Vôlei
e futebol decepcionam
Pedro J. Bondaczuk
A
palavra mais exata para qualificar as atuações do vôlei e, principalmente, do
futebol brasileiros, ambos masculinos, em suas respectivas estréias, no segundo
dia de competições dos Jogos Olímpicos de Atlanta, é uma só: vexame. As razões
é que são diferentes, embora os resultados de ambos tenham sido iguais:
decepcionantes.
E
essas decepções ocorreram depois das conquistas brilhantes de Gustavo Borges na
natação (em uma prova que nem mesmo é a sua especialidade) e de Aurélio Miguel,
nitidamente prejudicado pelos critérios (ou falta deles) da arbitragem. Aliás,
são dois veteranos ganhadores de medalhas olímpicas e por isso legítimos heróis
do esporte brasileiro.
Quanto
aos pupilos de Zagalo...O time milionário, tido e havido pela torcida e pela
crítica como o nosso "dream team", uma das seleções mais badaladas (e
caras) da história, literalmente pisou na bola. Menosprezou o adversário
(fraquíssimo tecnicamente, mas determinado), e se deu mal.
Entrou
em campo com toda a pose de campeão de véspera. E saiu humilhado, cabisbaixo,
derrotado, para desencanto de milhares de torcedores em Miami e de 150 milhões
de decepcionados brasileiros.
Quanto
aos chamados "golden boys" do vôlei, desde a Liga Mundial se percebia
nítida queda em seu rendimento, atribuída a excesso de treinamentos pelos
analistas. Com todo o respeito que os campeões olímpicos de Barcelona merecem,
o desanimador nessa estréia não foi a derrota em si, normal em um clássico
sul-americano. Foi a forma com que o time perdeu, em especial nos terceiro e
quarto sets, quando sua atuação descambou para o ridículo.
Resta
ao torcedor brasileiro (um masoquista, quando se trata de Olimpíadas), vibrar
com os seus veteranos, que pelo menos não negam fogo na hora da verdade.
Alegrar-se com Gustavo Borges, com Aurélio Miguel, com o "mão santa"
Oscar ou com "Magic Paula".
E
com heróis isolados, que sem a auto-suficiência (ou máscara) da Seleção que
teria que defender o prestígio do futebol tetracampeão do mundo, simbolizam a
garra e a determinação da nossa gente. Como foi o caso das meninas comandadas
pelo técnico Zé Duarte, que arrancaram um honroso empate contra nada mais, nada
menos do que a campeã mundial Noruega.
(Artigo
publicado no Caderno de Esportes do Correio Popular, em 22 de julho de 1996)
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