Thursday, September 15, 2016

Faltam só 3 minutos para a meia-noite



Pedro J. Bondaczuk


No “relógio do fim do mundo” estão faltando, apenas, três minutos para a meia-noite. Explicamos. O “doomsday o’clock” é um mecanismo criado há algum tempo, por um grupo de renomados cientistas, entre os quais dezoito ganhadores do Prêmio Nobel, que através da evolução dos acontecimentos na guerra fria avalia as probabilidades da deflagração de um conflito nuclear.

O meio de expressão desse grupo é a renomada publicação “The Bulletin of The Atomic Scientist”. Portanto, debaixo da aparente calma reinante, atualmente, no mundo, esconde-se uma inusitada agitação, como se os bacilos da insânia estivessem fermentando em ritmo cada vez mais frenético e acelerado.

Desde que o “doomsday o’clock” foi criado, há algum par de anos, jamais seus ponteiros estiveram tão próximos desse momento fatal. O relatório, divulgado ontem, em Estocolmo, pelo renomado Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional, não deixa nenhuma dúvida sobre as conseqüências de um eventual uso de armamentos nucleares.

Quem escapar da terrível explosão das bombas e da posterior radiação e dos ventos com velocidade jamais vista, produzidos pelo deslocamento de ar, certamente perecerá sob os efeitos do “inverno atômico” e de outras conseqüências, desconhecidas, até mesmo, dos maiores especialistas na matéria.

Estes dois fatos nós mencionamos para explicar o motivo de tanto barulho feito em torno da piadinha de humor negro do presidente norte-americano, Ronald Reagan, no sábado passado. Ela equivale, por exemplo, a, na véspera de uma importante batalha, alguém informar, em tom de blague, que a capital do país que os soldados estão defendendo, foi tomada. Em nervos tensos, a brincadeira acaba não soando como piada, mas como provocação.

O que assusta é que o relógio do fim do mundo está tão próximo da meia-noite num período que precede às eleições norte-americanas, época em que, geralmente, os espíritos se desarmam à espera do nome do vencedor do pleito.

Imaginem, então, o que pode acontecer depois de novembro, quando as urnas confirmarem a reeleição de Ronald Reagan, fato que ainda continua sendo o mais provável. Será muito duro agüentar mais quatro anos (e Deus queira que eles, realmente, existam) dessa tensão neurótica, a cada dia esperando o pior. 


(Artigo publicado na página 9, Internacional, do Correio Popular, em 17 de agosto de 1984)

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