Tuesday, May 23, 2017

Privatização com critério



Pedro J. Bondaczuk


O processo de privatização de empresas tornou-se uma verdadeira onda mundial, desde 1973, quando o Chile começou o seu. À exceção de Cuba, da Coréia do Norte e talvez da Grécia – pelo menos o novo primeiro-ministro grego, o socialista Andréas Papandreaou garantiu que vai reestatizar as estatais privatizadas – virtualmente todos os países do mundo, em maior ou menor grau, procedem a esse enxugamento do Estado. Redefinem seu papel e se livram de seus “elefantes brancos” para concentrar a atenção estatal em funções nitidamente da sua competência, como saúde, educação, segurança e assistência social.

No Brasil, todavia, o processo encontra duras resistências. É verdade que as privatizações brasileiras, além de incipientes, estão eivadas de falhas. Um programa consistente deve definir, com meridiana clareza, o que, como e por quanto privatizar.

É isto que não está muito claro entre nós. Não se pode transformar a privatização numa ação entre amigos. E nem virtualmente “doar” um patrimônio que é público, como se o Estado fosse um Papai Noel. Mas que ele precisa ter seqüência e ser aprofundado, disso não há dúvida, contrariando determinados setores de esquerda, demagógicos ou excessivamente dogmáticos. Mais, inclusive, do que os comunistas chineses, cujo governo está privatizando, com sucesso, várias de suas empresas. É o típico caso de se pretender ser mais realista do que o rei ou mais católico do que o Papa.


(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 14 de novembro de 1993)



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