Monday, November 14, 2016

Duelo desigual


Pedro J. Bondaczuk


As pesquisas de opinião pública e os analistas políticos do mundo todo dão como certa a reeleição do presidente norte-americano, Ronald Reagan, nas eleições presidenciais de hoje nos EUA. Algumas prévias, inclusive, chegam a situar o candidato republicano a até 20 pontos percentuais à frente de seu opositor, o democrata Walter Mondale, que, todavia, insiste em afirmar que vai repetir o feito de Harry Truman, em 1948, tido e havido como perdedor por antecipação para Thomas E. Dewey e que protagonizou a maior surpresa nas urnas em toda a história norte-americana, superando seu adversário por uma margem até folgada de votos.

É muito difícil, senão impossível, garantir a vitória antecipadamente numa disputa que ainda não aconteceu. O resultado eleitoral, num país tão heterogêneo como os EUA, algumas vezes reveste-se de surpresas constrangedoras e depende muito do número de pessoas que comparecem para votar.

Os norte-americanos, como frisamos em diversas oportunidades, não são forçados a comparecer às urnas e, tradicionalmente, têm sido registrados índices de abstenção em torno da metade do eleitorado.

Aliás, esse foi um dos motivos porque Reagan tentou, no correr da última semana de campanha, conter um pouco o clima de euforia do seu “staff”, segurar o pessoal do “já ganhou”, afirmando que o perigo disso era o de seus eleitores acharem que seus votos seriam dispensáveis e não comparecerem para cumprir essa regalia cívica (e não dever, como erroneamente a maioria, em outros países, considera), dando margem a que seu opositor ganhe as eleições.

Todos estão esperando um autêntico “massacre” do atual presidente sobre Mondale. Embora tudo leve a crer que o mais lógico é isso vir realmente a ocorrer, nunca se pode perder de vista a imprevisibilidade característica de qualquer eleição e a possibilidade das margens de erro das diversas pesquisas serem maiores do que se espera.

Alguns pesquisadores, inclusive, mostraram maior cuidado em suas previsões. Situaram a vantagem de Reagan em 11%, com 5% de indecisos e 3% de margem de erro. Descontando esses fatores, a superioridade real do atual presidente deve situar-se em 3%, cifra, ao nosso ver, mais compatível com um encerramento de campanha.

De qualquer forma, nas próximas 24 horas já ficaremos sabendo quem vai dirigir, por mais 4 anos, os destinos do país mais rico e poderoso do Planeta. Se Ronald Wilson Reagan, o presidente mais velho da história norte-americana (e isto desde o seu primeiro mandato, quando foi eleito com 69 anos de idade) ou Walter Fritz Mondale, que se auto-intitula “Matador de Gigantes”, posando perante a opinião pública como um autêntico David da democracia moderna, tentando abater, com suas propostas voltadas para os negros, para os hispânicos e para as mulheres, um poderoso, posto que não invencível, Golias.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 6 de novembro de 1984).


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