Facilidades de
interação
Pedro
J. Bondaczuk
O computador pessoal, o
tal do PC, veio facilitar a vida do homem contemporâneo e, por conseqüência,
também do escritor. Não vou ao extremo de afirmar que a engenhosa maquininha se
tornou “indispensável” a quem vive (ou sobrevive?) de textos. Tenho muitos colegas
que fogem dela “como o diabo foge da cruz”, como diz o povão. Ainda escrevem
utilizando meios convencionais, como as já velhas e arcaicas máquinas de
escrever. Vou mais longe e garanto que diversos escritores (e alguns
jornalistas, pasmem) têm hábitos ainda mais estranhos (pelo menos para mim).
Escrevem seus livros, artigos e ou reportagens à mão. Afirmam que só conseguem
raciocinar dessa maneira. Nem por isso os textos produzidos dessas formas,
digamos, “antigas” são melhores ou piores do que os redigidos nos PCs. Isso é
questão de cultura, de estilo e, sobretudo, de talento. É o caso em que o meio
nada tem a ver com a mensagem.
Os motivos que levam
determinados escritores a fugirem do computador pessoal variam, de acordo com a
realidade ou a personalidade de cada um. Em geral, os mais velhos “temem” a
máquina. Acham que se apertarem o botão errado podem avariar o mecanismo do
aparelho. Alguns têm preguiça de aprender como o PC funciona, ou acham que ele
seja mais complexo do que de fato é e, por isso, foge da sua compreensão.
Embora sejam motivos até de piadas, por parte dos mais jovens, (inclusive de
crianças), respeito sua opção, desde que escrevam livros ou textos esparsos de
qualidade. Geralmente escrevem.
Todavia, a utilidade do
computador pessoal não se restringe à redação. Não é apenas máquina de escrever
mais sofisticada, que prescinde de fita, de papel e de borracha, para corrigir
erros de digitação, possibilitando correções imediatas e limpas quando se erra.
Aliás, seu principal recurso nem é este. É o acesso a um universo praticamente
ilimitado de informação e de comunicação, mediante a rede mundial de
computadores, “apelidada” de internet. Uma das facilidades principais que o PC
propicia é a de envio e recebimento de mensagens, que prescindem da redação e
remessa de cartas, que até não muito priorizava o serviço de correios para as
entregas. Hoje isso se faz com instantaneidade, com o uso de e-mails (quando se
pretende “documentar” a comunicação).. Essa, no meu entender, é uma das principais
facilidades advindas da utilização dos PCs, para qualquer pessoa e,
consequentemente, para o escritor.
Fico imaginando o que
um eventual leitor do futuro – de 2064 ou de 2114, por exemplo – pensará deste
texto, caso ele chegue, claro, às suas mãos. Talvez o encare com a mesma
benevolência com que encaramos os “revolucionários avanços” do homem primitivo,
da Idade da Pedra lascada, ao descobrir a forma de utilizar o bronze, o que
para ele foi um salto tecnológico admirável, revolucionário. Isso, se até lá a
humanidade houver evoluído como se espera e como os escritores de ficção
científica ousam prever. Caso ocorra o oposto, ou seja, se o Homo Sapiens
retroagir à semi-barbárie, é provável que considere estas reles considerações
como sagradas, como mensagens dos deuses. Pelo menos, é possível.
Os dois cenários podem
ocorrer, posto que muitos duvidem. O homem tanto pode equacionar seus problemas
atuais, que parecem insolúveis (e temo que sejam) e evoluir a estágios que nem
o mais delirante e fantasioso dos sonhadores é capaz de atinar, quanto pode
(embora muitos duvidem) retroagir a tal grau de barbárie, em decorrência de
guerras e da exacerbação de todo o tipo de violência, a ponto de ser como
nossos remotíssimos ancestrais das cavernas se não piores. Já ficou
praticamente comprovado que catástrofes e cataclismos levam as pessoas a tal
estado de choque, que tende a lhes produzir fulminante amnésia que os faz
esquecer quem são, o que sabem e o que fizeram.
Há quem garanta que a
humanidade, antes da nossa era, passou por vários ciclos de civilização, talvez
mais magníficos e assombrosos do que o atual e que, ou em decorrência do choque
de algum cometa ou meteorito com o Planeta, ou por outra catástrofe qualquer
(como monstruosas erupções vulcânicas, secundadas por catastróficos terremotos
e devastadores tsunamis), retroagiu à barbárie. Há quem jure, por exemplo, que
a mítica Atlântida não teria sido apenas lenda, ou fruto da imaginação de
Platão, mas de fato existiu. E que a causa da sua submersão no oceano não foi
nenhum fenômeno da natureza, mas se tratou de uma explosão nuclear, deliberada
ou acidental. Não sei por que, mas estou propenso a acreditar nessa hipótese. E
mais, que o Planeta já abrigou outras civilizações evoluidíssimas, e não
somente uma, mas uma série delas, talvez algumas dezenas, que desapareceram,
sem deixar vestígios, por uma série de razões.
Bem, o tema que eu
pretendia refletir com vocês não era bem este. Era o da importância dos e-mails
para facilitar o contato, a troca de idéias, a interação entre o escritor e seu
público leitor. Este, por sinal, é o meu caso. Todavia... um assunto puxa
outro, e mais outro e mais outro e, quando nos damos conta, já estamos tratando
de algo que no início do texto nem nos passava, sequer remotamente, pela cabeça.
E este é o caso. Prometo voltar, talvez amanhã, ao que havia originalmente
pautado. Até porque, a influência desses leitores, que interagem há já alguns
anos comigo, através de e-mails, tornou-se essencial na quantidade e qualidade
da minha produção. Oportunamente, explicarei como.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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