Árbitros e consumidores
Pedro
J. Bondaczuk
A Literatura se faz não
somente com temas considerados “importantes”, “profundos”, transcendentais,
tidos e havidos como grandes idéias. Qualquer assunto, em mãos de um escritor
diligente, criativo, sensível e competente, enfim, talentoso, rende textos inteligentes
e decisivos. Torna-se interessante e propicia que o leitor extraia preciosas
lições para a sua vida. Os melhores romances que li, por exemplo, nasceram de
coisas, ou de fatos, trivialíssimos do cotidiano que, sob o olhar atento de
gênios, renderam histórias marcantes e inesquecíveis. Reitero que, aos fim e ao
cabo, o que conta é o talento de quem desenvolve qualquer tema, seja ele
filosófico, antropológico, sociológico ou alguma trivialidade do dia a dia. Não
existe assunto ruim. O que há é escritor incompetente.
Este preâmbulo, um
tanto extenso, vem a propósito de algumas opiniões que venho recebendo sobre
duas das minhas mais recentes reflexões, abordando o costume de se celebrarem
aniversários. Vários leitores (felizmente) manifestaram-se a propósito.
Fizeram-no, porém, por e-mails. As manifestações foram bem vindas, não tenham
dúvidas, mas as formas utilizadas não foram as que eu tanto queria. Minha
preferência é que comentários sejam exibidos aqui, no espaço apropriado para
isso, ou, na pior das hipóteses, em minha página do Facebook, de sorte a que
“todos! os que acessarem esses espaços possam lê-los. Mas... por algum motivo,
que foge à minha compreensão (ou por excesso de modéstia ou por temor de
críticas), meus preciosos leitores preferem o contato “particular”,
exclusivamente comigo, sem partilhar suas críticas, elogios e sugestões com
mais ninguém. Embora eu discorde dessa opção, respeito-a. Recebo essas
manifestações com inegável satisfação e até uma pontinha de vaidade, por que
não..
Aliás, estou planejando
escrever um texto específico, abordando, exclusivamente, esses meus
imprescindíveis parceiros literários (que já \ascendem a algumas dezenas), que
para a minha alegria são onipresentes. São eles que me pautam. E mais:
elogiam-me, criticam-me, brigam comigo, sugerem fontes, enfim, participam de
alguma forma do meu processo de criação literária. Pena que o façam, reitero,
“apenas” por e-mail. Espero, contudo, que continuem, pois fiquei “viciado”
nesse tipo de comunicação. Temo que, se vier a ser privado dele, não escreverei
tanto ou não com a mesma alegria, paixão e espontaneidade que caracterizam meus
textos. São leitores fidelíssimos, muitos dos quais me acompanham desde 2002,
portanto, há já doze anos.
Esses meus seguidores
fieis e constantes estão divididos em suas opiniões sobre minhas abordagens a
propósito do hábito de se comemorar aniversários, tema que ainda não esgotei e
que pretendo me aprofundar bem mais. Cerca de 40%, posto que elogiem minhas
informações e a forma como as coloquei, entendem que o tema não é apropriado
para um espaço, como este, voltado à Literatura. Exortam-me a voltar a comentar
lançamentos de livros e aspectos pitorescos de biografias de consagrados
escritores, entre outros, o que, certamente, farei, mas no momento oportuno. A
maioria, porém, por volta de 60%, desafia-me a esgotar este assunto,
sugerindo-me, até mesmo, caminhos novos a seguir. Um deles, entre tantos, é o
leitor João Chaves, que quer saber, por exemplo, o papel do bolo e das velas
nas comemorações de aniversários.
A doutora Mara Narciso
– figura que admiro e respeito, por sua cultura, inteligência e coerência –,
por seu turno, vai mais longe.
“Desafia-me” – não por e-mail, mas no espaço apropriado, no que prefiro que
meus leitores utilizem, abaixo de cada texto – que aborde as diferenças de
calendários tempo e mundo afora, o que faz com que muitos aniversariantes
sequer saibam com exatidão a verdadeira data de nascimento. Já iniciei
pesquisas a respeito, em minha caótica biblioteca. Certamente trarei não só
informações, como opiniões pessoais a respeito. Aguarde, pois, minhas
explanações que, aliás, têm tudo a ver com o que estou tratando.
Aos 40% que consideram
este assunto irrelevante, peço mil desculpas. Se vocês tiveram essa impressão,
foi porque não fui suficientemente competente para fazê-los refletir sobre o
tempo e a fragilidade da vida, que era a minha intenção. Prometo esforçar-me
bem mais para convencê-los e assim satisfazer suas expectativas. Com os outros
60%, comprometo-me a me aprofundar mais e mais no tema, buscar informações
inusitadas e tratá-las de tal sorte que os induza a raciocinar, que é meu
objetivo final. Asseguro-lhes que estou atento, atentíssimo às críticas, aos
reparos, às observações positivas e/ou negativas, assim como aos elogios (que
sei que são sinceros, por serem espontâneos) e às sugestões de fontes, de sorte
a não decepcionar ninguém. Não decepcionarei! Afinal, vocês são meus árbitros e
potenciais consumidores da minha produção.
No comments:
Post a Comment