Wednesday, May 24, 2017

Reta final



Pedro J. Bondaczuk



As campanhas, nos mais de 4 mil municípios brasileiros, para as eleições de 3 de outubro próximo de prefeitos e vereadores, chegam à reta final sem empolgar os eleitores. O cidadão é bombardeado pelas mesmas mensagens de sempre, por chavões e por apresentações folclóricas, senão ridículas, especialmente dos que aspiram a uma cadeira nas Câmaras.

Os que disputam as prefeituras não têm sido muito melhores. Claro que suas propagandas em geral são bem cuidadas. Mas nem assim escondem um certo artificialismo, por mais que as agências de publicidade se esforcem (e têm se mostrado competentes em tornar atrativos "produtos" sem atração intrínseca). Na verdade, estão "vendendo" uma imagem, como vendem refrigerantes, tênis ou outra mercadoria qualquer.

Não é este o tipo de política que o brasileiro precisa e quer. O País passa por um instante de transformações, às vezes doloroso, outras tenso, em busca da modernidade. O cidadão exige, sobretudo, dos seus representantes, honestidade, seriedade e competência. Ao contrário do que acontecia até há pouco tempo, começa a aprender a cobrar o que lhe é de direito. Ou seja, eficiência e probidade por parte dos homens públicos que o representam e aos quais sustenta.

Ninguém é forçado a se candidatar. Se o faz, presume-se que tenha alguma coisa a oferecer à sua cidade (no presente caso), ao Estado ou ao País. Está na hora de devolver à atividade política a grandeza e a dignidade que ela perdeu em decorrência da ação de trambiqueiros e oportunistas.

Pelo que se pôde observar através da propaganda gratuita de rádio e televisão e do noticiário da imprensa, as propostas apresentadas pelos candidatos a prefeito, tanto em Campinas quanto nas grandes cidades, em especial capitais, são incipientes, sem consistência e muitas são absolutamente inviáveis, por não serem da esfera de administradores municipais.

Ainda assim, compete ao eleitor escolher aquele que a seu juízo for o melhor (ou o menos pior). Caso venha a errar, não terá como consertar o erro, a não ser dentro de outros quatro anos, em novas eleições. Por isso, deve refletir muito antes de dar o seu voto a alguém, para não se arrepender.

Omitir-se, como muitos fazem, implica em abrir mão de participar da gestão da sua cidade, e, em última análise, do seu próprio patrimônio. É um reconhecimento tácito de falta de competência e coragem de fazer escolhas, exercício que a vida impõe a todos a cada instante.

Por essa razão, o eleitor consciente precisa exercitar sua capacidade de "ler nas entrelinhas" o que há de sincero nas promessas dos candidatos e escolher aquele que lhe pareça mais honesto, mais ativo e mais realizador. Depois é só torcer para ter acertado...


(Artigo escrito em 2 de setembro de 1996)



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