Tuesday, September 06, 2016

Riscos do amamentismo



Pedro J. Bondaczuk


As regiões do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, a julgar pelos noticiários dos últimos dias, estão experimentando uma perigosa e indesejável corrida armamentista, posto que de armas convencionais. Dois países (e exatamente aqueles que sustentam uma das piores guerras deste século), Irã e Iraque, anunciaram a construção de mísseis próprios, enquanto sobre um terceiro, Israel, se revelou, na Suíça, que desenvolveu um foguete dos mais modernos, o Jericó-II, capaz de atingir até o território da União Soviética.

Embora nos dois primeiros casos os balísticos venham a transportar, apenas, ogivas comuns, nem por isso eles são menos perigosos, pelos altíssimos poderes de explosão que as bombas atuais possuem. No caso israelense, a situação chega a ser, até, mais preocupante, já que em vários círculos internacionais se acredita que o Estado judeu já tenha desenvolvido o seu artefato nuclear.

No entanto, os mísseis de iranianos e de iraquianos, pelas circunstâncias especiais que envolvem esses dois países, redobram os riscos, tanto para a navegação no Golfo Pérsico (por parte dos persas), quanto para Israel (do lado do Iraque). Bagdá, aliás, nunca escondeu o seu desejo de uma revanche com os israelenses por um incidente ocorrido em 8 de junho de 1981.

Naquela oportunidade, caças do Estado judeu destruíram as instalações da usina nuclear iraquiana, que estava em construção, na cidade de Tamuz, com a supervisão francesa. Os motivos desse ataque foram óbvios.

Um dos maiores temores existentes entre os analistas internacionais, atualmente, refere-se à possibilidade de algum Estado do mundo muçulmano vir a adquirir armamentos atômicos. Há, entre tais países e Israel um obstáculo muito sério para o entendimento: Jerusalém.

Desafortunadamente (em termos de paz mundial), essa cidade é considerada sagrada por três grandes grupos religiosos. Para os povos islâmicos, seu status é somente inferior aos de Meca e Medina. Ela é santa, ainda, para cristãos e, obviamente, para os judeus. Por essa razão, agora que as superpotências estão avançando para um entendimento, no sentido de reduzir seus imensos arsenais nucleares, cabe prestar mais atenção a essa perigosa corrida que parece estar começando numa das regiões tradicionalmente mais tensas do Planeta.

Nada é mais oportuno, para a reflexão dos líderes pacifistas de todo o mundo (benfazejas criaturas!) do que isso, nas vésperas do 42º aniversário da maior catástrofe provocada pelo homem, que foi a destruição de Hiroshima, através da bomba A.

Que esse holocausto medonho seja objeto de crescente destaque nos meios de comunicação, para inibir povos que não têm noção das suas prioridades nacionais, para que não embarquem em aventuras cujos caminhos não têm regresso. Que vendo o que aconteceu à cidade japonesa, no fatídico 6 de agosto de 1945, não queiram reproduzir esse horror em suas pátrias. Hiroshima nunca mais!!!       

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 5 de agosto de 1987)


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