Privatização com critério
Pedro J. Bondaczuk
O processo de privatização
de empresas tornou-se uma verdadeira onda mundial, desde 1973, quando
o Chile começou o seu. À exceção de Cuba, da Coréia do Norte e
talvez da Grécia – pelo menos o novo primeiro-ministro grego, o
socialista Andréas Papandreaou garantiu que vai reestatizar as
estatais privatizadas – virtualmente todos os países do mundo, em
maior ou menor grau, procedem a esse enxugamento do Estado. Redefinem
seu papel e se livram de seus “elefantes brancos” para concentrar
a atenção estatal em funções nitidamente da sua competência,
como saúde, educação, segurança e assistência social.
No Brasil, todavia, o processo
encontra duras resistências. É verdade que as privatizações
brasileiras, além de incipientes, estão eivadas de falhas. Um
programa consistente deve definir, com meridiana clareza, o que, como
e por quanto privatizar.
É isto que não está muito
claro entre nós. Não se pode transformar a privatização numa ação
entre amigos. E nem virtualmente “doar” um patrimônio que é
público, como se o Estado fosse um Papai Noel. Mas que ele precisa
ter seqüência e ser aprofundado, disso não há dúvida,
contrariando determinados setores de esquerda, demagógicos ou
excessivamente dogmáticos. Mais, inclusive, do que os comunistas
chineses, cujo governo está privatizando, com sucesso, várias de
suas empresas. É o típico caso de se pretender ser mais realista do
que o rei ou mais católico do que o Papa.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 14 de novembro de 1993)
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