Terror faz 100% de mais vítimas em seis meses
Pedro J.
Bondaczuk
As vítimas de ataques terroristas, no corrente ano, quando
mal atravessamos a metade dele, são superiores em mais de 100% às de 1984, que
não foi, convém frisar, um dos períodos mais calmos. Segundo um estudo
divulgado ontem pelo Centro Jaffee de Estudos Estratégicos de Tel Aviv, em
Israel, essas ações tendem, diante da impunidade dos extremistas, a crescer.
Até onde, é impossível de se fazer qualquer espécie de previsão.
No ano passado, 412 ataques
terroristas foram perpetrados, conforme o relatório divulgado pelo diretor do
Centro, Aharon Yariv, ex-chefe de inteligência militar israelense. Nessas
ações, 349 pessoas morreram e somente em 56 ataques (cerca de 14% deles), os
seus autores foram capturados ou abatidos pelas autoridades.
Caso se confirme ter sido uma
bomba a causa da queda do Jumbo da Air Índia anteontem, nas costas da Irlanda
(e tudo leva a crer que essa seja a hipótese mais provável), em apenas uma
ocorrência, nós teremos um número de mortos quase igual aos 412 de 1984.
Se somarmos as oito grandes
explosões de bombas nos bairros muçulmanos de Beirute, com as de pelo menos
três carros-bombas (dois na capital libanesa e um no porto de Trípoli) e com
mais uma ou outra ação dos bascos da ETA, ou então com o fuzilamento de 15
pessoas, na semana passada, em Sn Salvador, já teremos o dobro de cadáveres do
ano anterior.
É óbvio que se torna
indispensável, portanto, uma solução para conter essa onda assassina, de
anarquia e de fanatismo, antes que ela vá longe demais. A grande questão, que
nós já tivemos a oportunidade de levantar em várias ocasiões com o leitor, é
como proceder para tanto.
O pior de tudo é que alguns
governos legalmente constituídos têm sido, de uns seis anos para cá (pelo
menos) fontes de inspiração para esses atos bárbaros, brutais e covardes, pois,
além de suprimir vidas inocentes, são perpetrados quando as vítimas escolhidas
ao acaso estão marcadas para morrer, não tendo, por essa razão, a mínima chance
de defesa.
Os Estados Unidos têm levantado,
freqüentemente, a questão nos fóruns internacionais. Entretanto, agem de uma
forma ambígua, segundo a opinião dos especialistas no assunto (entre eles
Aharon Yariv), condenando, por exemplo, a ação da guerrilha no Líbano e em El
Salvador, mas defendendo essa prática em relação à Nicarágua.
Melhor seria, como estratégia
anti-terror, que os norte-americanos invadissem, de vez, aquela República
centro-americana, correndo todos os riscos inerentes a uma invasão, entre os
quais a unânime condenação internacional, do que seguirem dando um mau exemplo,
subvencionando guerrilheiros, cruéis e sanguinários, que matam, estupram e
cometem toda a sorte de desatinos. Os mesmos crimes, aliás, que Washington tão
veementemente condena na “Jihad Islâmica”, na “Frente Farabundo Marti de
Libertação Nacional” e em outras entidades extremistas.
Se um simples grupo libanês,
valendo-se do seu quase anonimato e do perfeito conhecimento do terreno que
pisa, a despeito de relativamente mal armado, consegue colocar contra a parede
uma superpotência (como está ocorrendo no caso do seqüestro do Boeing 727 da
TWA), imaginem o que não pode ocorrer se algum dia o terror vier a ter qualquer
espécie de arma nuclear!!
O enorme incremento de atos
terroristas não permite mais que a questão seja protelada. Está a exigir
soluções rápidas, eficazes e, sobretudo, sinceras. Não apenas consistentes em
condenações formais aos diversos grupos que atuam nos mais diversos países
(entre eles, os anti-sandinistas), como se fez até aqui. Mas ações concretas,
coerentes e que realmente funcionem.
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 25
de junho de 1985).
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