Convulsões são sintoma
Pedro J. Bondaczuk
O problema de saúde que
envolveu o jogador Ronaldinho, horas antes da decisão da Copa do Mundo da
França, entre as seleções brasileira e francesa, em 12 de julho passado,
continua causando controvérsias na opinião pública. Várias são as versões sobre
o que aconteceu. Médicos têm opinado sobre as possíveis causas do distúrbio,
centrando-se na possibilidade da reação ter sido provocada pelo estresse. O
organismo do jovem atleta teria reagido ao excesso de responsabilidade colocado
sobre os seus ombros.
Um ponto, no entanto, é
consensual: Ronaldinho sofreu uma forte convulsão, enquanto descansava em seu
quarto, no hotel em que a seleção estava concentrada, na cidade de Lesigny.
Médicos que examinaram o jogador descartam a possibilidade de ter se tratado de
ataque epiléptico. Porém, persistem as suspeitas de que o problema seria uma
reação aos medicamentos usados para tratar das dores de joelho do craque.
Recorrendo à
"Enciclopédia Familiar de Medicina e Saúde", do Dr. Morris Fishbein,
constatamos que a convulsão, ou seja "a contração violenta, involuntária e
patológica dos músculos", pode ser de dois tipos principais: a tônica ou
tetânica e a clânica. As causas são bastante variáveis e apenas um meticuloso
exame médico é capaz de determinar o que a provocou. Essa reação do organismo
impressiona quem a presencia. Mas Fishbein esclarece que "ainda que as
convulsões sejam freqüentemente alarmantes, sobretudo nas crianças, convém
recordar que em si mesmas, elas não constituem perigo mortal".
As causas mais comuns do
fenômeno são: epilepsia, lesões na cabeça, meningite, asfixia, hidrofobia,
tétano, intoxicação (em especial com determinados medicamentos), deficiências
alimentares, tendências hereditárias e enfermidades de pulso lento, capazes de
acarretar anemia cerebral. Algumas mulheres grávidas estão sujeitas ao
problema, na gravidez adiantada, neste caso seguido de coma (a eclampsia).
A convulsão tônica ou
tetânica caracteriza-se por contrações musculares sem intervalos de
relaxamento. Na clânica, grupos alternados de músculos contraem-se. Nos dois
tipos, pode ou não ocorrer inconsciência do paciente. Neste caso, quando ele
volta a si, não se lembra de nada do que aconteceu.
Alguns cuidados, por parte de
quem presta socorro às vítimas de convulsões, se fazem indispensáveis, antes de
encaminhá-los a um hospital. O doutor Fishbein recomenda: "evite-se que o
paciente possa se ferir, mas com o uso mínimo possível de força para isso.
Deve-se colocar uma peça de madeira entre os seus dentes, para que não se
morda, e puxar sua língua para fora da boca, para evitar que perca a
respiração. Suas roupas devem ser afrouxadas, especialmente em torno do peito e
pescoço. Convém mantê-lo estendido de boca para cima, a menos que experimente
vômitos. Nesse caso, será colocado de lado.
À medida que se recobre, convém comunicar-se com ele e animá-lo".
(Artigo publicado no jornal
"Gente Ciente", na edição de julho de 1998)
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