Saturday, November 26, 2016

Do cinema para a história

  
Pedro J. Bondaczuk


Como “cowboy” de Hollywood, que um dia sonhou ser um novo Robert Taylor, o “mocinho” Reagan “Kid” dobrou, com pertinácia, mais um adversário, ontem, conseguindo um novo “massacre” eleitoral, desta vez sobre Walter Mondale, a exemplo do que já fizera antes com Jimmy Carter, em 1980.

Como o herói dos westerns norte-americanos, fanaticamente apegado aos conceitos maniqueístas de bem e do mal, devolveu ao povo, nos quatro anos de seu mandato, o sentido de orgulho nacional, seriamente abalado com a guerra do Vietnã, com o incidente da embaixada em Teerã, com o fiasco militar no deserto iraniano de Tebas em 1980 e principalmente com a invasão soviética ao Afeganistão. Acima de tudo, recuperou o prestígio e o respeito de seu país no Exterior.

Embora seja comumente acusado de belicista, pelos adversários, a verdade é que os soviéticos e outros países de regime marxista, não conquistaram um único centímetro de terra, em lugar algum do mundo, durante seu mandato. Os norte-americanos podem não ser exatamente amados hoje por outros povos. Mas ninguém pode negar que são muito mais respeitados do que nunca foram em toda a sua história.

Isso os EUA devem a um homem: Ronald Reagan, nascido em Tampico, Illinois, em 6 de fevereiro de 1911 (signo de Aquário), cuja primeira profissão foi a de locutor esportivo, exercida no Estado de Iowa. Aos 26 anos, A Califórnia entrou em sua vida, quando foi para Hollywood fazer teste no cinema, na Warner Brothers. A primeira impressão deixada foi sensacional.

O funcionário que lhe fez o teste não se conteve diante do talento que julgou ter em mãos e telefonou para o todo poderoso Jack Warner, chefão da empresa cinematográfica, dizendo: “Tenho aqui uma raridade, um novo Robert Taylor”.

Essa previsão, contudo, foi frustrada ao longo do tempo. Um pouco por falta de visão dos produtores, que só incluíram esse ator, de razoáveis dotes, em filmes considerados de “classe B”. Outro tanto, por sua própria inércia.

Mesmo assim, Ronald Reagan fez uma longa carreira em Hollywood, onde apareceu em 54 películas, muitas delas exibidas várias vezes no Brasil. Afastou-se do cinema apenas em 1965, para postular, um ano depois, o governo do Estado mais rico e populoso dos EUA: a Califórnia.

Seis anos antes, contudo, Reagan iniciava sua militância política, via sindicato. Inicialmente foi diretor, para depois tornar-se presidente, do Screen Actor Guide (SAG), órgão sindical que congrega os atores de Hollywood. A primeira grande eleição que disputou, venceu.

Foi eleito, em 1966, governador da maior concentração per capita de milionários do Planeta, a Califórnia, sendo reeleito em 1974. Daí, para a Casa Branca, foi somente um pulo. Seu destino, portanto, foi muito mais elevado do que o previsto, ou seja, de mero “novo Robert Taylor”. Tornou-se, inquestionavelmente, o presidente da República mais popular da história norte-americana contemporânea.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular em 7 de novembro de 1984).


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