Friday, April 11, 2014

Terror faz 100% de mais vítimas em seis meses


Pedro J. Bondaczuk


As vítimas de ataques terroristas, no corrente ano, quando mal atravessamos a metade dele, são superiores em mais de 100% às de 1984, que não foi, convém frisar, um dos períodos mais calmos. Segundo um estudo divulgado ontem pelo Centro Jaffee de Estudos Estratégicos de Tel Aviv, em Israel, essas ações tendem, diante da impunidade dos extremistas, a crescer. Até onde, é impossível de se fazer qualquer espécie de previsão.

No ano passado, 412 ataques terroristas foram perpetrados, conforme o relatório divulgado pelo diretor do Centro, Aharon Yariv, ex-chefe de inteligência militar israelense. Nessas ações, 349 pessoas morreram e somente em 56 ataques (cerca de 14% deles), os seus autores foram capturados ou abatidos pelas autoridades.

Caso se confirme ter sido uma bomba a causa da queda do Jumbo da Air Índia anteontem, nas costas da Irlanda (e tudo leva a crer que essa seja a hipótese mais provável), em apenas uma ocorrência, nós teremos um número de mortos quase igual aos 412 de 1984.

Se somarmos as oito grandes explosões de bombas nos bairros muçulmanos de Beirute, com as de pelo menos três carros-bombas (dois na capital libanesa e um no porto de Trípoli) e com mais uma ou outra ação dos bascos da ETA, ou então com o fuzilamento de 15 pessoas, na semana passada, em Sn Salvador, já teremos o dobro de cadáveres do ano anterior.

É óbvio que se torna indispensável, portanto, uma solução para conter essa onda assassina, de anarquia e de fanatismo, antes que ela vá longe demais. A grande questão, que nós já tivemos a oportunidade de levantar em várias ocasiões com o leitor, é como proceder para tanto.

O pior de tudo é que alguns governos legalmente constituídos têm sido, de uns seis anos para cá (pelo menos) fontes de inspiração para esses atos bárbaros, brutais e covardes, pois, além de suprimir vidas inocentes, são perpetrados quando as vítimas escolhidas ao acaso estão marcadas para morrer, não tendo, por essa razão, a mínima chance de defesa.

Os Estados Unidos têm levantado, freqüentemente, a questão nos fóruns internacionais. Entretanto, agem de uma forma ambígua, segundo a opinião dos especialistas no assunto (entre eles Aharon Yariv), condenando, por exemplo, a ação da guerrilha no Líbano e em El Salvador, mas defendendo essa prática em relação à Nicarágua.

Melhor seria, como estratégia anti-terror, que os norte-americanos invadissem, de vez, aquela República centro-americana, correndo todos os riscos inerentes a uma invasão, entre os quais a unânime condenação internacional, do que seguirem dando um mau exemplo, subvencionando guerrilheiros, cruéis e sanguinários, que matam, estupram e cometem toda a sorte de desatinos. Os mesmos crimes, aliás, que Washington tão veementemente condena na “Jihad Islâmica”, na “Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional” e em outras entidades extremistas.

Se um simples grupo libanês, valendo-se do seu quase anonimato e do perfeito conhecimento do terreno que pisa, a despeito de relativamente mal armado, consegue colocar contra a parede uma superpotência (como está ocorrendo no caso do seqüestro do Boeing 727 da TWA), imaginem o que não pode ocorrer se algum dia o terror vier a ter qualquer espécie de arma nuclear!!

O enorme incremento de atos terroristas não permite mais que a questão seja protelada. Está a exigir soluções rápidas, eficazes e, sobretudo, sinceras. Não apenas consistentes em condenações formais aos diversos grupos que atuam nos mais diversos países (entre eles, os anti-sandinistas), como se fez até aqui. Mas ações concretas, coerentes e que realmente funcionem.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 25 de junho de 1985).


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