Momento de definições
Pedro J. Bondaczuk
O
lançamento, no domingo, em pré-convenção do PMDB gaúcho, da candidatura do
ex-ministro da Previdência Social, Antônio Britto, ao governo do Estado do Rio
Grande do Sul, inviabiliza, pelo menos a priori, a formação de uma frente
envolvendo uma das alas do partido com o PSDB para a sucessão presidencial.
Trata-se
de mais um presidenciável, ou que pelo menos poderia postular uma
Vice-Presidência numa eventual chapa com o ministro da Fazenda, Fernando
Henrique Cardoso --- caso esse cargo não seja extinto na revisão constitucional
--- a sair do páreo sucessório. Doravante, as negociações objetivando o pleito
de 3 de outubro tendem a se acelerar.
Por
enquanto, apenas dois partidos já definiram seus candidatos: o PT, com Luís
Inácio Lula da Silva, e o PDT, com Leonel Brizola. Os demais permanecem naquela
fase do "balão de ensaio", da especulação, do anúncio e do
desmentido, tão comum nessas ocasiões.
Em
três semanas, porém, o quadro da sucessão ficará mais claro, já que em 2 de
abril próximo termina o prazo para as desincompatibilizações. Nessa
oportunidade, o País vai saber, por exemplo, se Paulo Maluf vai fazer ou não
sua terceira tentativa para chegar à Presidência --- a primeira foi quando
perdeu para Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Saberá
se Luiz Antônio Fleury Filho apresentará seu nome como uma opção na convenção
do PMDB ou se irá apoiar Orestes Quércia. Tomará conhecimento se o
ex-governador do Paraná, Álvaro Dias, se lançará na disputa pelo PP ou se
tentará retornar ao governo estadual paranaense em função das pesquisas, que o
apontam como favorito.
Onze
partidos estão habilitados legalmente a lançar candidatos próprios ao Palácio
do Planalto. Estima-se, porém, que no máximo seis o farão, alguns dos quais na
qualidade de meros franco-atiradores. A grande expectativa gira em torno do que
Fernando Henrique fará. Se vai continuar ministro, administrando a introdução
--- que se prevê complicada e delicadíssima --- do real ou se empreende vôos
mais altos, na qualidade de uma opção de centro-esquerda à candidatura de Lula.
O
palpite é que sua aposta será mais alta, embora tenhamos que esperar até 2 de
abril para saber se vai aceitar ou não este que é o maior desafio da sua
carreira.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 8 de março de 1994).
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