dúvidas ou vacilações, com uma pessoa, uma idéia ou uma causa”. Observei, na sequência, na referida crônica: “Antes de montarmos, portanto, no tal puro-sangue, é indispensável que tenhamos completa certeza da excelência de quem ou do que queremos conquistar. Ou seja, temos que ‘domá-la’. Estabelecida, porém, essa convicção, nada é mais seguro e rápido do que, no dorso do ‘cavalo’ da paixão, galoparmos, livres e confiantes, rumo ao sucesso e à felicidade”.

Essa imagem, a bem da verdade, não é totalmente minha. Foi-me inspirada pelo humanista Daisaku Ikeda, líder budista, que escreveu, em seu livro “Vida um enigma, uma jóia preciosa”: “Controlar a paixão é como correr num cavalo desembestado. Se as rédeas são relaxadas por um instante, o cavaleiro pode ser jogado fora da sela. O certo é dominar e utilizar as forças e energias, de modo que o cavaleiro e o animal se movam como se fossem um só”. Quem não tem essa capacidade de domínio, que evite de se apaixonar (caso isso seja possível, claro. Temo que não seja).

Finalmente, para concluir estas reflexões, peço licença ao paciente leitor para remeter-me a uma terceira crônica minha sobre essa questão. A certa altura escrevi no aludido texto: “O dragão, ser mítico criado num tempo bastante remoto pela imaginação popular, teria a faculdade de expelir jatos de fogo pela boca. Claro que se trata de lenda e que jamais existiu ou poderia existir um animal assim. Em chinês, esse bicho imaginário leva o nome de long e, em japonês, de ryu. Mas o termo por nós utilizado deriva do grego ‘drakon’. Na mitologia chinesa, o dragão foi um dos quatro animais sagrados convocados por Pan Ku, o deus criador, para participarem da criação do mundo”.

O leitor que não leu a referida crônica, pode estar se perguntando, a esta altura: “O que tem a ver o dragão com a paixão?” Calma, me explico. Mas citando outro trecho do texto em questão: “A ele (ao dragão) teria cabido criar a energia do fogo, que destrói, mas permite o renascimento (transformação). Seria, porém, possível o homem expelir chamas do seu corpo? Figurativamente, sim. Quem é dotado do dom do raciocínio, potencializado pela paixão, expele fogo pelos olhos. Ou seja, é convicto do que fala e do que faz e nunca se limita a pensar, mas age, com força, coragem e determinação. É a grande característica dos gigantes da espécie, dínamos do progresso e da civilização”.

A certa altura, dou o devido crédito a essa idéia e escrevo: “Paulo Mendes Campos tratou com perícia do tema, na crônica ‘De um caderno: três escritores soviéticos’, publicada na revista Manchete, em 1967. Escreve, a propósito: ‘O dom do raciocínio quando misturado à dádiva da paixão faz com que as criaturas ponham fogo pelos olhos, como se uma coisa fizesse a outra arder indefinidamente. Lógica e paixão fazem um incêndio na alma. Pascal também devia botar fogo pelos olhos. E Spinoza’. E poderíamos aduzir uma lista enorme de figuras dotadas dessas características que se tornaram ‘imortais’ na memória dos povos”. Viram como uma característica, tida e havida como perigosa e que, supostamente, devamos evitar, pode se transformar em irresistível força que nos conduza ao sucesso? Por isso, esse tema me fascina tanto.

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Tuesday, June 26, 2012

Em política, economia, esporte ou em qualquer outra atividade, o êxito ou o fracasso estão na dependência exclusiva da nossa ação, da autodisciplina e da competência. Não há destinos pré-traçados ou determinismos inexoráveis. Ninguém é vencedor ou perdedor de véspera. A única coisa de que não podemos escapar jamais é da morte, cuja chegada, felizmente, não podemos nunca prever. No mais, tudo está em nossas mãos, aguardando que construamos o nosso sucesso como formiguinhas, passo a passo, dia-a-dia, com dedicação e com constância. Não abramos mão, pois, de construir uma bela biografia, nos realizando naquilo que temos clara e inequívoca vocação.

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