É ridículo falar de paz
Pedro J. Bondaczuk
A Líbia, como não poderia deixar de ser,
continuou, ontem, sendo o assunto do dia, em todos os lugares do mundo e nos
mais diversos círculos. Desde os de decisão, os governamentais, aos populares,
com as pessoas nas ruas comentando os incidentes envolvendo esse país do Norte
da África e os Estados Unidos.
A maioria das opiniões,
detectadas das mais variadas formas, era de condenação aos bombardeios
efetuados, anteontem, pelos F-111 e pelos Entruders norte-americanos em Trípoli
e Benghazi. O argumento utilizado era o de que a violência não é o caminho mais
indicado para a solução de controvérsias, embora quase todos ressaltassem o
aventureirismo político do irrequieto líder líbio, coronel Muammar Khadafy.
Outro ponto que mereceu a
condenação geral foi o fato de populações civis, pessoas inocentes e que nada
têm a ver com a truculência de seus governantes, terem pagado, mais uma vez,
com a vida pela inconseqüência (ou incompetência?) dos políticos.
Segundo diplomatas ocidentais em
Trípoli, cerca de cem cidadãos líbios foram mortos nos bombardeios
norte-americanos. Ou seja, num simples ato de demonstração de “fúria” (como o
próprio presidente norte-americano caracterizou a ação da Sexta Frota do seu
país), morreram mais pessoas do que em pelo menos dez atentados terroristas.
Está aí um caso típico em que alguém tenta justificar um erro cometendo outro
de maiores proporções.
Dominou, também, as conversas,
motivando, até, algumas chamadas telefônicas para as redações de jornais, o
boato de que o líder líbio, Muammar Khadafy, teria sido deposto por um golpe de
Estado. Outros foram até mais longe e se aventuraram em especular que o
dirigente teria sido morto nas ações de bombardeio de segunda-feira.
Provavelmente, não aconteceu nada disso.
O fato do coronel líbio não ter
aparecido em público, desde a ofensiva norte-americana, pode se prender a
inúmeros motivos. Um deles, de caráter humanitário. Afinal, ele perdeu uma
filha, nessa ação, embora adotiva. E outros dois foram feridos. É provável que
Khadafy esteja dando assistência a seus familiares, pois, antes de ser um líder
de três milhões de pessoas, é um ser humano, como cada um de nós.
Em termos de opinião pública,
certamente o dirigente da Líbia conseguiu algumas simpatias, passando, e em
última análise sendo, vítima.
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