Poluição, praga apocalíptica
Pedro J. Bondaczuk
A poluição ambiental, a ameaça das armas nucleares que
ninguém comenta, mas que é real; a violência crescente e as distorções
econômicas que aumentam os contingentes de miseráveis no Planeta são, certamente,
os maiores problemas que precisam ser equacionados pela humanidade neste século
XXI, posto que, infelizmente, não os únicos. São herança maldita que vem desde a épocas do
início da Revolução Industrial de meados do século XVIII.
Alguns destes males colocam em
risco a vida animal e vegetal e, portanto a humana, e representam magníficos
desafios para técnicos, cientistas e planejadores. Seria atitude até acaciana
afirmar que a água e o ar são elementos vitais para nós, tão óbvio isso parece
e de fato é. Contudo, são exatamente eles os que menos cuidados têm merecido
por parte da maioria das pessoas, que não se dão conta dos riscos enormes que
estão correndo com seu descuido e sua imprudência.
Rios, mares, lagos e até
reservatórios destinados a abastecer do precioso (e ademais escasso) líquido as
grandes cidades mundiais estão, hoje em dia, impregnados de substâncias
danosas, quando não venenosas para os que as ingerem. Em novembro de 1987, por
exemplo, dois vazamentos de produtos químicos, numa unidade fabril da Suíça e
em outra da Alemanha, virtualmente “mataram” o tradicional Rio Reno, cantado e
decantado, em verso e prosa, por sua utilidade a uma vasta parte da Europa.
Depois, no mesmo ano, o não menos conhecido
e não menos importante Volga, na Rússia, correu risco idêntico, ou seja, o de
se transformar em mero esgoto a céu aberto, como há décadas ocorre com o nosso
Tietê. Poderia citar casos mais recentes, mas não o farei. Acho dispensável. A
imprensa tratas disso a todo o momento.
Se fôssemos enumerar os cursos de
água “assassinados” pelo homem, iríamos longe, muito longe. Entre nós mesmos,
todos os dias, esse tipo de desleixo ocorre, a toda a hora, extinguindo vida e
pureza, que jamais serão repostos e que farão falta enorme à humanidade, não em
séculos, mas em décadas ou até muito menos do que isso, em escassos anos.
O irônico é que a poluição do ar,
por si só nociva, afeta diretamente as águas. São os casos das famosas “chuvas
ácidas”, conhecidas desde 1872, quando o britânico Robert Angus Smith as
pesquisou na região industrial de Manchester, mas que só agora têm vindo à
baila entre técnicos e preservacionistas.
Estudos de circulação
atmosférica, realizados nos Estados Unidos, constataram que para a ocorrência
desse fenômeno não é necessário que haja uma fonte poluidora de caráter
industrial nas proximidades. Indústrias situadas no Nordeste, por exemplo,
desde que lancem poluentes na atmosfera, podem provocar uma precipitação ácida
na Amazônia, comprometendo a qualidade do líquido da maior bacia hidrográfica
do Planeta.
A acidificação afetou, em 1987,
2.500 lagos na Suécia, 1.750 na Noruega e 20% dos existentes no Canadá,
causando grande mortandade de peixes. Hoje ela pode ser, sem exagero,
multiplicada por dez ou até mais. Para
que o leitor tenha uma idéia do que a poluição representa em termos de riscos,
basta dizer que, conforme relatório de técnicos da Organização das Nações
Unidas, cerca de oito milhões de toneladas de enxofre e trinta e cinco milhões
de toneladas de nitrogênio são lançadas anualmente pelo homem na atmosfera.
Absurdo dos absurdos! E ninguém faz nada para evitar.
Não é de se admirar, pois, que os
casos de doenças respiratórias tenham aumentado tão drasticamente. E nem que o
câncer de pele tenha evoluído de forma alarmante. O perigo, no entanto, não
está especificamente nesses dois elementos químicos. Outros metais, de
altíssima toxicidade, como o mercúrio, o chumbo, o cobre, o zinco e o cádmio,
podem atingir as águas subterrâneas, poluindo as fontes que geram os rios, lagos
e correntes usados para prover as cidades de água potável.
Por isso, é que alguns já
afirmam, não sem razão, que a praga prevista no livro do Apocalipse, da Bíblia,
para o final dos tempos, em que todos os mananciais líquidos da Terra se
transformariam em sangue, já está em andamento. E como todos os castigos
bíblicos, esse também é determinado pelo próprio homem, que é o que sofre
diretamente as conseqüências da sua insensatez e olímpica burrice. E ainda
chamam a nossa espécie de “Homo Sapiens”... Isso é sabedoria?!!!
No comments:
Post a Comment