Thursday, May 15, 2014

Facilidades de interação

Pedro J. Bondaczuk

O computador pessoal, o tal do PC, veio facilitar a vida do homem contemporâneo e, por conseqüência, também do escritor. Não vou ao extremo de afirmar que a engenhosa maquininha se tornou “indispensável” a quem vive (ou sobrevive?) de textos. Tenho muitos colegas que fogem dela “como o diabo foge da cruz”, como diz o povão. Ainda escrevem utilizando meios convencionais, como as já velhas e arcaicas máquinas de escrever. Vou mais longe e garanto que diversos escritores (e alguns jornalistas, pasmem) têm hábitos ainda mais estranhos (pelo menos para mim). Escrevem seus livros, artigos e ou reportagens à mão. Afirmam que só conseguem raciocinar dessa maneira. Nem por isso os textos produzidos dessas formas, digamos, “antigas” são melhores ou piores do que os redigidos nos PCs. Isso é questão de cultura, de estilo e, sobretudo, de talento. É o caso em que o meio nada tem a ver com a mensagem.

Os motivos que levam determinados escritores a fugirem do computador pessoal variam, de acordo com a realidade ou a personalidade de cada um. Em geral, os mais velhos “temem” a máquina. Acham que se apertarem o botão errado podem avariar o mecanismo do aparelho. Alguns têm preguiça de aprender como o PC funciona, ou acham que ele seja mais complexo do que de fato é e, por isso, foge da sua compreensão. Embora sejam motivos até de piadas, por parte dos mais jovens, (inclusive de crianças), respeito sua opção, desde que escrevam livros ou textos esparsos de qualidade. Geralmente escrevem.

Todavia, a utilidade do computador pessoal não se restringe à redação. Não é apenas máquina de escrever mais sofisticada, que prescinde de fita, de papel e de borracha, para corrigir erros de digitação, possibilitando correções imediatas e limpas quando se erra. Aliás, seu principal recurso nem é este. É o acesso a um universo praticamente ilimitado de informação e de comunicação, mediante a rede mundial de computadores, “apelidada” de internet. Uma das facilidades principais que o PC propicia é a de envio e recebimento de mensagens, que prescindem da redação e remessa de cartas, que até não muito priorizava o serviço de correios para as entregas. Hoje isso se faz com instantaneidade, com o uso de e-mails (quando se pretende “documentar” a comunicação).. Essa, no meu entender, é uma das principais facilidades advindas da utilização dos PCs, para qualquer pessoa e, consequentemente, para o escritor.

Fico imaginando o que um eventual leitor do futuro – de 2064 ou de 2114, por exemplo – pensará deste texto, caso ele chegue, claro, às suas mãos. Talvez o encare com a mesma benevolência com que encaramos os “revolucionários avanços” do homem primitivo, da Idade da Pedra lascada, ao descobrir a forma de utilizar o bronze, o que para ele foi um salto tecnológico admirável, revolucionário. Isso, se até lá a humanidade houver evoluído como se espera e como os escritores de ficção científica ousam prever. Caso ocorra o oposto, ou seja, se o Homo Sapiens retroagir à semi-barbárie, é provável que considere estas reles considerações como sagradas, como mensagens dos deuses. Pelo menos, é possível.

Os dois cenários podem ocorrer, posto que muitos duvidem. O homem tanto pode equacionar seus problemas atuais, que parecem insolúveis (e temo que sejam) e evoluir a estágios que nem o mais delirante e fantasioso dos sonhadores é capaz de atinar, quanto pode (embora muitos duvidem) retroagir a tal grau de barbárie, em decorrência de guerras e da exacerbação de todo o tipo de violência, a ponto de ser como nossos remotíssimos ancestrais das cavernas se não piores. Já ficou praticamente comprovado que catástrofes e cataclismos levam as pessoas a tal estado de choque, que tende a lhes produzir fulminante amnésia que os faz esquecer quem são, o que sabem e o que fizeram.

Há quem garanta que a humanidade, antes da nossa era, passou por vários ciclos de civilização, talvez mais magníficos e assombrosos do que o atual e que, ou em decorrência do choque de algum cometa ou meteorito com o Planeta, ou por outra catástrofe qualquer (como monstruosas erupções vulcânicas, secundadas por catastróficos terremotos e devastadores tsunamis), retroagiu à barbárie. Há quem jure, por exemplo, que a mítica Atlântida não teria sido apenas lenda, ou fruto da imaginação de Platão, mas de fato existiu. E que a causa da sua submersão no oceano não foi nenhum fenômeno da natureza, mas se tratou de uma explosão nuclear, deliberada ou acidental. Não sei por que, mas estou propenso a acreditar nessa hipótese. E mais, que o Planeta já abrigou outras civilizações evoluidíssimas, e não somente uma, mas uma série delas, talvez algumas dezenas, que desapareceram, sem deixar vestígios, por uma série de razões.


Bem, o tema que eu pretendia refletir com vocês não era bem este. Era o da importância dos e-mails para facilitar o contato, a troca de idéias, a interação entre o escritor e seu público leitor. Este, por sinal, é o meu caso. Todavia... um assunto puxa outro, e mais outro e mais outro e, quando nos damos conta, já estamos tratando de algo que no início do texto nem nos passava, sequer remotamente, pela cabeça. E este é o caso. Prometo voltar, talvez amanhã, ao que havia originalmente pautado. Até porque, a influência desses leitores, que interagem há já alguns anos comigo, através de e-mails, tornou-se essencial na quantidade e qualidade da minha produção. Oportunamente, explicarei como.

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