Origem das festas de
aniversário
Pedro
J. Bondaczuk
As festas de
aniversário tornaram-se, hoje em dia, a celebração mais comum em todo o mundo,
e popularizam-se, mais e mais, dada a própria globalização, que tende a
padronizar hábitos e comportamentos. Perderam, há muito, e por completo, o
caráter ritual que tiveram em sua origem. Tornaram-se eventos puramente
familiares e/ou sociais. Ricos e pobres as promovem, indistintamente, claro,
cada qual com as respectivas condições econômicas com que contam. Há festas
suntuosas, banquetes com grande variedade de comidas e de bebidas, realizadas
em amplos e luxuosos salões ou em restaurantes sofisticados e há, em
contrapartida, meras reuniões informais, congregando, apenas, parentes e amigos
mais chegados dos aniversariantes, com um ou outro salgadinho, refrigerantes
baratos ou sucos caseiros se tanto.
Uma coisa, porém, não
falta nas celebrações, tanto dos ricos, quanto dos pobres: o bolo de
aniversário, contendo as insubstituíveis velinhas – às vezes uma para cada ano
completado, outras com apenas uma, mas no formato do número de anos que a
pessoa completa e em outros ainda, também uma única, posto que maior,
geralmente no caso em que quem aniversaria é um adulto completando algumas
décadas de vida. A intenção dos promotores dessas comemorações não é a de
reverenciar nenhum deus, com esses elementos, como antigamente. Mas a origem
desse costume era a reverência à divindade patrona do dia.
O costume de se
consumir bolos em homenagem aos aniversariantes começou na Grécia. Aliás, em
princípio, estes não eram consumidos nem por quem aniversariava e muito menos
pelos convidados. A iguaria era destinada ao altar do templo de Artemis. Era
uma forma de se pedir proteção à deusa, filha de Zeus e de Leda, irmã de Apolo,
associada à luz da lua e à magia. Quem se deliciava com a iguaria eram os
sacerdotes da referida divindade. Os bolos eram feitos de farinha, leite,
fermento e mel. Por que? Porque o açúcar, como o conhecemos hoje, embora já
produzido pelos indianos (seus descobridores no século VIII antes de Cristo),
era raríssimo no resto do mundo. Popularizou-se, somente, principalmente na
Europa, por volta do século XV da nossa era.
Os bolos tinham formato
redondo, em alusão à lua,e eram iluminados com velas que, na crença popular,
seriam dotadas de magia especial, propiciando o atendimento dos pedidos feitos
por quem aniversariava. Os romanos, após conquistarem a Grécia e anexarem-na ao
seu vasto império, adotaram o mesmo costume. Com o tempo, as pessoas passaram a
confeccionar dois bolos de aniversário: um para o altar de Artemis (a Diana dos
romanos) e outro para o consumo do aniversariante, parentes e convidados. Mais tarde, se
restringiram a um único, para consumo dos participantes da festa e não mais oferecido à deusa.
Os europeus, em geral,
apenas começaram a festejar aniversários após o século IV da nossa era, quando
da liberação dos cristãos para fazê-lo. Antes, os seguidores de Cristo eram
proibidos desse tipo de festejo, interpretado como cerimônia pagã (que, de fato,
era). Os vários povos europeus passaram a adotar esse costume por motivo
ligeiramente diverso dos gregos e dos romanos. De acordo com a enciclopédia
eletrônica Wikipédia, eles invocavam fadas (e não mais deuses) boas e más.
Todos temiam que esses espíritos, caso não fossem reverenciados, prejudicassem,
de alguma forma, os aniversariantes. Entendiam que uma das formas de impedir
isso era cercá-lo de parentes e de amigos, cuja presença e cujos votos de
felicidade o protegeriam dos malefícios das fadas más e atrairia os benefícios
das boas.
Os bolos de mel eram
consumidos, mas sem o mesmo objetivo dos gregos e dos romanos. O consumo era,
apenas, para manter a tradição. Já as velas tinham a função de “veículos”, para
levarem os pedidos dos aniversariantes até as fadas boas que os atenderiam ou
não. O hábito de cantar “parabéns pra você” surgiu muito tempo depois e é
relativamente recente. Substituiu os votos e preces de parentes e amigos para
que os deuses (no caso dos gregos e dos romanos) ou as fadas boas (no dos
europeus), protegessem a vida e garantissem a saúde e a prosperidade, por todo
um ano, de quem aniversariava.
Como se vê, o tempo
passou, os costumes mudaram, as crenças passaram a ser outras, mas essa
tradição milenar se manteve até os dias atuais, embora com intenções e formas
de celebração muito diferentes das originais. Hoje em dia, nas grandes cidades,
há várias empresas especializadas somente em festas de aniversário. Claro, para
quem pode pagar por esse luxo. Estas, além das comidas e bebidas, das mais
variadas e sofisticadas, encarregam-se de shows variados para entreter os
convidados. Caso o aniversariante seja criança (a maioria é), são programadas
apresentações de mágica, ou são contratados palhaços, ou são encenadas pequenas
peças de teatro infantis e vai por aí afora. Para os mais crescidinhos, o
programa pode incluir (em geral inclui) bailes. Enfim, tudo depende do gosto e,
principalmente do bolso de quem promove essas já seculares festas.
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