Vencida
a batalha, não a guerra
Pedro J. Bondaczuk
A inflação do corrente mês vem dando todas as
indicações de haver se estabilizado, ou pelo menos contido o seu ímpeto
altista. Todavia, as taxas inflacionárias de setembro estão sofrendo uma enorme
pressão, em especial externa, causada pela crise do Golfo Pérsico, o que vem
inquietando alguns setores, a despeito das garantias dadas pela equipe
econômica do presidente Fernando Collor, de que tudo está sob controle.
É verdade que a guerra contra esse monstro voraz,
que desorganiza qualquer economia e gosta de atacar principalmente os salários,
está muito longe de ter terminado. Agora, todavia, ganha cada vez mais corpo na
sociedade a confiança de que o País, finalmente, tem um governo que de fato
merece este nome.
Pode-se até contestar muitas das ações das atuais
autoridades. Mas não se pode deixar de reconhecer os méritos governamentais, em
especial o de haver trazido, em tão pouco tempo, para o patamar dos 10%, taxas
inflacionárias que rondavam os 90% mensais.
Muitos argumentam que os custos que a vitória nessa
batalha apresentou. Eles tenderiam a ser, porém, muito piores, caso a escalada
hiperinflacionária prosseguisse no mesmo ritmo do início de 1990. A crise
mundial, provocada pela invasão iraquiana ao Kuwait, deixa entrever dias muito
difíceis para todos. Em especial se ela se prolongar por mais algumas semanas.
O fantasma da recessão está cada dia mais presente,
em especial nos Estados Unidos. E não é novidade para ninguém que quando a
economia norte-americana “espirra”, a do mundo todo fica “resfriada”. O Brasil,
todavia, nesta oportunidade, pelo menos no que diz respeito ao seu petróleo, se
encontra em situação bem mais favorável do que na década de 1970, nos dois
choques petrolíferos que então aconteceram.
A situação, portanto, não é, em absoluto, para
pessimismo ou até mesmo pânico. Não é, evidentemente, de tranqüilidade, não
havendo qualquer motivo para festas. Mas também não se caracteriza por uma
catástrofe instalada ou pelo menos iminente.
É indispensável que o governo continue fazendo a sua
parte, agindo com austeridade e cortando as gorduras de um Estado perdulário,
ineficiente e pesado, que além de tudo sempre esteve, pelo menos nas quatro
últimas décadas, onipresente na economia nacional.
Em menos de seis meses de gestão, o presidente
Fernando Collor deu passos mais decisivos rumo aos princípios do mercado
autêntico do que as administrações anteriores em vários anos. Por isso, sua
equipe econômica é merecedora de um crédito de confiança da sociedade e do seu
empenho, já que o combate à inflação precisa ser uma luta de todos nós.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 28 de agosto de 1990)
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