Reta final
Pedro J. Bondaczuk
As campanhas, nos mais de 4
mil municípios brasileiros, para as eleições de 3 de outubro
próximo de prefeitos e vereadores, chegam à reta final sem empolgar
os eleitores. O cidadão é bombardeado pelas mesmas mensagens de
sempre, por chavões e por apresentações folclóricas, senão
ridículas, especialmente dos que aspiram a uma cadeira nas Câmaras.
Os que disputam as prefeituras
não têm sido muito melhores. Claro que suas propagandas em geral
são bem cuidadas. Mas nem assim escondem um certo artificialismo,
por mais que as agências de publicidade se esforcem (e têm se
mostrado competentes em tornar atrativos "produtos" sem
atração intrínseca). Na verdade, estão "vendendo" uma
imagem, como vendem refrigerantes, tênis ou outra mercadoria
qualquer.
Não é este o tipo de
política que o brasileiro precisa e quer. O País passa por um
instante de transformações, às vezes doloroso, outras tenso, em
busca da modernidade. O cidadão exige, sobretudo, dos seus
representantes, honestidade, seriedade e competência. Ao contrário
do que acontecia até há pouco tempo, começa a aprender a cobrar o
que lhe é de direito. Ou seja, eficiência e probidade por parte dos
homens públicos que o representam e aos quais sustenta.
Ninguém é forçado a se
candidatar. Se o faz, presume-se que tenha alguma coisa a oferecer à
sua cidade (no presente caso), ao Estado ou ao País. Está na hora
de devolver à atividade política a grandeza e a dignidade que ela
perdeu em decorrência da ação de trambiqueiros e oportunistas.
Pelo que se pôde observar
através da propaganda gratuita de rádio e televisão e do
noticiário da imprensa, as propostas apresentadas pelos candidatos a
prefeito, tanto em Campinas quanto nas grandes cidades, em especial
capitais, são incipientes, sem consistência e muitas são
absolutamente inviáveis, por não serem da esfera de administradores
municipais.
Ainda assim, compete ao
eleitor escolher aquele que a seu juízo for o melhor (ou o menos
pior). Caso venha a errar, não terá como consertar o erro, a não
ser dentro de outros quatro anos, em novas eleições. Por isso, deve
refletir muito antes de dar o seu voto a alguém, para não se
arrepender.
Omitir-se, como muitos fazem,
implica em abrir mão de participar da gestão da sua cidade, e, em
última análise, do seu próprio patrimônio. É um reconhecimento
tácito de falta de competência e coragem de fazer escolhas,
exercício que a vida impõe a todos a cada instante.
Por essa razão, o eleitor
consciente precisa exercitar sua capacidade de "ler nas
entrelinhas" o que há de sincero nas promessas dos candidatos e
escolher aquele que lhe pareça mais honesto, mais ativo e mais
realizador. Depois é só torcer para ter acertado...
(Artigo escrito em 2 de
setembro de 1996)
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