Drogas na Europa
Pedro J.
Bondaczuk
Parlamentares britânicos, que estiveram nos EUA, voltaram
alarmados com a expansão do consumo de drogas naquele país que, pela sua imensa
riqueza, é o alvo predileto dos grandes traficantes internacionais.
O grupo obteve a informação de
que 12 milhões de norte-americanos usam a cocaína regularmente. E que cinco mil
novos viciados por dia aderem a esse contingente de desesperados, condenados a
uma duradoura (talvez permanente) escravidão. É um dado estarrecedor!
Além da cocaína, contudo, outras
drogas têm grande aceitação e consumo nos EUA. Uma estimativa (otimista) dá
conta de que pelo menos 20 milhões de pessoas consomem, com regularidade, a
maconha. E destas, conforme revelação de Nancy Reagan, durante encontro que manteve no início deste mês com 18
primeiras-damas de várias partes do mundo, 10%, ou seja, dois milhões, são
crianças de 10 a 16 anos de idade.
Consome-se, ainda, em larga
escala, desde a morfina e o ópio, à mescalina e vários cactos e cogumelos de
origem mexicana. Torna-se impossível, portanto, de se avaliar a extensão do
problema em sua real dimensão no país mais rico e poderoso do mundo.
Mas o continente europeu (e daí o
alarme dos parlamentares ingleses) vê esse terrível mal estender, cada vez
mais, seus poderosos tentáculos à Europa, pervertendo a sua juventude. Há
quatro anos, e somente com a venda da heroína, a Máfia movimentou, apenas na
Itália, país sem muita tradição em drogas, a bagatela de US$ 4 bilhões, o que
daria para pagar as dívidas externas, somadas, da Bolívia e do Uruguai.
As apreensões desse tóxico, em
1984, cresceram em 40% em toda a Europa, o que é um indicador seguro de que a
sua presença no continente aumentou de forma descontrolada. No dia 1º de abril,
o Dr. Musons Ginesta, da Coordenadoria Nacional da Luta Antidroga, divulgou um
relatório sobre a situação na Espanha. E concluiu que 10,4% da população
espanhola consome, hoje, qualquer tipo de tóxico.
Num trabalho muito bem elaborado,
quantificou, por tipo de droga, os viciados: 1,8 milhão consomem os derivados
da maconha; 913 mil, anfetaminas; 760 mil, inalantes; 380 mil, cocaína; e 114
mil, heroína, num total pouco superior a 4 milhões de dependentes.
Os números são mais assustadores
quando se sabe que os viciados, em todos os continentes, aumentam numa
proporção espantosa, hoje tão grande que se torna impossível de se dimensionar.
Estatística nenhuma, por exemplo, conseguiu ainda estabelecer os consumidores
de drogas na Ásia, continente onde há milênios elas vêm causando estragos imensos.
Na África, recentemente, no dia
10 de abril, o governo nigeriano mandou executar três pessoas, presas por posse
ilegal de cocaína, para que servissem de exemplo, tal é, hoje, a dimensão desse
problema no país.
E na América Latina, o que
acontece? Nem é preciso afirmar que praticamente inexistem estatísticas nessa
área, hoje a maior produtora e distribuidora das principais drogas. Imensas
fortunas são obtidas com esse lucrativo comércio e fortunas têm sido gastas, em
ajuda, por parte dos EUA, para erradicar plantações de coca e de epadu, no
Peru, no Equador, na Colômbia e na Venezuela e, proximamente, o Brasil também
passará a receber essa espécie de auxílio.
Portanto, quando os parlamentares
britânicos chegam a pedir o engajamento das Forças Armadas do seu país numa
guerra total aos traficantes, não estão exagerando. As drogas são, hoje, a
maior ameaça que, não somente os ingleses, mas toda a humanidade enfrenta, em
tempos de paz.
É um problema para o qual ninguém
pode fechar os olhos, sob o risco de amanhã ter um viciado em sua própria casa,
a sofrer uma morte lenta e dolorosa, debaixo dos seus olhos, por causa da
omissão dos que poderiam evitar a ocorrência desse mal, mas que não evitam.
(Artigo publicado na página 10, Internacional, do Correio Popular, em 24
de maio de 1985).
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