Monday, November 24, 2014

Vôlei e futebol decepcionam


Pedro J. Bondaczuk


A palavra mais exata para qualificar as atuações do vôlei e, principalmente, do futebol brasileiros, ambos masculinos, em suas respectivas estréias, no segundo dia de competições dos Jogos Olímpicos de Atlanta, é uma só: vexame. As razões é que são diferentes, embora os resultados de ambos tenham sido iguais: decepcionantes.

E essas decepções ocorreram depois das conquistas brilhantes de Gustavo Borges na natação (em uma prova que nem mesmo é a sua especialidade) e de Aurélio Miguel, nitidamente prejudicado pelos critérios (ou falta deles) da arbitragem. Aliás, são dois veteranos ganhadores de medalhas olímpicas e por isso legítimos heróis do esporte brasileiro.

Quanto aos pupilos de Zagalo...O time milionário, tido e havido pela torcida e pela crítica como o nosso "dream team", uma das seleções mais badaladas (e caras) da história, literalmente pisou na bola. Menosprezou o adversário (fraquíssimo tecnicamente, mas determinado), e se deu mal.

Entrou em campo com toda a pose de campeão de véspera. E saiu humilhado, cabisbaixo, derrotado, para desencanto de milhares de torcedores em Miami e de 150 milhões de decepcionados brasileiros.

Quanto aos chamados "golden boys" do vôlei, desde a Liga Mundial se percebia nítida queda em seu rendimento, atribuída a excesso de treinamentos pelos analistas. Com todo o respeito que os campeões olímpicos de Barcelona merecem, o desanimador nessa estréia não foi a derrota em si, normal em um clássico sul-americano. Foi a forma com que o time perdeu, em especial nos terceiro e quarto sets, quando sua atuação descambou para o ridículo.

Resta ao torcedor brasileiro (um masoquista, quando se trata de Olimpíadas), vibrar com os seus veteranos, que pelo menos não negam fogo na hora da verdade. Alegrar-se com Gustavo Borges, com Aurélio Miguel, com o "mão santa" Oscar ou com "Magic Paula".

E com heróis isolados, que sem a auto-suficiência (ou máscara) da Seleção que teria que defender o prestígio do futebol tetracampeão do mundo, simbolizam a garra e a determinação da nossa gente. Como foi o caso das meninas comandadas pelo técnico Zé Duarte, que arrancaram um honroso empate contra nada mais, nada menos do que a campeã mundial Noruega.



(Artigo publicado no Caderno de Esportes do Correio Popular, em 22 de julho de 1996)

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