Do cinema para a história
Pedro J. Bondaczuk
Como “cowboy” de Hollywood,
que um dia sonhou ser um novo Robert Taylor, o “mocinho” Reagan “Kid” dobrou,
com pertinácia, mais um adversário, ontem, conseguindo um novo “massacre”
eleitoral, desta vez sobre Walter Mondale, a exemplo do que já fizera antes com
Jimmy Carter, em 1980.
Como
o herói dos westerns norte-americanos, fanaticamente apegado aos conceitos
maniqueístas de bem e do mal, devolveu ao povo, nos quatro anos de seu mandato,
o sentido de orgulho nacional, seriamente abalado com a guerra do Vietnã, com o
incidente da embaixada em Teerã, com o fiasco militar no deserto iraniano de
Tebas em 1980 e principalmente com a invasão soviética ao Afeganistão. Acima de
tudo, recuperou o prestígio e o respeito de seu país no Exterior.
Embora
seja comumente acusado de belicista, pelos adversários, a verdade é que os
soviéticos e outros países de regime marxista, não conquistaram um único
centímetro de terra, em lugar algum do mundo, durante seu mandato. Os norte-americanos
podem não ser exatamente amados hoje por outros povos. Mas ninguém pode negar
que são muito mais respeitados do que nunca foram em toda a sua história.
Isso
os EUA devem a um homem: Ronald Reagan, nascido em Tampico, Illinois, em 6 de
fevereiro de 1911 (signo de Aquário), cuja primeira profissão foi a de locutor
esportivo, exercida no Estado de Iowa. Aos 26 anos, A Califórnia entrou em sua
vida, quando foi para Hollywood fazer teste no cinema, na Warner Brothers. A
primeira impressão deixada foi sensacional.
O
funcionário que lhe fez o teste não se conteve diante do talento que julgou ter
em mãos e telefonou para o todo poderoso Jack Warner, chefão da empresa
cinematográfica, dizendo: “Tenho aqui uma raridade, um novo Robert Taylor”.
Essa
previsão, contudo, foi frustrada ao longo do tempo. Um pouco por falta de visão
dos produtores, que só incluíram esse ator, de razoáveis dotes, em filmes
considerados de “classe B”. Outro tanto, por sua própria inércia.
Mesmo
assim, Ronald Reagan fez uma longa carreira em Hollywood, onde apareceu em 54
películas, muitas delas exibidas várias vezes no Brasil. Afastou-se do cinema
apenas em 1965, para postular, um ano depois, o governo do Estado mais rico e
populoso dos EUA: a Califórnia.
Seis
anos antes, contudo, Reagan iniciava sua militância política, via sindicato.
Inicialmente foi diretor, para depois tornar-se presidente, do Screen Actor
Guide (SAG), órgão sindical que congrega os atores de Hollywood. A primeira
grande eleição que disputou, venceu.
Foi
eleito, em 1966, governador da maior concentração per capita de milionários do
Planeta, a Califórnia, sendo reeleito em 1974. Daí, para a Casa Branca, foi
somente um pulo. Seu destino, portanto, foi muito mais elevado do que o
previsto, ou seja, de mero “novo Robert Taylor”. Tornou-se,
inquestionavelmente, o presidente da República mais popular da história
norte-americana contemporânea.
(Artigo
publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular em 7 de novembro de
1984).
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