Faltam
só 3 minutos para a meia-noite
Pedro J. Bondaczuk
No “relógio do fim do mundo” estão faltando, apenas,
três minutos para a meia-noite. Explicamos. O “doomsday o’clock” é um mecanismo
criado há algum tempo, por um grupo de renomados cientistas, entre os quais
dezoito ganhadores do Prêmio Nobel, que através da evolução dos acontecimentos
na guerra fria avalia as probabilidades da deflagração de um conflito nuclear.
O meio de expressão desse grupo é a renomada
publicação “The Bulletin of The Atomic Scientist”. Portanto, debaixo da
aparente calma reinante, atualmente, no mundo, esconde-se uma inusitada
agitação, como se os bacilos da insânia estivessem fermentando em ritmo cada
vez mais frenético e acelerado.
Desde que o “doomsday o’clock” foi criado, há algum
par de anos, jamais seus ponteiros estiveram tão próximos desse momento fatal.
O relatório, divulgado ontem, em Estocolmo, pelo renomado Instituto de Pesquisa
para a Paz Internacional, não deixa nenhuma dúvida sobre as conseqüências de um
eventual uso de armamentos nucleares.
Quem escapar da terrível explosão das bombas e da
posterior radiação e dos ventos com velocidade jamais vista, produzidos pelo
deslocamento de ar, certamente perecerá sob os efeitos do “inverno atômico” e
de outras conseqüências, desconhecidas, até mesmo, dos maiores especialistas na
matéria.
Estes dois fatos nós mencionamos para explicar o
motivo de tanto barulho feito em torno da piadinha de humor negro do presidente
norte-americano, Ronald Reagan, no sábado passado. Ela equivale, por exemplo,
a, na véspera de uma importante batalha, alguém informar, em tom de blague, que
a capital do país que os soldados estão defendendo, foi tomada. Em nervos
tensos, a brincadeira acaba não soando como piada, mas como provocação.
O que assusta é que o relógio do fim do mundo está
tão próximo da meia-noite num período que precede às eleições norte-americanas,
época em que, geralmente, os espíritos se desarmam à espera do nome do vencedor
do pleito.
Imaginem, então, o que pode acontecer depois de
novembro, quando as urnas confirmarem a reeleição de Ronald Reagan, fato que
ainda continua sendo o mais provável. Será muito duro agüentar mais quatro anos
(e Deus queira que eles, realmente, existam) dessa tensão neurótica, a cada dia
esperando o pior.
(Artigo publicado na página 9, Internacional, do
Correio Popular, em 17 de agosto de 1984)
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