Identificar e punir os grandes “piratas”
Pedro J.
Bondaczuk
A “pirataria” desenfreada que se verifica no setor de
programas de computador no Brasil foi uma das várias manifestações durante a
“3ª Fenasoft” que se encerra hoje, no Rio de Janeiro. Mas a mais importante foi
a do presidente da Lótus para a América do Sul, Márcio Melo Mattos.
Essa empresa é uma das principais
do mundo no desenvolvimento de softwares. Portanto, deve ser uma das grandes
vítimas dessa ação nefasta de “rapinagem”. Ele anunciou a primeira providência
prática contra os “piratas”. Disse que a sua companhia vai entrar, no próximo
mês, com dezenas de ações na Justiça, pedindo a punição de empresas que
praticam a “pirataria”.
O que chamou mais a atenção no
pronunciamento de Mattos foi a sua afirmação de que a maioria das transgressões
à lei é cometida por grandes corporações. Isso nos induz a indagar como elas se
sentiriam se fossem os seus produtos os “surrupiados” por potenciais clientes,
que deixariam de ter tal condição por poderem obter o que desejavam de graça?
Certamente moveriam céus e terras
para punir os infratores. Agora já se sabe que o volume dos prejuízos causados
por essa prática é astronômico. Por exemplo, o mercado de software brasileiro
movimenta, em média, mais de US$ 200 milhões por ano.
No entanto, sabe-se que de cada
dez programas de computador utilizados no Brasil, sete são pirateados.
Estima-se, pois, que os “piratas” dêem um prejuízo anual por volta de US$ 900
milhões. Convenhamos, não se trata de nenhuma bagatela.
Mattos afirmou que 95% das
empresas informatizadas do País pirateiam. E que os principais “piratas” são as
grandes companhias e corporações, facilmente identificadas. Onde estão as
autoridades que não fazem valer as leis existentes? Afinal, não há estímulo
mais seguro para o crime do que a impunidade.
(Artigo meu, publicado sob
pseudônimo, na página 11, editoria de Informática do Correio popular, em 17 de
março de 1989).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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