Que guardiões são estes?
Pedro J.
Bondaczuk
O meio ambiente foi nova, e severamente, agredido, e numa
das regiões em que até aqui a poluição não havia ainda chegado. Ou seja, no
extremo Norte da Terra, no Estado norte-americano do Alasca, mais de 41 milhões
de litros de petróleo vazaram para o mar, no maior desastre ecológico que já se
verificou nos Estados Unidos.
O interessante em toda essa
história é que essa gente que tem vindo a público para apontar seu dedo
acusador a nós, brasileiros, por uma pseudodevastação da Amazônia, é o mesmo
pessoal que, usando diversos pretextos, tem levantado a tese da
internacionalização desse que é chamado de “pulmão do mundo”, como se tivesse
competência e sinceridade para exercer o papel de guardião de qualquer coisa.
Não resta dúvida que ninguém, em
sã consciência, se atreveria a defender que ocorresse, em nossa maior floresta,
a derrubada de milhares e milhares de hectares de árvores, algumas até
centenárias, para a transformação da área devastada em pasto (para não dizer,
em futuro deserto).
Não há uma única pessoa de bom-senso
que concorde com as queimadas insensatas, que se verificam na Amazônia, selva
que a natureza levou milhares, quiçá milhões de anos para formar. Este
problema, porém, acontece por falta de uma consciência ecológica entre nós, que
cabe ser formada pelos órgãos de comunicação do País. E estes estão atuando
ativamente nesse sentido, se não as denúncias sobre devastação jamais teriam
vindo a público.
O que não se concebe é que
aqueles que transformaram este Planeta em gigantesca lixeira cósmica, por ação,
pressão ou omissão, venham a nos ditar regras de conduta agora, como se fossem
os maiores dos beneméritos. Por trás dessa questão da proteção da Amazônia,
estejam certos, escondem-se muitas armadilhas. E não podemos ser tolos de cair
nelas.
As grandes potências depredaram o
mundo por “ação”, naquilo que é óbvio e evidente. São elas que têm mostrado uma
voracidade insaciável por matérias-primas não renováveis (e mesmo as que têm
renovação, como a madeira, que elas teimam em não renovar). São elas que levam,
por outra parte, os países subdesenvolvidos a explorarem, irracionalmente, seus
recursos (alguns deles escassos), para pagar os juros dessa imensa armadilha
chamada dívida externa.
Finalmente, são, também, esses
Estados poderosos que fazem vistas grossas a determinadas agressões ao meio
ambiente, quando isso é de seu interesse. Que se preserve a natureza, todos
concordamos. Afinal, estamos no mesmo barco. Mas esse preceito deve valer para
todos, e não apenas para os detentores da soberania sobre a Amazônia.
(Artigo publicado na página 14, Internacional, do Correio Popular, em 28
de março de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk .
No comments:
Post a Comment