Comunicação exige bom-senso
Pedro
J. Bondaczuk
O profissional de comunicação,
seja qual for a área em que atue, tem um compromisso e uma
responsabilidade muito grandes para com o público que pretende
atingir. O compromisso é o de adotar postura voltada para a
prestação de serviços à comunidade, esclarecendo-a, orientando-a
e atuando como o seu porta-voz. A responsabilidade, por sua vez,
decorre exatamente do item anterior.
Quanto maior for a amplitude
do meio que o comunicador utilizar, mais responsável ele terá que
ser quanto ao que disser ou que escrever. Precisará, claro, ter
muito critério e muita competência sempre. Deverá ser guiado por
um elenco de pressupostos que vão desde o interesse à qualidade do
que veicula; da técnica usada à utilidade da comunicação,
passando, por aí, o bom gosto, a inteligência e outras coisas mais,
que o jornalista e/ou o radialista conhecem, ou deveriam conhecer de
sobejo.
Quem não aceitar isso,
espontaneamente, sem imposição ou pressões, estará,
evidentemente, em profissão errada. A mensagem que o profissional de
comunicação passar, embora possa ser endereçada a um determinado
público, bastante específico, terá influências as mais variadas
sobre tantas outras faixas da população. Tem que atentar, sempre,
para o que, como, com que objetivo e a quem comunicar.
Um comunicador irresponsável
pode, até mesmo, provocar sublevação popular, de conseqüências
imprevisíveis, sem que sequer se dê conta e mesmo que não seja
essa a sua intenção (quase nunca é). Veja-se, por exemplo, o que
ocorreu há algum tempo nos países muçulmanos em decorrência da
publicação, por parte de um jornal dinamarquês, da caricatura do
profeta Maomé.
Que benefício, e a quem, essa
divulgação (no fundo, no fundo, preconceituosa) trouxe? Qual a
necessidade de se mexer com as crenças e convicções alheias, mesmo
as que consideremos ridículas e frutos do atraso (não é o caso),
utilizando, como pretexto, o direito da liberdade de expressão?
Convém ressaltar e sempre reiterar que um comunicador tem a
possibilidade concreta de influenciar idéias, costumes,
comportamentos e ações em uma sociedade. Quanto mais liberdade
tiver, portanto, maior será, em contrapartida, a sua
responsabilidade.
Estas considerações vêm a
propósito do desvirtuamento que se vem fazendo, em determinados
canais de televisão (e isso não é de hoje) e em alguns horários
nem sempre apropriados, da arte do erotismo. Seu limite, em relação
à pornografia, é sutil, sutilíssimo e nem todos os expectadores
têm critério ou maturidade suficientes para fazer a distinção.
Não defendo, evidentemente,
nenhum tipo de censura. A própria Constituição brasileira a
proíbe. O que é necessário é que o próprio comunicador, autor de
novela, roteirista de filme ou mesmo escritor de romances tenha
autocrítica. Que pergunte, a si mesmo, se tem algo inteligente,
proveitoso, interessante e construtivo a dizer (ou a escrever,
claro). Se a resposta for positiva, que o diga. Caso contrário...
Para se destruir algo ou
alguém, seja lá o que ou quem for, não é preciso ser criativo,
dispor de muita técnica ou ter um pouquinho a mais de massa cinzenta
que os mortais comuns. Construir, porém, é tarefa de gigantes, de
pessoas especiais, talentosas e de grande visão. Será que é
válido, por uma certa importância em dinheiro (e não importa
quanto), um intelectual se expor ao ridículo e alterar (para pior) o
comportamento de pessoas mais simples e menos dotadas de capacidade
de análise?
A pornografia barata apenas
alimenta uma tara, uma doença comportamental, e nada acrescenta a
quem quer que seja. Há, evidentemente, quem goste dela. Essas
pessoas estão no seu direito – afinal, como preceitua a doutrina,
nem tudo o que é legal é moral e vice-versa – mas elas que
procurem veículos adequados para satisfazer sua compulsão: um
pornoshop, por exemplo, ou fitas de vídeo (que existem, por aí, em
profusão) ou outro meio que não seja de livre acesso ao público,
em especial às crianças.
Há, infelizmente, hoje em
dia, toda uma indústria voltada à pornografia. Exibir bobagens
publicamente, todavia, sob o rótulo de arte, é, antes de tudo, uma
fraude. E das mais grotescas e grosseiras. Trata-se de enorme
tapeação a quem espera do comunicador mensagens criativas,
originais e, sobretudo, construtivas. Além, é claro, de informações
precisas, exatas e isentas, pressupostos básicos de um jornalismo
que se preza.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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