Riscos
do amamentismo
Pedro J. Bondaczuk
As regiões do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, a
julgar pelos noticiários dos últimos dias, estão experimentando uma perigosa e
indesejável corrida armamentista, posto que de armas convencionais. Dois países
(e exatamente aqueles que sustentam uma das piores guerras deste século), Irã e
Iraque, anunciaram a construção de mísseis próprios, enquanto sobre um
terceiro, Israel, se revelou, na Suíça, que desenvolveu um foguete dos mais
modernos, o Jericó-II, capaz de atingir até o território da União Soviética.
Embora nos dois primeiros casos os balísticos venham
a transportar, apenas, ogivas comuns, nem por isso eles são menos perigosos,
pelos altíssimos poderes de explosão que as bombas atuais possuem. No caso
israelense, a situação chega a ser, até, mais preocupante, já que em vários
círculos internacionais se acredita que o Estado judeu já tenha desenvolvido o
seu artefato nuclear.
No entanto, os mísseis de iranianos e de iraquianos,
pelas circunstâncias especiais que envolvem esses dois países, redobram os
riscos, tanto para a navegação no Golfo Pérsico (por parte dos persas), quanto
para Israel (do lado do Iraque). Bagdá, aliás, nunca escondeu o seu desejo de
uma revanche com os israelenses por um incidente ocorrido em 8 de junho de
1981.
Naquela oportunidade, caças do Estado judeu
destruíram as instalações da usina nuclear iraquiana, que estava em construção,
na cidade de Tamuz, com a supervisão francesa. Os motivos desse ataque foram
óbvios.
Um dos maiores temores existentes entre os analistas
internacionais, atualmente, refere-se à possibilidade de algum Estado do mundo
muçulmano vir a adquirir armamentos atômicos. Há, entre tais países e Israel um
obstáculo muito sério para o entendimento: Jerusalém.
Desafortunadamente (em termos de paz mundial), essa
cidade é considerada sagrada por três grandes grupos religiosos. Para os povos
islâmicos, seu status é somente inferior aos de Meca e Medina. Ela é santa,
ainda, para cristãos e, obviamente, para os judeus. Por essa razão, agora que
as superpotências estão avançando para um entendimento, no sentido de reduzir
seus imensos arsenais nucleares, cabe prestar mais atenção a essa perigosa
corrida que parece estar começando numa das regiões tradicionalmente mais
tensas do Planeta.
Nada é mais oportuno, para a reflexão dos líderes
pacifistas de todo o mundo (benfazejas criaturas!) do que isso, nas vésperas do
42º aniversário da maior catástrofe provocada pelo homem, que foi a destruição
de Hiroshima, através da bomba A.
Que esse holocausto medonho seja objeto de crescente
destaque nos meios de comunicação, para inibir povos que não têm noção das suas
prioridades nacionais, para que não embarquem em aventuras cujos caminhos não
têm regresso. Que vendo o que aconteceu à cidade japonesa, no fatídico 6 de
agosto de 1945, não queiram reproduzir esse horror em suas pátrias. Hiroshima
nunca mais!!!
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do
Correio Popular, em 5 de agosto de 1987)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment