Tuesday, April 08, 2014

Tese perigosa e insensata


Pedro J. Bondaczuk


Muito se fala, ultimamente, sobre mísseis estratégicos, como se eles fossem menos destrutivos do que qualquer outra arma nuclear. Não são! E já se levanta a perigosa tese da possibilidade de acontecer uma guerra atômica restrita a uma só e determina região. Besteira! Perigosa besteira!

Até cinco anos atrás, as armas nucleares eram consideradas, pelas superpotências, como meros instrumentos de dissuasão. Isto é, ambas as possuíam, mas não estavam dispostas a correr o risco de as usar efetivamente. Tinham-nas apenas para se “assustar” reciprocamente. Desgraçadamente, isso mudou!

Há algum tempo, determinados “iluminados” já admitem um conflito nuclear limitado. Estes, todavia, deveriam ouvir o que um experiente militar tem a dizer sobre o assunto. O referido expert, o almirante norte-americano Gene La Roque, participou de inúmeras batalhas durante a Segunda Guerra Mundial  Portanto, sabe o que diz.

Esse especialista em armamentos atômicos garante que, militarmente, um confronto nuclear limitado não faz o mínimo sentido. Explica que, no ardor da batalha, com ordens e contra-ordens se cruzando, confusamente, no front, é impossível traçar limites para a destruição.

O argumento decisivo desse homem experiente e sensato é que “afinal, nenhum exército faz uma guerra para empatar”. O objetivo, lógico, é sempre buscar a vitória e a qualquer custo. Quem estiver em desvantagem, fatalmente lançará um ataque total contra o adversário.

Portanto, se alguém ainda pensa em uma guerra nuclear, chamada, eufemisticamente, de “estratégica”, esqueça. A menos que queira, é claro, ser copartícipe do Apocalipse, fato que, se ocorrer, nem mesmo terá registro, já que não sobrará ninguém vivo para registrar.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 17 de abril de 1984)


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