Wednesday, April 30, 2014

Domingo de festa


Pedro J. Bondaczuk


As artimanhas da tabela da Copa do Mundo fizeram com que a seleção brasileira tivesse, na fase final, um adversário que era previsível: a mesma Suécia com a qual havia empatado, em 1 a 1, em 28 de junho passado, no Pontiac Silverdome de Detroit.

Na oportunidade, ocorreu a exibição mais criticada da equipe que, na opinião da torcida e dos cronistas, teria jogado sem inspiração e nem brilho, quase perdendo a invencibilidade, embora já classificada. Dois jogos depois, de ambos os selecionados, fica a dúvida.

Teria o Brasil, de fato, jogado mal naquela oportunidade, ou a Suécia é que possui um sistema tático que impede qualquer adversário de jogar? Acreditamos que ocorreu um pouco de cada coisa no jogo passado.

Encarar esta partida das semifinais com excesso de otimismo, achando que agora será mais fácil ganhar dos suecos, do que havia sido na fase de classificação, seria, no mínimo, uma burrice, que acreditamos nem os jogadores e nem a comissão técnica vão cometer.

Mas a torcida pode manter otimismo. O sistema defensivo dos nossos adversários, que tanta irritação causou aos brasileiros, está longe de ser invulnerável. Em todos os seus jogos foi vazado, a despeito da ótima marcação que exerceu.

A Suécia já sofreu sete gols nesta Copa, contando os dois do tempo normal e da prorrogação da partida de domingo, contra a Romênia. Portanto, caso a seleção brasileira jogue com a mesma garra e determinação que mostrou contra a Holanda, especialmente no segundo tempo, terá pouco a perder. Claro que a vitória nunca é uma garantia absoluta. Há, em cada jogo, o fator imponderável, que muitos denominam de sorte e azar. É essa imprevisibilidade, aliás, que dá graça ao futebol ou a qualquer outra competição.

O mesmo palpite que tivemos desde antes do embarque do nosso selecionado para os Estados Unidos, de que desta vez ninguém tiraria o tetra do Brasil, nos permite achar que nosso adversário, na final de domingo, será o time italiano. E para decidir o título.

Como numa finalíssima todo e qualquer resquício de lógica que possa ainda eventualmente existir no futebol --- se é que existe --- vai para o espaço, resta apenas confiar na intuição, fazer a corrente positiva e esperar o apito do árbitro encerrando o jogo.

Algo me diz que este 17 de julho vai marcar uma das maiores festas populares que o País já teve, superior, inclusive, à de 1970, já que agora somos 160 "milhões em ação". É só esperar para conferir.

(Artigo publicado na página 2, do Caderno da Copa, do Correio Popular, em 12 de julho de 1994).


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